Com Viena praticamente sitiada, a Áustria faz uma verdadeira caçada a potenciais terroristas nesta terça-feira (03/11), um dia depois de um atentado ter deixado pelo menos quatro mortos e vários feridos em estado grave na capital.
Até agora, sabe-se que esteve envolvido no ataque um jovem de 20 anos, cidadão austríaco e da República da Macedônia do Norte, que já fora condenado por ligação com uma organização terrorista. Ele foi morto pela polícia ainda na terça, em troca de tiros.
Só na manhã desta terça, mais de 15 casas foram alvo de batidas policiais e, segundo as primeiras informações, várias pessoas potencialmente ligadas ao terrorista foram detidas.
"Nós nunca vamos permitir que esse ódio ganhe terreno", afirmou o chanceler federal (premiê), Sebastian Kurz, em discurso em rede nacional nesta terça. "Este não é um conflito entre cristãos e muçulmanos, nem entre austríacos e imigrantes. Nosso inimigo, o terrorismo islâmico, não quer apenas causar morte e dor, mas também dividir nossa sociedade." A Áustria, completou o chefe de governo, vai defender sua democracia, direitos básicos e estilo de vida liberal.
O ataque aconteceu na noite de segunda-feira, dia de bares e restaurantes cheios, com as pessoas aproveitando a última noite antes de o país entrar num lockdown parcial devido à segunda onda da pandemia de coronavírus.
Pelo menos um atirador abriu fogo contra passantes, e atingiu dezenas de pessoas em seis locais diferentes. Quatro mortes foram até agora confirmadas – dois homens e duas mulheres. Entre os feridos, sete estão em estado grave num hospital de Viena.
"Fomos vítimas de um ataque terrorista desprezível", afirmou Kurz, ainda na noite do atentado.
O chanceler disse serem desconhecidos os motivos exatos dos ataques, mas uma motivação "antissemita" não pode ser descartada – "pelo lugar onde o ataque começou", perto de uma sinagoga.
Supostas imagens do ataque, não certificadas pelas autoridades, foram publicadas nas mídias sociais. Elas mostram um atirador andando pelas ruas, aparentemente disparando a esmo, e ferindo várias pessoas. Não está claro se o atirador era o mesmo indivíduo em cada vídeo.
Depois do ataque inicial na rua onde fica uma sinagoga, o terrorista – ou os terroristas – deslocou-se pelo centro da cidade e disparou contra passantes nos calçadões. As pessoas se refugiaram dentro de bares, lojas e restaurantes.
As autoridades ainda tentam determinar se há terroristas em fuga. Os moradores de Viena foram instados a permanecer em casa, e as crianças foram liberadas das aulas. Cerca de mil policiais patrulhavam as ruas praticamente desertas de Viena na manhã desta terça-feira.
Em 1981, duas pessoas foram mortas e 18 feridas durante um ataque cometido por dois palestinos na mesma sinagoga nos arredores da qual o ataque de segunda-feira aconteceu.
Nos últimos anos, a Áustria vinha sendo poupada do tipo de ataques em grande escala vistos em Paris, Berlim e Londres.
Ministro classifica ataque em Viena como "terrorista islâmico"; sobe para 5 número de mortos¹
Centenas de policiais se espalharam por Viena nesta terça-feira em busca dos responsáveis por ataques que deixaram cinco pessoas mortas no centro da cidade, o que um ministro do governo classificou como um ato “terrorista islâmico”.
Em uma coletiva de imprensa transmitida pela televisão no início da manhã, o ministro do Interior austríaco, Karl Nehammer, repetiu os apelos para a população não sair às ruas.
Nehammer disse que a polícia matou a tiros um homem que usava um cinto falso de explosivos, que as autoridades identificaram como simpatizante do Estado Islâmico.
A polícia confirmou nesta terça-feira que três civis –dois homens e uma mulher– foram mortos nos ataques, que deixaram ao menos 15 outros feridos, incluindo um policial. A emissora ORF afirmou que um quarto civil, uma mulher, havia morrido.
Sete dos feridos corriam risco de morte, informou a agência de notícias APA.
Um porta-voz da polícia disse que reforços foram chamados de Estados vizinhos e que pelo menos 1.000 policiais estavam envolvidos na busca.
“Nós sofremos um ataque ontem à noite de pelo menos um terrorista islâmico, uma situação que não temos que viver na Áustria há décadas”, disse Nehammer.
“A Áustria, há mais de 75 anos, é uma democracia forte, uma democracia madura, um país cuja identidade é marcada por valores e direitos básicos, com liberdade de expressão, Estado de direito, mas também tolerância na convivência humana”, afirmou ele. “O ataque de ontem é um ataque a esses valores.”
O suspeito morto pela polícia e outros possíveis atiradores atacaram seis locais no centro de Viena na noite de segunda-feira, começando do lado de fora da principal sinagoga da região. Testemunhas informaram que foram disparados tiros contra multidões em bares com rifles automáticos, à medida que muitas pessoas aproveitaram a última noite antes de um toque de recolher em todo o país devido à Covid-19.
¹com Agência Reuters