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Tensão entre Rússia e Turquia sobe, e Erdogan anuncia ofensiva iminente

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou nesta quarta-feira (19) que uma operação militar do Exército da Turquia com o objetivo de fazer retroceder uma ofensiva do governo sírio contra rebeldes no noroeste da Síria é "uma questão de tempo".

Sua declaração veio após conversas com a Rússia ?aliada da Síria? não avançarem. Em seguida, Moscou fez uma advertência contra as pretensões de Erdogan.

Tropas sírias apoiadas por aviões de guerra e forças especiais russas lutam desde dezembro para erradicar os últimos bastiões rebeldes nas províncias de Idlib e Alepo, no que pode ser um dos capítulos finais da guerra civil da Síria, que já dura nove anos.

Sinal da extrema tensão na região, Erdogan reiterou seu ultimato ao regime sírio para que se retire dos arredores dos postos de observação turcos em Idlib antes do fim de fevereiro. "A operação em Idlib é iminente", disse o presidente em um discurso no Parlamento. "Estamos em contagem regressiva. São as últimas advertências."

De Moscou, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, advertiu Erdogan de que a ação se trata de um ataque contra o governo legítimo da Síria, e que uma ofensiva seria considerada "o pior cenário possível". A Rússia afirmou que está empenhada para que a situação não piore.

No início de fevereiro, as tensões aumentaram depois que soldados turcos que estão em Idlib, como parte de um acordo entre Ancara e Moscou, morreram vítimas de bombardeios sírios.

O emissário da ONU para a Síria alertou o Conselho de Segurança da ONU, nesta quarta-feira, de que há risco iminente de escalada. "Não posso informar de nenhum avanço para dar fim à violência no noroeste (sírio) ou retomar o processo político", lamentou Geir Pedersen, em uma reunião mensal do conselho.

Em paralelo às advertências, a Turquia vem mobilizando tropas há vários dias na região de Idlib. "Estamos decididos a fazer de Idlib uma região segura para a Turquia e para a população local, a qualquer custo", declarou Erdogan.

ÊXODO EM MASSA DE CIVIS

Ancara e Moscou cooperam estreitamente na Síria desde 2016, apesar de seus interesses divergentes. A Turquia vê com maus olhos o avanço do regime de Assad em Idlib, temendo um novo fluxo de deslocados para seu território. Cerca de 3,7 milhões de sírios se refugiam nesta área desde 2011.

Após várias semanas de ofensiva do regime sírio, determinado a recuperar o controle de Idlib, a situação humanitária é catastrófica.

Segundo a ONU, cerca de 900 mil pessoas, a grande maioria mulheres e crianças, fugiram desde o início de dezembro pela ofensiva lançada pelo governo Assad e por Moscou na região e seus arredores.

Em guerra desde 2011, o país nunca havia experimentado um êxodo desses em um período de tempo tão curto. No total, o conflito sírio levou milhões de pessoas ao exílio e deixou mais de 380 mil mortos.

Em uma entrevista coletiva em Istambul, nesta quarta, uma coalizão de ONGs sírias, a SNA, pediu "ao mundo que desperte e detenha o massacre" em Idlib.

Segundo a SNA, os acampamentos de refugiados estão lotados (…) e os civis não têm outra opção a não ser dormir ao ar livre, apesar das baixas temperaturas do inverno.

As ONGs estimam em cerca de US$ 335 milhões a ajuda necessária para atender aos deslocados refugiados perto da fronteira turca, amontoados aos milhares em acampamentos improvisados.

Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, mais de 400 civis, incluindo 112 crianças, morreram desde que o regime e a aviação russa lançaram a ofensiva. Muitas ONGs acusam o governo Assad e a Rússia de tomarem a população e infraestrutura civis como alvo.

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