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S41 Humaita – Discurso do Comandante da Marinha

MARINHA DO BRASIL

GABINETE DO COMANDANTE DA MARINHA

Cerimônia alusiva ao Dia do Marinheiro

PROSUB-2020 (CNI – 11DEZ2020)

 

PALAVRAS DO COMANDANTE DA MARINHA

Em 11 de dezembro de 2020.

ORDEM DO DIA No 7/2020

Inicio minhas palavras, saudando aqueles que, nesse momento, estão nos acompanhando virtualmente pelos canais da Marinha na internet, assim como, nas cerimônias que estão ocorrendo, simultaneamente, em todos os Distritos Navais: Rio Grande, São Paulo, Rio de Janeiro, Ladário, Brasília, Salvador, Natal, Belém e Manaus. Sejam bem-vindos a bordo. 

“Sou marinheiro e outra coisa não quero ser”.  Essas são palavras do nosso Patrono, o Almirante Joaquim Marques Lisboa, Marquês de Tamandaré, as quais traduzem a essência da Marinha do Brasil.

O exemplo da honra, por exclusivamente servir à Pátria, e de abnegação do insigne Chefe Naval são características indeléveis de brasileiros e brasileiras que, para proteger as nossas riquezas e cuidar da nossa gente, trabalham em um ambiente, ao mesmo tempo desafiador e essencial para a nossa sobrevivência e prosperidade: o mar e as águas interiores.

A relação do Brasil com os espaços marítimos e fluviais é histórica. O País foi descoberto pelo mar. Disputas pelo território, no período colonial, forjaram as bases da nossa hegemonia naval na costa marítima. A expansão para oeste ocorreu pelas águas fluviais.  Na Independência, os movimentos contrários à emancipação foram debelados com vitórias em nossas águas, garantindo, dessa forma, nossa integridade territorial.

Nesse contexto, foi revelada a bravura de Tamandaré. Nascido em 13 de dezembro de 1807, na cidade de Rio Grande, aos 15 anos, ingressou como Voluntário da Armada, para lutar na Guerra de Independência. Como Oficial, atuou na Guerra Cisplatina e na pacificação de conflitos internos. Como Comandante em Chefe das Forças Navais na Guerra da Tríplice Aliança, de 1864 até 1866, conduziu a Esquadra a vitórias decisivas.

Excepcional marinheiro, elevado a Conselheiro de Guerra e ao título de Marquês de Tamandaré, deixou, após 66 anos de serviço ao País, um legado de valores morais e, sobretudo, de comprometimento com o Brasil. Com essa visão, rendemos uma justa homenagem, na data do nascimento do Almirante Joaquim Marques Lisboa, à história de um dos Heróis da Pátria.

Duzentos e treze anos após o nascimento de Tamandaré e cento e noventa e oito anos de nossa Independência, os países avançam suas conquistas novamente para o mar, em um fenômeno conhecido como a “Territorialização dos Oceanos”.

O Brasil possui um grande patrimônio, a nossa “Amazônia Azul”, constituída por uma área marítima de 5,7 milhões de km2, demarcada pelos bandeirantes das longitudes salgadas, e por cerca de 60 mil km de hidrovias; por onde passa quase a totalidade do nosso comércio exterior, rica em recursos naturais e biodiversidade, estando assentadas mais de 90% das nossas reservas de petróleo e gás natural, fontes alternativas de energia e potencial pesqueiro. Um tesouro que pertence aos brasileiros; por isso, deve ser estudado, preservado e protegido.

Em 2020, cumprindo o contido na Política Nacional de Defesa e Estratégia Nacional de Defesa, a Marinha do Brasil aprimorou o seu plano estratégico, o PEM 2040. Um documento de alto nível, estruturado a partir da análise do ambiente operacional e da identificação de ameaças, que estabelece os programas estratégicos com o propósito de prover o Brasil com uma Força Naval moderna e de dimensão compatível com a estatura político-estratégica do País, capaz de contribuir para a defesa da Pátria e salvaguarda dos interesses nacionais, no mar e águas interiores, em sintonia com os anseios da sociedade. 

No PEM-2040, está o Programa de Desenvolvimento de Submarinos, o PROSUB, programa de Estado que consiste em uma parceria firmada entre o Brasil e a França, no ano de 2008.   Seu objetivo precípuo é o projeto e a obtenção, por construção, no Brasil, de um Submarino Convencional com Propulsão Nuclear, bem como a construção de quatro submarinos diesel-elétricos, a instalação de um Complexo Naval, compreendido por um Estaleiro de Construção, por um Estaleiro de Manutenção e pela Base de Submarinos da Ilha da Madeira, esta última ativada em julho de 2020.

É oportuno mencionar a presença de representantes de parceiros importantes nessa vitoriosa singradura: General Jean-Marc Thierry Carlier, Diretor do Desenvolvimento Internacional da Direção Geral de Armamento da França; Almirante Gilles Boidevezi, representando o Almirante Pierre Vandier, Comandante da Marinha Nacional da França; e Sr. Pierre-Éric Pommellet, Diretor-Presidente da Naval Group.  Nossa parceria estratégica vem apresentando excelentes resultados e estou certo que muito mais está por vir.

Também destaco a presença, pela primeira vez na Base de Submarinos da Ilha da Madeira, do USS “Vermont”, Submarino de Ataque com Propulsão Nuclear da Marinha dos Estados Unidos da América, que realizou nos últimos dias exercício operativo no mar com o nosso Submarino “Tupi”.  Compartilhar o cais com os nossos meios e prestigiar esta cerimônia demonstra a parceria histórica que desde sempre une nossas Marinhas. Assim, agradeço o apoio e a presença do Embaixador Todd Chapman; do Almirante Daryl Caudle, Comandante da Força de Submarinos do Atlântico dos Estados Unidos da América; do Capitão de Fragata Charles Philips, Comandante do USS “Vermont” e sua tripulação.

No ano de 2020, estamos em mar grosso, devido ao Coronavírus. No entanto, como sempre, as tarefas da Marinha continuaram a ser cumpridas. Ajustamos nossas velas e seguimos a todo pano. Os marinheiros, fuzileiros navais e servidores civis permanecem  serenos, firmes e perseverantes e, sobretudo, engajados em pleno apoio a nossa sociedade: produzindo equipamentos e insumos, descontaminando locais de grande circulação de pessoas em todo o território nacional e, ombreados aos  demais irmãos de armas e agências federais, estaduais e municipais, participando da Operação Conjunta COVID-19, comandada pelo Ministério da Defesa.

Na data em que celebramos o Dia do Marinheiro e importantes etapas vencidas no Programa de Submarinos, estamos com a presença virtual de autoridades, marinheiros, fuzileiros navais, servidores civis e dos nossos veteranos. Para enaltecer ainda mais este momento e representar todos aqueles que estão distantes, convido para assumir a manobra dessa cerimônia, o Almirante Karam, submarinista mais antigo e ex-Ministro da Marinha. Geral de Comando, Manobra com o Almirante Karam.

Mesmo com a tormenta provocada pela pandemia, passos firmes da nossa Marinha foram dados e importantes resultados alcançados no PROSUB. Assim, especiais agradecimentos à Sra. Adelaide Chaves Azevedo e Silva, esposa do Ministro da Defesa, por aceitar a distinção de ser a Madrinha do Submarino Humaitá. A cerimônia de batismo consiste em uma das mais belas tradições navais, ao indicar para os guerreiros do mar, a benção divina para a defesa dos interesses nacionais. Após o batismo, o Humaitá iniciará o comissionamento de sistemas e provas de porto e de mar. Ainda teremos a união das seções do casco resistente do “Tonelero”, importante etapa no processo de construção.

 

O Submarino “Riachuelo” prossegue com a realização das provas de aceitação no mar e preparação para avaliação operacional.

 

Transmitir em palavras as conquistas desse programa é uma tarefa difícil. Para facilitar a navegação, os convido para embarcar no Submarino Riachuelo e verificar, no mar, como ocorrem os preparativos para a sua chegada na Esquadra, prevista para o próximo ano, com plena capacidade de combate. 

Os resultados do PROSUB coroam um ano de importantes metas alcançadas. Em janeiro de 2020, inauguramos as instalações da Nova Estação Antártica Comandante Ferraz, ampliando a presença da ciência e do Brasil, no continente antártico.

Também neste ano, o contrato de construção das Fragatas Classe Tamandaré foi assinado. Meta do Programa Estratégico “Construção do Núcleo do Poder Naval”, consiste em um marco importante que resultará na construção, inicialmente, de quatro navios, em território nacional, com elevada densidade tecnológica.

A Força Naval manteve a preocupação com a preservação do meio ambiente. Nas águas interiores, estamos presentes nas Operações na Amazônia e no Pantanal e, em coordenação com o Exército Brasileiro,  Força Aérea Brasileira e com outros órgãos estamos contribuindo para a preservação dos nossos biomas e para o combate aos crimes ambientais.  No mar, conduzimos a Operação “Amazônia Azul: Mar limpo é vida”, com o propósito de mitigar o efeito do crime ambiental ocorrido, em 2019, quando uma grande quantidade de óleo manchou nossas águas e praias. Por dever de justiça, também agradecemos a participação dos invictos de Caxias e Eduardo Gomes, da Academia Brasileira de Ciências, do Ibama, do ICMBio, dos voluntários e tantos outros órgãos que uniram esforços com a Marinha. Cumprindo um compromisso assumido com a sociedade, encaminhamos às autoridades competentes, para que os responsáveis possam ser devidamente penalizados, os dados resultantes de um trabalho científico e pericial, realizado juntamente com diversos institutos nacionais e internacionais. Foi, ainda, ampliada na pauta nacional e internacional, a importância do Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul, o SisGAAz, um programa estratégico, de caráter dual, que tem por objetivo monitorar e proteger as águas jurisdicionais brasileiras.

 

Marinheiros, Fuzileiros Navais e Servidores Civis, o trabalho patriótico, honesto, silencioso e árduo, deve seguir sendo a rotina dos Homens e Mulheres do Mar. O exemplo de Tamandaré, pautado na Rosa das Virtudes, deve ser fonte permanente de inspiração, de modo a continuarmos honrando o seu legado de dedicação no cumprimento do dever. A vida é feita de escolhas. Escolhemos defender uma nação; patrulhar mares, rios e lagos; incentivar a pesquisa científica e o fomento tecnológico; preservar o meio ambiente; contribuir para o desenvolvimento nacional; levar atendimento aos rincões mais distantes; salvar vidas; atuar no mar, em terra, no ar e sob as águas. Nós escolhemos – ser Marinheiros!

Por fim, transmito o agradecimento aos homenageados com a Medalha Mérito Tamandaré, cujas cerimônias de imposição estão ocorrendo nos diversos Distritos Navais e no exterior. Certo que continuarão conosco, a bordo do “Nosso Barco”, seguindo como disseminadores das tradições da Marinha do Brasil para o fortalecimento da mentalidade marítima junto à sociedade, enfatizando a importância da “Amazônia Azul” para a Soberania e Prosperidade do nosso País.

A Todo Pano!

Tudo pela Pátria!

ILQUES BARBOSA JUNIOR

Almirante-de-Esquadra

Comandante da Marinha

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