Maristella Marszalek
Dois hospitais militares localizados no extremo oeste do Estado do Amazonas e conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS) receberam reforço de dez profissionais de saúde e duas toneladas de insumos hospitalares. As especialistas seguem para o hospital de São Gabriel da Cachoeira. Já os insumos foram encaminhados para as duas unidades de saúde.
Para o Hospital de Guarnição de São Gabriel da Cachoeira seguiram duas médicas, uma enfermeira, seis técnicas de enfermagem e uma fisioterapeuta, todas do Hospital Militar de Área de Brasília. Elas embarcaram na Ala 1 (Base Aérea de Brasília), na capital federal, rumo ao norte do País, na manhã do domingo (17), para reforçar o combate à COVID-19 na região amazônica.
Os materiais de saúde entregues no Hospital de Guarnição de São Gabriel da Cachoeira foram: sete aspiradores portáteis, sete desfibriladores, 15 oxímetros, aparelhos que medem o nível de oxigênio no sangue, oito ventiladores pulmonares mecânicos, 300 frascos de álcool gel de 500 ml, 6,8 mil aventais, 4 mil toucas, 3 mil máscaras, 200 macacões Tyvek 54 e 70 óculos para proteção cirúrgica.
Para o Hospital de Guarnição de Tabatinga, seguiram: sete aspiradores portáteis, sete desfibriladores, 15 oxímetros, 10 ventiladores pulmonares mecânicos, 3 mil aventais descartáveis, 8 mil toucas, 16 mil máscaras e cinco óculos de proteção cirúrgico.
A iniciativa do Governo Federal, por meio de ação conjunta do Ministério da Defesa e do Ministério da Saúde, apoia o atendimento no Hospital de Guarnição de São Gabriel da Cachoeira (HGuSGC) e no Hospital de Guarnição de Tabatinga (HGuT), localizados em municípios amazonenses. Essas unidades de saúde são referência em atendimentos de média e de alta complexidade e também recebem pacientes do Alto Solimões e do Alto Rio Negro. Nessas duas regiões, há quase mil aldeias indígenas, de 50 diferentes etnias.
Capilaridade
Apoiada na grande capilaridade das Forças Armadas por todo o território nacional, a Pasta da Defesa atende a necessidades de órgãos estaduais, municipais e outros, por meio da Operação Covid-19, deflagrada em 20 de março. Neste contexto, a bordo de aeronave C-105 Amazonas, da Força Aérea Brasileira, que decolou de Brasília, estavam, além dos profissionais de saúde, aspiradores portáteis, desfibriladores, oxímetros e ventiladores pulmonares mecânicos e de transporte, e equipamentos de proteção individual (EPIs). Os insumos foram disponibilizados pelo Ministério da Saúde.
No voo também embarcou o Secretário Especial de Saúde Indígena, Robson Santos da Silva, representando a Pasta da Saúde. Ele acompanha a operação da força-tarefa dos Ministérios para atendimento às regiões com grandes populações indígenas. Só no Alto Rio Negro, onde está situado o município de São Gabriel da Cachoeira, são cerca de 23 etnias e 733 comunidades.
O Secretário Robson destaca que “o Governo Federal trabalha de forma integrada para o enfrentamento da COVID-19, a fim de atender as populações do interior do Estado do Amazonas, incluindo-se indígenas e não indígenas”. Ele ressalta que a ação iniciada no domingo se soma “aos mais de R$ 174 milhões destinados pelo Executivo ao Estado para o enfrentamento da COVID-19".
As comunidades indígenas contam permanentemente com os Pelotões de Fronteira, instalados nas divisas com a Venezuela e a Colômbia. Diretamente na Operação Covid-19, os militares contribuem com atuação em barreiras sanitárias, no controle do fluxo de embarcações nos rios locais e impedindo o contato com as comunidades indígenas.
Atendimento de qualidade
A Tenente Enfermeira Juliana Eccard, que participa da missão, conhece São Gabriel da Cachoeira e lembra que “quando entramos para o Exército, sabemos que a nossa missão é ajudar sempre que houver necessidade. Vamos levar atendimento de qualidade para a população, inclusive indígenas”.
Outra integrante do grupo que foi prestar apoio ao HGuSGC, a Aspirante a Oficial Angélica Leão, fisioterapeuta, também reforçou a importância, a seriedade e a nobreza da missão. “Vou apoiar os pacientes tanto na área respiratória como na motora. Mas o meu maior propósito é me doar para quem necessita de ajuda nesse momento, assegura.
Presente no embarque, o Secretário de Pessoal, Ensino, Saúde e Desporto do Ministério da Defesa, General Manoel Luiz Narvaz Pafiadache, falou sobre a importância deste trabalho interministerial, bem como elogiou a coragem e o desprendimento demonstrados pela equipe de militares do segmento feminino. Ele assegurou que “todas as medidas foram tomadas para que as profissionais possam cumprir a missão de forma extremamente segura”.
Antes do embarque, os integrantes da missão passaram por avaliação das condições de saúde, com aferição de pressão arterial, da temperatura e da saturação de oxigênio do sangue. As militares devem permanecer no Hospital de Guarnição de São Gabriel da Cachoeira por até três semanas. Depois desse período, serão substituídas por profissionais civis contratados pelo Ministério da Saúde.
Operação Covid-19
O Ministério da Defesa ativou, em 20 de março, o Centro de Operações Conjuntas, para atuar na coordenação e no planejamento do emprego das Forças Armadas no combate à COVID-19. Nesse contexto, foram ativados dez Comandos Conjuntos, que cobrem todo o território nacional, além do Comando Aeroespacial (COMAE), de funcionamento permanente. A iniciativa integra o esforço do governo federal no enfrentamento à pandemia que recebeu o nome de Operação COVID-19.
As demandas recebidas pelo Ministério da Defesa, de apoio a órgãos estaduais, municipais e outros, são analisadas e direcionadas aos Comandos Conjuntos para avaliarem a possibilidade de atendimento. De acordo com a complexidade da solicitação, tais demandas poderão ser encaminhadas ao Gabinete de Crise, que determinará a melhor forma de atendimento.