Militares do Exército Brasileiro apoiam ação interministerial no interior do Amazonas, a fim de estudar a viabilidade do uso da telemedicina na região. Trata-se de uma ação integrada entre os Ministérios da Defesa, da Saúde e da Ciência e Tecnologia; além da parceria com instituições como o Hospital das Forças Armadas, o Hospital Albert Einstein, o Instituto Laura Fressatto e a AMD Telemedicina. Os testes com consultas remotas começaram no dia 28 e vão até o dia 31 de julho, nas cidades de Iauaretê e São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas.
O Coronel Geraldo de Barros Cavalcanti Júnior, do Hospital das Forças Armadas, é o coordenador da missão de testes e explica que o objetivo é identificar a viabilidade desse serviço. “Antes de transformar em um projeto, vimos a necessidade de vir à região e identificar de fato o material mínimo necessário e se há realmente o interesse da comunidade”, esclarece.
Nos dias 28 e 29 de julho, as consultas médicas remotas aconteceram na localidade de Iauaretê, situada na região da Cabeça do Cachorro, na fronteira do Brasil com a Colômbia, a cerca de mil quilômetros de Manaus (AM). Na oportunidade, indígenas de diferentes etnias foram atendidos por médicos de São Paulo, especialistas em ortopedia, reumatologia, psiquiatria, neurologia, urologia, cardiologia e ginecologia.
Os atendimentos foram realizados com o acompanhamento do médico do 1º Pelotão Especial de Fronteira (1º PEF), Tenente William Ferreira Keller, e do médico local, Michael Aragão. Pela internet, os profissionais de Iauaretê apresentavam os históricos dos pacientes e eram orientados a realizar exames clínicos e procedimentos guiados pelos especialistas. Dois profissionais do Hospital Albert Einstein, especialistas em telemedicina, o ginecologista Eduardo Cordioli e a enfermeira Renata Morbeck, acompanharam de perto os atendimentos.
A senhora Emília Ferraz Brazão, da etnia Tukano, foi uma das primeiras pacientes a se consultar remotamente. Ela tem 40 anos e há dois anos sofreu um AVC, que deixou sequelas. Hoje, Emília sente dores no braço esquerdo. Na teleconsulta com o ortopedista, foi possível identificar a melhor maneira de imobilização da paciente e a indicação certa de tipoia. “Minha mãe precisava muito dessa consulta. Era importante para ela depois do AVC que teve”, disse Damião Brazão Barbosa, filho da senhora Emília.
Pacientes como essa senhora precisariam se deslocar mais de 200 quilômetros até o hospital mais próximo em São Gabriel da Cachoeira. A duração da viagem de barco pode variar bastante, dependendo do regime de cheias, de 12 horas a quatro dias, de acordo com as condições de navegação.
Para Michael Aragão, médico em Iauaretê, a telemedicina pode ajudar muito a comunidade. “Temos aqui pacientes que necessitam de consultas com especialistas; pacientes que precisam de um olhar especial e, com a telemedicina, nós conseguimos diminuir o tempo de espera pela consulta. Hoje, nós vemos que é possível. Com os testes realizados aqui, pudemos observar que os pacientes saíram felizes e ver que as terapêuticas estavam adequadas ou sendo apenas ajustadas pelos especialistas. Acredito que a telemedicina é um caminho que pode, inclusive, reduzir os gastos públicos, como os transportes de pacientes”, enfatizou.
Na segunda-feira, dia 27 de julho, a equipe embarcou em Brasília rumo ao interior do Amazonas. Dois militares do Hospital das Forças Armadas, duas representantes da Secretaria Especial de Saúde Indígena, um médico e uma enfermeira do Hospital Albert Einstein, um representante do Instituto Laura Fressatto (inteligência artificial) e um técnico da AMD Telemedicina. O planejamento da equipe é aplicar os testes dois dias em Iauaretê (28 e 29) e dois dias em São Gabriel da Cachoeira (30 e 31). O retorno da equipe está previsto para o dia 1º de agosto.