Nesta sexta-feira (29), comemora-se o Dia Internacional dos Peacekeepers das Nações Unidas, um justo tributo àqueles que dedicaram parte de suas vidas em prol da paz mundial. Neste ano, em virtude da pandemia do novo coronavírus, não será realizada a tradicional cerimônia que homenageia, de maneira marcante, esses verdadeiros heróis anônimos, conhecidos como “boinas azuis”.
Mas isso não esvazia ou diminui o significado especial dessa data. Em todo o mundo, homens e mulheres que serviram ou que continuam a servir em Missões de Manutenção de Paz da ONU são lembrados com muito respeito e orgulho, pelo trabalho voluntário, corajoso, altruísta e solidário em terras distantes.
Para o Brasil, os motivos para comemorar são muitos. Além do País ser reconhecido internacionalmente por sua liderança e pelo sucesso, ao longo de 13 anos, na Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH), agora, pela segunda vez consecutiva, as Forças Armadas Brasileiras têm uma Peacekeeper reconhecida pela excelência no cumprimento da missão.
Justo neste ano, em que o tema escolhido para marcar o Dia Internacional dos "Peacekeepers" foi "Women in Peacekeeping: A Key to Peace", em comemoração aos 20 anos da adoção da Resolução 1.325 (2000) do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), que inaugurou a agenda Mulheres, Paz e Segurança, a Capitão de Fragata Carla Monteiro de Castro Araújo, da Marinha do Brasil, foi selecionada.
Ela atua na Missão de Estabilização Multidimensional Integrada das Nações Unidas na República Centro-Africana (MINUSCA), e vai receber o Prêmio de Defensoras Militares da Igualdade de Gênero da ONU 2019.
A mesma distinção foi concedida, no ano passado, à Capitão de Corveta Marcia Andrade Braga, brasileira que também foi integrante da MINUSCA. Criado em 2016, o prêmio reconhece a dedicação e o esforço de Peacekepeers na promoção dos princípios da Resolução 1.325 do Conselho de Segurança sobre Mulheres, Paz e Segurança.
Boinas azuis
A palavra Peacekeepers, na língua portuguesa, significa pacificadores. Também são conhecidos como “boinas azuis”, por usarem, como parte do uniforme, capacetes e boinas dessa cor. Os guerreiros da paz são homens e mulheres altamente preparados que, com abnegação e heroísmo, cumprem a nobre missão de manter a segurança e a paz mundiais, com especial atenção à proteção de civis, proporcionando a milhões de pessoas a dignidade e os direitos que lhes são essenciais. Para isso, abdicam, muitas vezes, de suas próprias famílias, do conforto de suas casas e das suas pátrias.
A primeira participação do Brasil em missões de paz remonta ao ano de 1947, quando foram enviados à Grécia observadores militares para integrar a Comissão Especial das Nações Unidas para os Bálcãs (UNSCOB). Em 1948, o País enviou observadores militares para o Oriente-Médio, para monitorar o acordo de cessar-fogo entre árabes e israelenses, naquela que é considerada a primeira missão de paz das Nações Unidas.
Após isso, no ano de 1956, o Brasil enviou um Batalhão de Infantaria de Força de Paz, Batalhão Suez, para integrar a 1ª Força de Emergência das Nações Unidas (UNEF I) no conflito árabe-israelense, junto à Faixa de Gaza. Desde então, diversos brasileiros, militares, policiais e civis, integraram missões de paz da ONU, projetando, de forma muito positiva, o nome do País no cenário internacional.
O Brasil já participou de 41 operações de paz e missões similares, que envolveram mais de 46 mil Peacekeepers do Brasil. Mais recentemente, contingentes brasileiros estiveram em Moçambique, Angola, Timor Leste e Haiti, contribuindo, de forma expressiva, para a segurança e a estabilização daqueles países.
Atualmente, as missões de paz da ONU empregam mais de 80 mil militares, policiais e civis, em 13 operações nos quatro continentes. Nesse contexto, o Brasil está presente em nove operações de paz (Chipre, Líbano, República Centro-Africana, República do Congo, Saara Ocidental, Sudão, Sudão do Sul, Abyei e Iêmen), com aproximadamente 250 militares e policiais “boinas azuis”, merecendo especial destaque a liderança da Força-Tarefa Marítima (FTM) que integra a Missão da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL) e o comando da Missão de Estabilização da Organização das Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUSCO).
A esses valorosos homens e mulheres, de ontem e de hoje, é que, neste dia 29 de maio, o mundo todo presta as mais efusivas homenagens e a sua respeitosa continência, de modo muito especial àqueles que tombaram no cumprimento de suas missões em prol da proteção de civis e da paz mundial.