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PENB – O caso EMBRAER

Armando Brasil

 

Antes de tudo, gostaria de relembrar, à maioria dos leitores, o que aprenderam nas academias militares. A extrema importância da vontade, sediada na força moral, para se obter a vitória. A força moral reside no porque lutar, ou na justiça de nossa causa. E a nossa causa é o desenvolvimento do Brasil.

A EMBRAER é um exemplo do sucesso do planejamento de longo prazo e da intervenção do Estado Nacional na área de ciência e tecnologia. Seu nascedouro remonta a metade do século passado com a criação do ITA e do IPD. O objetivo de outras nações de contar com uma eficiente indústria aeronáutica, como por exemplo: o Japão, a Índia e a Rússia no mesmo sentido, não foram bem sucedidas.

Todavia, no Brasil, devido à EMBRAER foi. No setor aeronáutico seus aviões comerciais dominam o espectro de 70 a 150 lugares, seus jatos executivos tem ampla aceitação no mercado. No segmento de defesa ela vem desenvolvendo aeronaves militares sofisticadas.  Mas a EMBRAER ainda foi além. Diversificou sua atuação no setor de defesa. É a responsável por grande parte dos projetos estratégicos da área defesa.

Está na construção de fragatas, de radares, na integração de satélites, no monitoramento de fronteiras, no desenvolvimento de reator nuclear para submarinos. Está listada entre as 100 maiores empresas bélicas do mundo e é a mais importante empresa nacional no setor industrial de defesa. Dado a prevalência no Brasil, nas últimas décadas, da visão financeira neoliberal em detrimento do setor produtivo, a empresa vem sendo muito menos amparada, pelo Estado Nacional, do que deveria ter sido, dado a sua importância estratégica.

Em razão de sua eficiência ela, apesar disto, apresentou bons resultados até cinco anos atrás. O processo de reestruturação do setor fabricante de aeronaves, pós crise de 2008, havia lhe deixado numa posição concorrencial desfavorável. Ao invés de buscar apoio no Estado,. ela optou, de forma errada, por buscar o desmonte da empresa.

Nos últimos dois anos, aplicando uma estratégia financeira de curto prazo, a empresa optou por alienar a sua parte comercial, a responsável por 90% de seus ganhos financeiros, desmontando equipes que proporcionavam a necessária sinergia, para outros setores em que ela atuava e aplicando recursos nesta cisão, quase meio bilhão de dólares.

Dessa forma atenderia os reclames de seus acionistas privados, que embolsariam todo o esforço realizado pela sociedade nacional, em investimentos na empresa. Esta opção encontrou uma parceria com a Boeing, que agora está desfeita, o que abre espaço para a sobrevivência da EMBRAER.

Diferentemente da Airbus ou da própria Boeing, a EMBRAER está muito mais ajustada ao mundo pós pandemia. A aviação de longo curso terá sua demanda fortemente minorada nos próximos anos, algo que não ocorrerá, na mesma dimensão, no segmento alvo da nossa empresa. A saída da Boeing da parceria é uma condição necessária para a salvação da empresa mas não me parece suficiente. Para tanto, se fará necessário:

1) Reestatizar a empresa, pela compra, pelo Estado, das ações de posse do setor privado; as comprando pelo menor custo seja pelo valor de mercado ou pelo montante que seria pago pela Boeing, subtraído dos gastos incorridos na cisão;

2) Seguindo as regras do capitalismo, demitir sumariamente de suas funções na empresa, dos responsáveis pelo brutal erro estratégico incorrido pela cisão.

3) Aqueles que apoiaram o crime de lesa-pátria cometido por essa malfada parceria, deveriam ser nominalmente citados, para que se vejam constrangidos em emitir novas opiniões, sobre os negócios da empresa.

4) Elaborar um plano de encomendas, que garanta não só o funcionamento da empresa pelos próximos cinco anos, mas que garanta o desenvolvimento de novos projetos.

5) Neste plano deverá constar todo o reaparelhamento da aviação comercial no Brasil, bem como da Força Aérea Brasileira.

6)  Neste plano deverá constar também um plano de vendas no mercado internacional, que deverá ter todo o apoio do BNDES.

A EMBRAER se nós tivermos força moral, tem tudo para, aproveitando a brutal crise que se abateu sobre a aviação mundial, sair fortalecida e continuar sendo um sucesso do setor científico, tecnológico e industrial brasileiro.

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NOTA DefesaNet

As opiniões aqui apresentadas são exclusivamente do autor

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