Taíssa Stivanin
O ministro francês da defesa, Gérard Longuet, disse nesta quarta-feira que o país vai interromper a produção do caça Rafale para exportação se ele não for vendido no exterior. Ele assegurou que, mesmo se isso acontecer, o avião não será tirado de circulação. O caça concorre à licitação para renovação da frota da FAB (Força Aerea Brasileira), uma decisão que foi adiada pela presidente Dilma Rousseff diante da crise econômica.
De acordo com o ministro francês, a fabricação será interrompida depois que o país receber 180 caças que já foram encomendados, e que devem ser entregues, paulatinamente, até 2020. Em seguida, disse, a produção será encerrada, caso a empresa Dassault não consiga vender o avião no exterior, mas a produção destinada à Aeronáutica francesa deve continuar pelo menos até 2030. Para Gérard Longuet, a dificuldade de comercializar o aparelho é o preço. Segundo ele, o caça americano, F18 Super Hornet, é mais competitivo e sua produção escalonada em séries mais longas. "Enquanto nós fabricamos 200 ou 300 Rafales em dez anos, os americanos fabricam 3000 caças", justificou. "Por outro lado, para as missões militares de alto nível, o Rafale está numa posição melhor", defendeu.
A França fracassou em todas as suas tentativas de vender o caça para outros países. Recentemente, a Suíça acabou optando pelo Gripen, do construtor sueco Saab. Os Emirados Árabes Unidos, que negociam o caça com o governo francês desde 2008, também criticaram o caça em novembro. De acordo com o príncipe da coroa de Abu Dhabi, o Sheikh Mohamed Bin Zayed, as condições oferecidas eram ‘impraticáveis.’ De acordo com informações divulgadas pela imprensa francesa, os Emirados também pressionavam a Dassault para melhorar os motores e radares das aeronaves.
As negociações com os Emirados, segundo Longuet, continuam. De acordo com ele, o Rafale também é finalista na Índia, e está disputando um contrato com o Eurofighter, do consórcio europeu EADS. No Brasil, o Rafale concorre na licitação para a renovação da frota da FAB (Força Aerea Brasileira). Também estão na disputa o F-18 Super Hornet, da Boeing, e o Gripen, escolhido pelos suíços, da sueca Saab.
O ex-presidente Lula havia prometido ao presidente Nicolas Sarkozy dar preferência ao caça francês, mas, tecnicamente, se sabe que a aeronave não é a melhor opção. A vantagem do Rafale é que o governo francês estaria disposto a aceitar a transferência de tecnologia, uma exigência do Brasil para fechar o contrato, como explicou à RFI o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, que esteve na França para visitar a fábrica da Dassault. No início do ano, entretanto, o Brasil anunciou um corte de R$ 50 bilhões no orçamento, e a questão, como já declarou a presidente Dilma Rousseff deixou de ser uma prioridade em um contexto de crise.