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13 de dezembro – Dia do Marinheiro

COMANDANTE DA MARINHA

BRASÍLIA, DF.
Em 13 de dezembro de 2011.

 

ORDEM DO DIA Nº 3/2011

 

Assunto:  Dia do Marinheiro

A data de 13 de dezembro foi instituída, em 1925, como o Dia do Marinheiro, homenageando o nascimento do Almirante Joaquim Marques Lisboa, Marquês de Tamandaré e distinguindo-o como nosso Patrono. Assim, reverenciamos, hoje, esse insigne brasileiro, que se dedicou a servir à Pátria com destemor, lealdade e ética, tornando-se um modelo para os homens e mulheres que compõem a Força.

Nascido em 1807, na cidade de Rio Grande, estado do Rio Grande do Sul, começou a sua longeva carreira aos 15 anos, como voluntário da Armada, indo servir na Fragata "Niterói" e tomando parte na campanha pela consolidação da Independência. Em seguida, foi matriculado na Academia Imperial; porém, antes de concluir o curso, seguiu para combater na revolta conhecida como “Confederação do Equador”. Seu desempenho foi tão destacado que o Imperador promoveu-o ao posto de Segundo-Tenente, o que lhe facultou alcançar o oficialato. Posteriormente, participou da Guerra Cisplatina, onde se distinguiu, recebendo seu primeiro comando de navio aos 18 anos de idade.

Atuou praticamente em todas as lutas daquela época: “Setembrada” (1831) e “Abrilada” (1832), ambas em Pernambuco; “Cabanagem”, no Pará (1835); “Guerra dos Farrapos”, no Rio Grande do Sul (1835 a 1845); “Sabinada”, na Bahia (1837); “Balaiada”, no Maranhão (1838 a 1841) e, já como Almirante, na fase inicial da Guerra da Tríplice Aliança.

Faleceu, no Rio de Janeiro, em 20 de março de 1897, deixando, em seu testamento, um último pedido, o qual resume bem o seu caráter e a sua postura de vida:

“Como homenagem à Marinha, minha dileta carreira, em que tive a fortuna de servir à minha Pátria e prestar alguns serviços à humanidade, peço que sobre a pedra que cobrir minha sepultura se escreva: Aqui jaz o velho marinheiro!”

O contexto do momento é distinto. Os desafios são outros, mas o dignificante exemplo de Tamandaré permanece atual e continua a nos inspirar e incentivar para que encontremos soluções eficazes.

No mar, a Zona Econômica Exclusiva tem uma área aproximada de 3,6 milhões de km², os quais, somados aos cerca de 900 mil km² de plataforma continental além das 200 milhas náuticas, reivindicados junto à ONU, perfazem um total em torno de 4,5 milhões de km², delimitando o que costumamos chamar de “Amazônia Azul”.

Nesse imenso espaço oceânico, há interesses importantes e distintos. Inicialmente, devemos lembrar que cerca de 95% do comércio exterior nacional passa por essa massa líquida. É do subsolo marinho que se extrai a quase totalidade do petróleo e gás, elementos de fundamental importância para o desenvolvimento do País. Convém não esquecer, também, a relevância da atividade pesqueira e a existência de muitos minerais, ainda não plenamente identificados, no solo da região.

Além disso, cabe ressaltar que possuímos uma malha hidroviária de 40.000 km de rios navegáveis, com significativo potencial econômico, político e estratégico.

Dentro do enfoque de proteger tais riquezas, é necessário dispor de um Poder Naval, que esteja apto a defender a soberania do Brasil em suas águas e que, simultaneamente, incentive a indústria de defesa e seja capaz de colaborar e interagir com nações amigas.

Nesse sentido, ressalto algumas realizações alcançadas em 2011:

– As obras do Estaleiro, da Base e da Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas, em Itaguaí, seguem no ritmo adequado, tendo sido iniciada a construção do primeiro dos quatro submarinos convencionais que serão fabricados no Brasil, cumprindo uma importante etapa do PROSUB, o qual nos conduzirá à meta maior, o submarino com propulsão nuclear. A concretização de um projeto dessa magnitude significará a prova inconteste da nossa capacidade tecnológica e nos incluirá no rol dos cinco países com tal aptidão;

– O andamento dado ao Programa dos Navios-Patrulha da Classe “Macaé”, de 500 toneladas;

– A entrada em operação da primeira aeronave EC 725 “Super Cougar”, de um total de 16 a serem recebidas;

– A contratação do delineamento da arquitetura do Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAZ), que permitirá o monitoramento, a vigilância e o controle das nossas águas jurisdicionais e área de responsabilidade SAR; e

– As tratativas que permitirão submeter, à aprovação do Governo, o Programa de Obtenção de Meios de Superfície (PROSUPER), visando a obtenção, por construção no País, de cinco Escoltas, cinco Navios-Patrulha Oceânicos de 1800 toneladas e um Navio de Apoio Logístico.

No entanto, apesar das importantes conquistas citadas, ainda restará muito que fazer. Devemos continuar avançando firmemente, com o propósito de poder contar, no menor tempo possível, com uma Força corretamente dimensionada, equipada e guarnecida por profissionais competentes e cada vez mais valorizados.

Aos agraciados com a Medalha Mérito Tamandaré, transmito os meus sinceros cumprimentos. Nas cerimônias de imposição da comenda, que estão sendo realizadas em todos os Distritos Navais e no exterior, o muito que fizeram está sendo reconhecido publicamente. Faço votos que continuem a contribuir para o fortalecimento de uma mentalidade marítima, conscientizando a sociedade sobre a importância desse mar que nos pertence e divulgando o virtuoso legado de nosso Patrono. Estou certo de que essa frutífera parceria com os Senhores e as Senhoras gerará dividendos importantes para um Brasil cada vez mais atuante e respeitado.

Marinheiros, Fuzileiros Navais e Servidores Civis!

Concito-os a continuarem participando ativamente, no sentido de lograrmos alcançar tudo aquilo que almejamos para a Marinha. A contribuição diuturna de todos é fundamental para seguirmos dando passos concretos à frente, no caminho que nos levará a um porvir digno e promissor.

Parabéns e felicidades!

 

JULIO SOARES DE MOURA NETO
Almirante de Esquadra
Comandante da Marinha

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