O Azerbaijão acusou a Armênia nesta quarta-feira de tentar atacar seus oleodutos e gasodutos, alertando para uma reação “severa”, e as tensões se agravaram em meio a um cessar-fogo frágil no enclave montanhoso de Nagorno-Karabakh.
A Armênia reagiu dizendo que forças azeris querem assumir o controle do território minúsculo no sul do Cáucaso, que é governado por armênios étnicos, e acusou o Azerbaijão e sua aliada Turquia de “agressão”, apesar do acordo de cessar-fogo de sábado.
A retórica inflamada levou a Rússia a apelar novamente para que os dois lados cumpram a trégua humanitária em Nagorno-Karabakh, que é reconhecido internacionalmente como parte do Azerbaijão.
Mas Moscou e Ancara também trocaram recriminações devido ao conflito, que já matou mais de 500 pessoas desde 27 de setembro.
São cada vez maiores os temores de que as duas potências regionais sejam arrastadas para o conflito sendo travado perto dos dutos azeris, que transportam petróleo e gás a mercados internacionais.
“A Armênia está tentando atacar e assumir o controle dos nossos dutos”, disse o presidente azeri, Ilham Aliyev, em uma entrevista à emissora turca Haberturk.
“Se a Armênia tentar assumir o controle daqueles dutos, posso dizer que o desfecho será severo para eles.”
O Ministério da Defesa do Azerbaijão disse, por sua vez, que destruirá todas as instalações militares da Armênia que visem localidades civis azeris.
Já o Ministério da Defesa armênio negou disparos contra alvos civis, mas disse que se reserva o direito de mirar qualquer instalação militar e combater movimentos no Azerbaijão.
Nesta quarta-feira, o ministério disse que o lado azeri abriu fogo contra o território da Armênia e destruiu equipamentos militares.
Em um pronunciamento televisionado depois da fala de Aliyev, o primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, disse que a situação na área do conflito está “muito difícil” e que o Azerbaijão e Turquia não querem “parar sua agressão”.
O Azerbaijão está tentando ocupar Nagorno-Karabakh, disse ele, usando uma linguagem semelhante à de líderes azeris que dizem que forças armênias estão ocupando o território.
O confronto derivado de um dos “conflitos congelados” da antiga União Soviética é o pior desde uma guerra entre 1991 e 1994, na qual cerca de 30 mil pessoas morreram quando o enclave se separou do Azerbaijão.