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Putin nomeia novo governo e mantém ministros das Relações Exteriores e Defesa

O presidente Vladimir Putin nomeou na noite desta terça-feira (21) o novo governo russo, no qual Serguei Lavrov e Serguei Shoigu mantém seus cargos nas Relações Exteriores e Defesa. "Desejo sinceramente sucesso (…) todo o país tem interesse", declarou Putin em uma reunião com todos os membros de gabinete, ao lado do primeiro-ministro, Mikhail Mishustin.

Além de Lavrov e Shoigu, os ministros do Interior, Vladimir Kolokoltsev, e da Energia, Alexandre Novak, seguem à frente de suas pastas. Putin surpreendeu a todos em 15 de janeiro durante seu discurso anual perante o Parlamento, ao anunciar uma série de revisões constitucionais que pretende aplicar em breve.

Após esse pronunciamento, o ex-primeiro-ministro Dmitri Medvedev apresentou sua renúncia ao cargo e a dissolução de seu gabinete. Nesse contexto, o chefe do Tesouro, Mijail Mishustin, foi nomeado novo chefe do governo e foram apresentados todos detalhes das emendas constitucionais que serão examinadas na próxima quinta-feira na Duma (câmara baixa russa).

Segundo a oposição, essas propostas visam garantir a Putin o domínio sobre o sistema político russo depois de 2024, quando termina seu mandato atual, após o qual ele não pode, de acordo com a lei em vigor, se candidatar à reeleição.

Projetos nacionais

Na semana passada, refletindo os interesses do presidente, Mishustin prometeu aos russos "mudanças reais", destacando um aumento no padrão de vida, justamente quando a popularidade de seu antecessor, muito próximo ao presidente, entrou em queda por conta dos problemas econômicos que atingem a população.

A principal tarefa do governo de Mishustin, um tecnocrata muito eficaz, que transformou uma burocracia fiscal pesada e corrupta em uma administração moderna e eficiente, será colocar em prática os principais projetos definidos em 2018 por Putin.

Com o objetivo de modernizar a Rússia até 2024, esses "projetos nacionais" que representam investimentos de cerca de 375 bilhões de euros devem atingir quase todos os setores da economia e da sociedade: tecnologia, ecologia, educação, rede viária, cultura, demografia e saúde.

Essa mudança de governo e as revisões constitucionais trouxeram à tona as apostas sobre o futuro político de Putin, de 67 anos. As emendas à Lei Fundamental preveem, entre outros, um peso maior do Parlamento na nomeação do primeiro-ministro e reforçam o papel do Conselho de Estado, que atualmente é um organismo consultivo.

Para muitos analistas, dessa maneira Putin cria sua marca política após 2024, deixando o maior número possível de portas abertas para manter sua influência no país que ele dirige há 20 anos.

Futuro de Putin

Alguns imaginam que no futuro Putin exerça um papel de árbitro supremo, acima das divisões políticas com um cargo personalizado, enquanto outros apostam numa retirada progressiva.

"Para o futuro, esperem mensagens conflitantes: Putin pode liderar o Conselho de Estado, talvez ele seja o primeiro-ministro ou ele pode sair", escreveu no Twitter Sam Green, diretor do Instituto Russo do King's College London. "As apostas estão abertas a todas essas opções e todos estarão perdendo. Esse é o objetivo", acrescentou Green, pois a estratégia do mestre do Kremlim permanece confusa.

Para o principal oponente do Kremlin, Alexei Navalni, não há dúvida: Putin procura ser "o líder vitalício do país". Em meio a este cenário de dúvidas sobre o futuro político do presidente, diante do qual os opositores não encontram respostas, foi convocada uma manifestação contra o governo para o dia 29 de fevereiro.

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