A economia chinesa cresceu no ano passado no ritmo mais lento das quase últimas três décadas, afetada pelas disputas comerciais com os Estados Unidos e pelo fraco desempenho no consumo doméstico. Dados divulgados nesta sexta-feira (17/01) mostram, porém, que a segunda maior economia do mundo encerrou um ano difícil mais forte.
A trégua nas tensões comerciais entre Pequim e Washington reavivou a confiança do mercado e as medidas adotadas pelo governo para impulsionar a economia parecem surtir efeito.
Como já era esperado, o crescimento de 6,1% registrado no ano passado ficou abaixo dos 6,6% de 2018, segundo dados do Departamento Nacional de Estatísticas da China. Apesar de robusta para os padrões globais, e ainda dentro das previsões do governo, esta foi a menor expansão registrada desde 1990 e marca três anos consecutivos de queda.
Apesar de a segunda maior economia do mundo perder fôlego gradualmente nos três primeiros trimestres de 2019, ela se manteve firme em 6% entre outubro e dezembro.
Os dados foram revelados poucos dias depois de o vice-premiê chinês, Liu He, e o presidente dos EUA, Donald Trump, assinarem a "fase 1" do aguardado acordo entre os dois países que estabelece uma trégua nas disputas comerciais que já duram dois anos.
O pacto prevê a redução de tarifas de importação por parte dos EUA sobre produtos chineses que equivalem a bilhões de dólares, apesar de manter ainda algumas barreiras sobre o equivalente a dois terços de mais de 500 bilhões de dólares em produtos.
Um relatório do Banco Mundial apontou que o enfraquecimento nas exportações chinesas acentuou o impacto da desaceleração da demanda doméstica. Incertezas na política econômica e tarifas altas nas exportações para os EUA afetaram também a atividade das indústrias e os sentimentos dos investidores.
Outros dados divulgados também nesta sexta-feira revelam que enquanto a produção industrial e as vendas no comércio desaceleravam ao longo de 2019, esses dois indicadores tiveram desempenho acima da média em dezembro, com uma tendência de aumento dos gastos dos consumidores.
O ano de 2020 é considerado crucial para as ambições do governo chinês de atingir seu objetivo de dobrar o Produto Interno Bruto (PIB) do país e os rendimentos ao longo da próxima década, transformando a China em uma nação "moderadamente próspera".
Analistas avaliam que para que essas metas de longo prazo sejam atingidas, a China dever manter o crescimento anula em torno dos 6%, ainda que algumas autoridades tenham alertado que neste ano a economia poderá enfrentar desafios ainda maiores do que em 2019.
EUA e China assinam "fase 1" de acordo comercial
Após quase dois anos de conflito, Estados Unidos e China, as duas maiores economias do mundo, assinaram nesta quarta-feira (15/01) uma trégua em sua guerra comercial.
Chamado de "fase um", o acordo inclui o compromisso da China de elevar substancialmente suas compras de produtos americanos, proteger a tecnologia estrangeira e aplicar novos mecanismos de cumprimento das normas comerciais.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump celebrou a assinatura do acordo. Contudo, as tarifas sobre bilhões de dólares em produtos importados da China continuarão em vigor.
"Hoje damos um passo crucial que nunca demos antes com a China" e que vai garantir "um comércio limpo e recíproco", disse Trump na cerimônia de assinatura do texto na Casa Branca.
Enquanto Trump falava longa e ininterruptamente, as principais emissoras de TV interromperam a transmissão ao vivo da cerimônia para exibir a votação que oficializou o envio do seu processo de impeachment para o Senado.
O afrouxamento das tensões entre as duas potências animou os mercados nas últimas semanas. Trump assinou o acordo com o principal negociador chinês, Liu He, vice-primeiro-ministro do país.
Ele também agradeceu o presidente chinês, Xi Jinping, e prometeu que visitará a China "num futuro não muito distante". "As negociações foram duras", disse Trump, mas levaram a um resultado "incrível".
O presidente americano afirmou que as tarifas impostas aos produtos chineses vão se manter até que a "fase dois" seja concluída. "Caso contrário não temos cartas para negociar", disse.
Ele leu uma carta do presidente Xi Jinping que descreveu o acordo como "bom para a China, os EUA e o mundo inteiro". Os assuntos mais delicados, entretanto, ficaram para a segunda fase de negociações. Entre eles, estão os enormes subsídios às empresas estatais.
Poucas horas antes da assinatura, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, pressionou Pequim a se manter na mesa de negociações e fazer maiores concessões – entre elas, algumas sobre cibersegurança e acesso de empresas americanas à China para que Washington possa aliviar as tarifas.
"Na fase dois, haverá reduções adicionais", declarou Mnuchin à emissora CNBC. "Isso dá à China um grande incentivo para voltar à mesa e aceitar assuntos adicionais que ainda não estão resolvidos".
Pelo acordo, a China concordou em pagar 200 bilhões de dólares adicionais em produtos americanos em dois anos. Esse volume inclui 32 bilhões de dólares em produtos agrícolas, quase 78 bilhões em bens como aeronaves, maquinário e aço e 54 bilhões de dólares em produtos do setor de energia.