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Ex-chefe de inteligência de Maduro diz que Hezbollah atua na Venezuela

O ex-chefe de inteligência da Venezuela, o general Manuel Ricardo Cristopher Figuera, chegou na segunda-feira (24) aos Estados Unidos com um "tesouro", os segredos do governante venezuelano, Nicolás Maduro, informou o The Washington Post.

Figuera, que passou dois meses escondido e protegido, acusa o governo venezuelano de fazer negócios ilegais com ouro, fala da presença de células do Hezbollah na Venezuela e destaca a influência de Cuba sobre Maduro, segundo o jornal americano.

As informações divulgadas pelo The Washington Post se baseiam em declarações de líderes opositores venezuelanos, funcionários dos EUA e 12 horas de entrevistas exclusivas com Figuera, as primeiras que o general concedeu a um grande meio de comunicação.

Figuera, de 55 anos, reconheceu Juan Guaidó como presidente legítimo do seu país, embora continue sendo "chavista de coração", pois foi durante dez anos o chefe de segurança do falecido ex-presidente Hugo Chávez, pai da Venezuela socialista e mentor de Maduro.

O ex-chefe do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) diz que não se arrepende de ter se rebelado contra Maduro, apesar da tentativa de tirar este do poder ter fracassado e de ter se entregado a agentes americanos na Colômbia.

O jornal indica que a oposição e os americanos "tiveram uma vitória parcial com a deserção de Figuera", porque evidencia "que foram efetivos e que seu esforço continua vigente inclusive depois do levante fracassado". Figuera diz que seu trabalho à frente do Sebin o fez ver a "podridão" dentro do governo de Maduro.

Dessa forma, denuncia que começou a investigar uma companhia criada por um assistente do filho de Maduro que tinha estabelecido um monopólio comprando ouro barato de mineiros do sul do país para vendê-lo a preços elevados ao Banco Central.

O general acrescenta que também obteve informações que indicava que grupos irregulares operavam na Venezuela com a proteção do governo, entre eles a guerrilha colombiana Exército de Libertação Nacional (ELN), que ajudaria na defesa em caso de invasão do país. Figuera também se referiu à presença do Hezbollah em Maracay, Nueva Esparta e Caracas, supostamente ligada a "negócios ilícitos para financiar operações" no Oriente Médio. "Descobri que os casos de narcotráfico e de guerrilhas não deviam ser tocados", explicou Figuera.

Por outro lado, a influência de Cuba na Venezuela fica refletida em várias frases do antigo chefe de Inteligência: "Raul (Castro) era como um assessor de Maduro" e "se (Maduro) estivesse em qualquer reunião, esta podia ser interrompida se Castro chamasse".

O The Washington Post afirma ainda que Figuera enviou uma mensagem a Maduro em abril na qual descrevia a situação do país como "deplorável" e sugeria que convocasse eleições, mas o presidente venezuelano o chamou de "covarde pessimista", o que para ele foi "o ponto de ruptura".

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