Sargento Gaudêncio, Tenente Cristiane E Capitão Oliveira Lima
No período de 13 a 23 de julho, ocorreu na Ala 12 – Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro (RJ), o Exercício Técnico de Busca e Salvamento (EXTEC SAR). Sob a coordenação do Comando de Preparo (COMPREP), a atividade promoveu uma operação simulada para aperfeiçoamento, manutenção e padronização entre os Esquadrões que realizam missões de Busca e Salvamento, sejam elas na terra ou no mar.
O objetivo do adestramento foi aprimorar os métodos, processos e capacidades com foco no emprego dos meios aéreos como forma de buscar e resgatar pessoas em situações adversas. Nesta edição de 2020, todos os cuidados recomendados pelas autoridades de saúde foram seguidos, como a aferição da temperatura e higienização das mãos e dos locais de trabalho.
No decorrer do Exercício, foram realizadas buscas a alvos que foram se tornando cada vez mais complexos à medida que o adestramento foi progredindo. Foram cumpridas doutrinas e técnicas de Busca e Salvamento para aprimorar o emprego durante as missões reais. Participaram do EXTEC SAR os Esquadrões Puma (3°/8° GAV), Pelicano (2°/10° GAV), Phoenix (2°/7° GAV), Netuno (3°/7° GAV) e Gordo (1°/1° GT).
O Esquadrão Puma operou a aeronave H-36 Caracal a partir da Base Aérea de Santa Cruz, com treinamento de convés (içamento de maca e de pessoal), em conjunto com o Navio Patrulha Oceânico da Marinha do Brasil, nas proximidades da Ilha da Marambaia. O treinamento teve o objetivo de adestrar os tripulantes e os homens de resgate para o emprego em situações de emergência em águas territoriais brasileiras.
Com duas decolagens diárias, totalizando oito horas de voo por dia, o Esquadrão Pelicano conseguiu atingir todos os objetivos determinados pela Direção do Exercício e pelo Programa de Instrução. Para o voo sobre o oceano, o treinamento levou em consideração as peculiaridades de uma missão real, como o deslocamento de alvos, em virtude das correntes marítimas e do vento; do efeito de espelhamento da superfície, provocado pelos raios solares; e também as dificuldades de localização espacial, provocada pela falta de referências. Nesse contexto, o Exercício foi de fundamental importância para adestrar pilotos e tripulantes nas missões de Busca e Salvamento no mar e de lançamento de bote.
Os Esquadrões Phoenix e Netuno já realizam missões de busca no mar, porém no ano de 2019 foi implementada a doutrina de busca em solo e, com isso, houve a necessidade de treinamento junto ao 2°/10° GAV, tendo em vista que este Esquadrão já possui uma doutrina de busca em terra consolidada.
As buscas no mar abrangem desde embarcações naufragadas até casos de “homem ao mar”. Já em terra, podem ocorrer buscas por aeronaves desaparecidas em virtude de pane ou pouso forçado em determinada localidade, por exemplo. Durante o Exercício, ambos os Esquadrões realizaram treinamentos de busca terrestre e marítima.
Para o Esquadrão Gordo, o Exercício foi uma oportunidade para a adaptação dos novos observadores SAR às características típicas de busca no mar, bem como de treinamentos específicos envolvendo procedimentos de lançamento de bordo, que consiste na entrega de kits de sobrevivência contendo botes salva-vidas e alimentos para as vítimas.
Durante o treinamento, foram realizadas 13 missões, totalizando aproximadamente 50 horas de voo. Com isso, o Esquadrão Gordo completou a formação e manutenção operacional de seus tripulantes nas ações de Busca e Salvamento no mar, assegurando, assim, a qualificação e a pronta-resposta para atuação em emergências aeronáuticas e marítimas.
Célula de Acompanhamento de Desempenho Operacional (CADO)
O Exercício Técnico SAR conta com uma nova ferramenta para avaliar as missões de Busca e Salvamento: a Célula de Acompanhamento de Desempenho Operacional (CADO). Valendo-se do modelo já funcional na Aviação de Caça, a CADO tem como objetivo realizar um levantamento de dados que sirvam de base para análise de desempenho das atividades executadas.
Na prática, a Célula de Acompanhamento recebe ao longo do dia os resultados das missões de treinamento, esses resultados são analisados de modo a identificar possíveis pontos de melhoria. Cabendo a CADO avaliar se aquilo que é diferente pode ser apresentado como uma melhor alternativa, e não julgar quem fez certo ou errado.
Através da junção de dados de cada missão, é feito um compilado de informações e repassado aos Esquadrões para que os mesmos possam fazer as correções e possíveis ajustes, sempre com o foco voltado para o desempenho. “O resultado será apresentado aos Esquadrões, que levarão para suas Unidades novas ideias e possíveis soluções para os problemas apresentados”, disse o Major Aviador Tiago Taffarel, representante do COMPREP no EXTEC SAR.
Por ser novidade na Aviação de Busca e Salvamento, a CADO reunirá elementos relacionados ao voo, como dados de GPS, dados de meteorologia, avistamento e intercâmbio, que servirão para melhor planejar os próximos exercícios, servindo, assim, de baliza orientadora. “A missão de Busca e Salvamento é muito gratificante, porque trazemos de volta para casa aquela pessoa que estava em perigo, com a vida em risco, e a CADO pode contribuir significativamente para aperfeiçoar esse processo”, concluiu o Major Taffarel.
Exercício Operacional de Busca e Salvamento (SAREX II)
Do dia 13 a 23 de julho, ocorreu, também na ALA 12, simultaneamente ao EXTEC SAR, o Exercício Operacional de Busca e Salvamento (SAREX II). Este Exercício teve como finalidade o aprimoramento dos planejamentos entre os Centros de Coordenação de Busca e Salvamento Aeronáutico (ARCC) e as Unidades Aéreas da Força Aérea Brasileira (FAB) nas operações de Busca e Salvamento. Além disso, possui como objetivo o estreitamento de laços com vistas ao aperfeiçoamento da interoperabilidade entre a Aeronáutica e a Marinha do Brasil, por meio da participação conjunta dos militares destas Forças.
Nas instalações do Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1°/1° GCC) – Esquadrão Profeta, foram ativados dois Subcentros de Salvamento (RSC, sigla em inglês Rescue Sub-Center): o Subcentro de Salvamento Aeronáutico, denominado ARSC Zeppelin, responsável pelo planejamento e coordenação das buscas sobre terra; e o Subcentro Conjunto de Salvamento, JRSC Marambaia, responsável pelo planejamento e coordenação das buscas sobre o mar, compostos por militares do SALVAERO e do SALVAMAR Brasil.
Este treinamento é fundamental para que os militares dos ARCC exercitem os planejamentos e coordenações necessárias nas operações de Busca e Salvamento em cenários simulados e em contato com as Unidades Aéreas.
Além da integração entre os Esquadrões Aéreos, os militares realizaram diversas avaliações para o aferimento do conhecimento técnico-profissional necessário a cada uma das funções exercidas por eles na rotina de Coordenação em prol da eficiência da Prestação do Serviço de Busca e Salvamento Aeronáutico Brasileiro.
Fotos: Sargento Johnson / CECOMSAER e Sargento Neubar / Ala 12
Esquadrão da FAB realiza resgate de enfermo em navio estrangeiro
O Esquadrão Falcão (1º/8º GAV), sediado na Ala 10, em Parnamirim (RN), resgatou, nesta quarta-feira (22), um tripulante indiano que estava a bordo de navio de bandeira das Ilhas Marshall que navega na costa brasileira, próximo ao estado de Alagoas.
O Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), organização da Força Aérea Brasileira (FAB) responsável pela coordenação de missões aéreas, acionou o Esquadrão após o contato do Centro de Coordenação de Salvamento Aéreo (SALVAERO) de Recife. O navio Fairchem Blueshark oriundo das Ilhas Marshall, foi localizado a cerca de 65 km da costa brasileira, na direção da cidade de Maceió (AL).
A aeronave H-36 Caracal decolou de Parnamirim (RN) às 11h55 e voou até a posição do navio para realizar o resgate. O helicóptero manteve o voo pairado enquanto os homens de resgate SAR (do inglês, Search and Rescue – Busca e Salvamento) desceram até o convés, imobilizaram o enfermo e o içaram. Ao final, o Esquadrão transportou o paciente para o Aeroporto Zumbi dos Palmares, em Maceió (AL), sendo transferido, em seguida, de ambulância para a Santa Casa de Maceió para receber atendimento médico especializado. Toda a operação durou duas horas e quarenta e cinco minutos.
A tripulação do helicóptero, formada por dez militares, sendo dois pilotos, um mecânico, dois operadores de equipamentos, três homens de resgate, uma médica e uma enfermeira, usou trajes especiais para minimizar o risco de qualquer contaminação.
A Tenente Médica Patrícia Bastos de Aguiar Martins Costa, que está no Esquadrão desde 2018, já participou de cinco resgates, dentre eles, os três últimos realizados pelo Esquadrão Falcão. “É uma honra ter estado nesses três resgates, ainda mais sabendo que os pacientes dos outros dois resgates estão se recuperando bem e já estão em casa com suas famílias”, conta a Tenente Médica.
O Sargento Bombeiro Diego Pereira dos Santos, também participou do resgate. Foi sua primeira experiência real como homem de resgate. “É a nossa missão e tenho orgulho de fazer parte dessa equipe”, revela.
Um dos pilotos da aeronave H-36 Caracal, Tenente Aviador Kaio Felipe Correia de Andrade, realizou sua primeira missão como piloto operacional, marca que ele alcançou em janeiro deste ano. “Nós nos esforçamos muito na formação, preparo, treinamento e aperfeiçoamento. A primeira sensação que vem depois de uma missão dessas é a de dever cumprido”, conta o piloto, que revelou ainda que o maior desafio é manter o controle da aeronave durante o voo pairado.
O Comandante do 1º/8º GAV, Tenente-Coronel Aviador Délcio Cláudio Santarém Júnior, explica que o perfil do Esquadrão era voltado para resgates em solo, antes de ser transferido para Natal. “Na Amazônia havia muitos acidentes com aeronaves, no meio da selva, por isso as ocorrências eram na sua maioria em terra. Agora, somos chamados muito mais para resgates no mar”, descreve. O Esquadrão Falcão já realizou três resgates em convés em menos de dois meses, neste ano.
PREPARO
Um dos fatores fundamentais para o sucesso de qualquer missão é o preparo operacional das tripulações. Para atingir alto nível técnico e doutrinário, agindo com a pronta-resposta requerida na execução das ações, os Esquadrões da Força Aérea realizam treinamentos regulares. Neste contexto, o Comando de Preparo (COMPREP) tem papel relevante. Como Comando Operacional encarregado de fixar os padrões de eficiência, planejar o treinamento e avaliar o desempenho das unidades subordinadas, a partir das capacidades definidas pelo Comandante da Aeronáutica, também coordena a formulação da Doutrina Aeroespacial, em consonância com as experiências adquiridas e os sistemas de armas incorporados à FAB.