O embaixador chinês na ONU, Zhang Jun, pediu ao Reino Unido na terça-feira (12) que pare de "interferir nos assuntos internos da China" após uma intervenção de Londres sobre os uigures durante uma reunião do Conselho de Segurança sobre a luta contra o terrorismo.
A acalorada discussão entre a China e o Reino Unido veio depois que Londres, denunciando a "barbárie" de Pequim contra os uigures, anunciou medidas destinadas a impedir que bens vinculados ao trabalho forçado dessa minoria muçulmana em Xinjiang cheguem aos consumidores britânicos.
"O representante do Reino Unido deixou o assunto do debate hoje e lançou ataques infundados contra a China que rejeitamos veementemente", Zhang Jun respondeu de seu lado.
“Como vítima do terrorismo, a China deu passos decisivos para combater com firmeza o terrorismo e o extremismo” e “nossas ações são razoáveis, baseadas em nossas leis e de acordo com a prática estabelecida nos países do mundo”, acrescentou.
“Nossas ações contêm salvaguardas claras dos legítimos direitos das diferentes etnias em nosso país, que produziram resultados visíveis e foram muito bem recebidas por nossa população”, disse o embaixador chinês.
Durante a videoconferência organizada pela Tunísia, o atual Presidente do Conselho de Segurança, James Cleverly, responsável pelo Oriente Médio e Norte da África, reconheceu que a luta contra o terrorismo justifica "tomar medidas extraordinárias".
“Mas muitas vezes a luta contra o terrorismo é usada para justificar violações graves dos direitos humanos e da opressão”, acrescentou ele, citando os uigures.
“Embora não seja o único caso no mundo, um exemplo típico é a situação em Xinjiang, onde uigures e outras comunidades étnicas minoritárias enfrentam medidas severas e desproporcionais, com até 1,8 milhão de pessoas detidas sem julgamento”, afirmou o ministro britânico.
"Essas medidas bem documentadas são inconsistentes com as obrigações da China sob as leis internacionais de direitos humanos, incluindo a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial", enfatizou Cleverly.
De acordo com especialistas estrangeiros, mais de um milhão de uigures estão detidos em campos de reeducação política. Pequim nega e afirma que se tratam de centros de formação profissional destinados a mantê-los longe do terrorismo e do separatismo após ataques atribuídos aos uigures.