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Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais (BtlOpEspFuzNav), Batalhão Tonelero

Felipe Gonzales
Correspondente DefesaNet

Uma Marinha de concepções modernas, e olhar visionário do cenário geopolítico que a cerca, além das variadas capacidades para a dissuasão, defesa e projeção de força através de meios Navais, Aeronavais e de Fuzileiros Navais necessita possuir em seu ´baralho´ meios que possam cumprir os objetivos de caráter político tático-estratégico para a execução de ações não convencionais que atendam os interesses da força e do governo do seu respectivo país, em operações confidenciais em ambiente interno e/ou estrangeiro.

Sem os tais recursos à disposição, as aplicações para os esforços de guerra serão árduos e dificilmente bem sucedidos, e ocorrendo a grande probabilidade de inúmeros objetivos no Teatro de Operações não serem cumpridos, além de colocar em xeque de maneira direta e indireta a permanência e subsequente vitória no conflito, ou a intervenção de alto valor a ser realizada.

Com essa preocupação, visão e mentalidade que nos anos 60 um grupo de Oficiais e Praças do Corpo de Fuzileiros Navais do Brasil observando a conjuntura nacional e internacional sob a ameaça direta de atores estatais e não estatais de origem marxista-leninista, viram a necessidade da criação imediata de um vetor impetuoso, movido por altíssimo grau de profissionalismo e violência, e que pudesse fazer frente a essa ameaça que aplicava a instabilidade regional por meio de ações terroristas ao longo de toda a América Latina.

Foi então, poucos anos mais tarde com base em intensas pesquisas e estudos que em 09 de setembro de 1971 foi criado no município do Rio de Janeiro, aos pés do morro do Marapicu, no bairro de Campo Grande, o Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais (BtlOpEspFuzNav), conhecido popularmente como Batalhão Tonelero, sendo consagrado naquele tempo por ser a única Organização Militar estruturada e organizada a nível de Batalhão para aplicabilidades de Operações Especiais no Brasil.

Junto a criação da OM foi gerado o Curso de Contra-Guerrilha (ConGue), e que teve naqueles tempos o importante impacto para as ações de inteligência e neutralizações de contra-insurgência marxista nas mais distantes rincões do Brasil, como por exemplo nas regiões de; São Geraldo do Araguaia, São Domingos do Araguaia,  Marabá e Xambioá – operações essas à época classificadas como sigilosas e inimagináveis dentro da sociedade civil daquele período.

Com ao passar dos anos, e com a evolução acelerada da sociedade, conflitos e meios científicos-tecnológicos foi necessário aplicar uma radical e profunda modificação no Curso de Contra-Guerrilha, vindo ele a sofrer diversos incrementos, modificações e novas linhas organizacionais para acompanhar de maneira duradoura e sustentável a nova era que se aproximava, repleta de inovações e desafios até então nunca vistos.

Modificações essas que veio a se materializar no atual Curso Especial de Comandos Anfíbios (C-Esp-ComAnf), para o planejamento e execução de ações a nível estratégico, e o Estágio de Qualificação Técnica Especial em Operações Especiais (E-QTEsp-OpEsp) para a execução de ações a nível tático e auxílio às atividades de Comandos Anfíbios.

Hoje, o Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais é a maior, e mais estruturada Organização Militar de Operações Especiais com o maior número de operadores em termos quantitativo e qualificativo dentro do escopo do Comando Naval de Operações Especiais, em estado 100% operacional para desempenhar quaisquer ações de guerra não-convencional de interesse da Marinha e do Estado brasileiro a qualquer hora, e em qualquer lugar durante os 365 dias do ano.

É atualmente, dentro do universo da Marinha do Brasil, a Organização Militar de Operações Especiais com o maior número de dias e missões em combate real direto, seja em missões de combate ao narcoterrorismo através das Garantias de Lei e da Ordem e/ou Intervenção Federal, missões para a neutralização de grupos e/ou alvos de alto valor sob a égide da ONU, e missões de caráter reservado para a Marinha do Brasil e ao Ministério da Defesa.

Como um componente de conexão direta da Força de Fuzileiros da Esquadra e do Comando Naval de Operações Especiais, e ser a Organização Militar da Marinha do Brasil responsável pelo preparo, planejamento e execução de ações diretas e das ações de reconhecimento, é um dos principais vetores para a captação de dados ao Sistema de Inteligência da Marinha (SIMAR) e por subsequência ao Centro de Inteligência da Marinha (CIM), que proporcionam a capilaridade necessária para a produção e salvaguarda de conhecimentos com vistas ao assessoramento oportuno e de qualidade do processo decisório nos diversos níveis da estrutura do Comando da Marinha, e consequente defesa dos interesses da Instituição.

Para que isso seja possível, o Batalhão Tonelero é estruturado atualmente da seguinte forma:

1ª Companhia de Operações Especiais: Cia RECON.

São envolvidas as ações de reconhecimento pré-assalto e pós-assalto em apoio às forças de desembarque, com efetivos altamente qualificados como mergulhadores autônomos ou usando o paraquedas como meio de infiltração com a missão de identificar e relatar atividades do inimigo, conduzir fogos das armas de apoio, implantar sensores no terreno e orientar operações com aeronaves.

Treinamento de mergulho do Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais (BtlOpEspFuzNav), Batalhão Tonelero. Nota ver vídeo treinamentos 1º Semestre 2020 abaixo

2ª Companhia de Operações Especiais: Cia de Ação de Comandos (Ações Diretas).

As ações de comandos visam destruir ou danificar objetivos relevantes, retomar instalações, capturar ou resgatar pessoal, obter dados, despistar e produzir efeitos psicológicos.

3ª Companhia de Operações Especiais: Grupo Especial de Retomada e Resgate (GERR/OpEsp).

Tem como missão resgatar militares ou autoridades civis mantidos em confinamento ilegal, contraterrorismo, busca e resgate de pilotos abatidos em zona de combate e retomada de instalações de interesse da Marinha e/ou do Governo Federal.

4ª Companhia de Comando e Serviços:

Com relação ao gerenciamento de seus recursos materiais e humanos, o Batalhão possui uma Companhia de Comando e Serviços e autonomia administrativa por meio da qual planeja e executa os recursos recebidos da Força de Fuzileiros da Esquadra – FFE.

5ª Companhia de Apoio às Operações Especiais:

Tem a tarefa de prestar o apoio especializado de serviço ao combate, seja a bordo, por meio da seção de dobragem e manutenção de paraquedas, da seção de apoio ao mergulho e da seção de apoio de embarcações, seja nas operações dos Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais. A companhia organiza um Destacamento de Apoio às Operações Especiais para atuar junto ao Componente de Apoio de Serviços ao Combate dos Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais, realizando tarefas de apoio especializados, tais como, operar embarcações de desembarque pneumáticas, ressuprir equipes de operações especiais infiltradas, ou ainda, realizar a manutenção de material específico empregado nas operações especiais, tais como paraquedas e equipamentos de mergulho.

Vários Teatros de Operações (TO) integram o treinamento do Batalhão Tonelero. Aqui capacitou oito Comandos Anfíbios em técnicas e procedimentos básicos para operações em clima frio, no período de 23OUT-06OUT2019, na região do vulcão Lonquimay, na Patagônia Oriental chilena, porção Leste da Cordilheira do Andes Veja matéria Link

Seção de Instrução de Operações Especiais:

Capacitar os recursos humanos pertencentes ao Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais; Contribuir para o desenvolvimento da doutrina de Operações Especiais no Corpo de Fuzileiros Navais; e Realizar a pesquisa e a experimentação de novas técnicas operacionais e de equipamentos peculiares às Operações Especiais.

A depender do tipo de missão, duração, local e complexidade o BtlOpEspFuzNav através da sua estrutura como Unidade de Combate e Apoio ao Combate organiza os Comandos Anfíbios em times especiais, de forma descentralizada, para o emprego em Operações Especiais, que é composto por operadores com conhecimentos altamente especializados em assuntos específicos relativos ao cumprimento da missão a ser planejada e executada, organizadas em:

ECAnf (Equipe de Comandos Anfíbios):

Constitui a organização básica de emprego, sendo composta por seis ComAnf. Cada ECAnf pode incluir militares com habilitações especiais em paraquedismo, mergulho, operações aéreas, operações na selva, operações em montanha, operações na caatinga, operações no pantanal, tiro de precisão, uso de artefatos explosivos, entre outras.

Excepcionalmente poderão ser empregadas ECAnf com menor efetivo, dependendo da tarefa a ser executada, como por exemplo, pode-se citar o emprego de duplas de atiradores de precisão, comum em ambiente urbano.

GruCAnf (Grupo de Comandos Anfíbios):

Formado quando se torna necessário organizar por tarefas duas ou mais ECAnf, sob controle de um mesmo elemento de comando.

Eventualmente, militares que possuem outras habilitações especiais e que não realizaram o C-Esp-ComAnf poderão reforçar os ComAnf no cumprimento de suas tarefas, tais como: intérpretes, médicos, entre outros.

O ADEST MONTANHA, Estágio Básico de Combatentes de Montanha ministrado pelo Exército Brasileiro. Os militares, armados e equipados, cumpriram o trajeto de aproximadamente 35 Km em conduta operacional, atravessando o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, que liga os Municípios de Teresópolis a Petrópolis, Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, tendo o Maciço das Cidades Imperiais como cenário.

No atual momento, o Batalhão Tonelero e os Comandos Anfíbios lançam-se em múltiplos estudos e projetos para a ampliação e aplicação de ambiciosos e singulares planos na esfera do Corpo de Fuzileiros Navais, pois compreendem que assim como ocorreu no passado, chegou o momento para necessárias modificações estruturais, aquisições de meios e recursos tecnológicos, ampliações e reformas nas atuais estruturas de edificações existentes, além da criação de novas unidades subordinadas ao Batalhão que serão destinadas ao apoio às Operações Especiais e para a aplicação de Operações Especiais, como forma de garantir os interesses do Brasil ao longo do século XXI.

Será que possuiremos em médio prazo algo como um ´´Comando de Operações Especiais de Fuzileiros Navais´´? Apenas o tempo irá se encarregar dessa resposta, e a depender única e exclusivamente dos Oficiais e Praças do Corpo de Fuzileiros Navais, e da reafirmação de aliados que estão além das fronteiras da Armada, o Batalhão Tonelero é um monstro incontível, isso será apenas o estopim, e acreditem, sem passagem de retorno.

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No dia 30 de julho de 2020, o líder do Governo na Câmara, o Deputado Federal e Major Forças Especiais (FE) na reserva não remunerada do Exército Brasileiro Vitor Hugo de Araújo Almeida (PSL/GO), visitou o Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais, o Lendário Batalhão Tonelero. Veja a matéria do DefesaNet Link

´´É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias, mesmo expondo-se a derrota, do que formar fila com os pobres de espírito que nem gozam muito nem sofrem muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota´´

Theodore Roosevelt

Vídeo que mostra os treinamentos do Batalhão Tonelero no primeiro Semestre de 2020.

A Operação INCURSEX-OPESP 2017, que aconteceu de 19-30JUN2017, é um exemplo de grande Operação Conjunta entre vários elementos da Marinha. Teve a participação de cerca de 800 militares e permitiu adestrar grupos de Comandos Anfíbios na realização de uma Incursão Anfíbia, nucleando a Força de Incursão (ForInc), empregando meios navais, aeronavais e da Força Aérea Brasileira para infiltração. O principal objetivo foi treinar uma Força Naval Expedicionária para realizar Operações Militares no contexto de uma crise político-estratégica, cumprindo missões de Operações Especiais. O exercício envolveu 13 Organizações Militares, entre elas, o Grupamento de Mergulhadores de Combate (GRUMEC), a Fragata “Liberal”, o Navio Patrulha Oceânico “Apa”, o Submarino “Tupi”, o Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral, o Esquadrão de Aeronaves de Interceptação e Ataque, o 3º Batalhão de Infantaria de Fuzileiros Navais (Batalhão Paissandu), o Batalhão de Controle Aerotático e Defesa Antiaérea, o Batalhão de Comando e Controle, a Companhia de Polícia, o Centro do Desenvolvimento Doutrinário do Corpo de Fuzileiros Navais e o Centro de Avaliação da Ilha da Marambaia.

Membro do Tonelero em Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO)

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