Search
Close this search box.

Taurus estuda possível joint venture na Índia com a Jindal Group, gigante do setor de aço

LRCA Consulting

Em Fato Relevante divulgado hoje ao mercado, a Taurus Armas publicou que "foi assinado um adendo ao Memorando de Entendimentos (MoU) prorrogando seu prazo de validade por mais seis (06) meses, a fim de permitir as finalizações do estudo de viabilidade e da constituição de uma joint venture na Índia".

 

Segundo a Taurus, "Esta extensão representa um importante avanço nas negociações já que ambas empresas concordaram com a divulgação das partes envolvidas neste acordo".

 

 

A empresa também revelou uma informação que era secreta até hoje: "a parceira indiana da companhia é a Jindal Group, maior fabricante de aço da índia e uma das dez maiores do mundo, com faturamento superior a US$ 24 bilhões, EBITDA (sigla em inglês para receita antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) de U$ 5 bilhões e com 200 mil funcionários no mundo, sendo 45 mil profissionais somente na divisão de aço. A Jindal Group atua em diversos segmentos, tais como: energia, aço, minério, óleo, gás e infraestrutura. Fundada em 1952, é considerado um dos maiores grupos industriais indiano".

 

Por fim, a Taurus afirma que "A continuidade nas negociações para celebração desse Acordo é mais um passo importante na estratégia global da Taurus no processo de reestruturação baseado em rentabilidade sustentável, qualidade e melhora dos indicadores financeiros e operacionais, além do forte investimento no desenvolvimento de novos produtos e tecnologias".

 

Fuzis CQB e pistolas são os objetivos maiores

 

1. Fuzis CQB

O governo da Índia está realizando uma grande e milionária licitação internacional para adquirir cerca de 360 mil fuzis CQB (close-quarter-battle) para equipar suas forças policiais e militares. Estas armas nada mais são do que fuzis de assalto menores e com um cano mais curto, comparativamente mais leves e fáceis de manusear do que o fuzil de assalto, sendo adequados para operações policiais ou militares que requeiram combates à curta distância.

 

O fuzil Taurus T4, em suas três versões, é a grande aposta da empresa para essa licitação.

 

Adotado, desde o segundo semestre de 2017, como arma padrão pela Polícia Real de Omã, que importou 10 mil unidades, o Fuzil T4 produzido pela Taurus Armas S.A. em São Leopoldo-RS é um dos atuais carros-chefes da empresa para os mercados policial e militar do Brasil e do exterior.

 

No Brasil, o T4 é utilizado com sucesso pelas polícias militares e civis de diversos Estados. Recentemente, venceu uma licitação internacional para equipar a Polícia Civil do Estado de São Paulo.

 

É baseado na consagrada plataforma M4/M16, amplamente empregada pelas forças militares em todo o mundo e, principalmente, pelos países membros da OTAN, por ser considerada uma arma extremamente confiável, leve, de fácil emprego e manutenção.

 

Além disso, tem alta performance, confiabilidade, segurança e é fabricado com materiais de última geração, sendo adaptado para permitir o uso de uma vasta gama de acessórios.

 

2. Pistolas

A pistola padrão das forças armadas, paramilitares e policiais indianas é a Pistol Auto 9mm 1A, uma antiga e obsoleta pistola semiautomática de ação simples, cópia licenciada da pistola Inglis 9mm (Browning Hi-Power), fabricada sob licença na Índia pela empresa estatal Rifle Factory Ishapore desde 1981. A Hi-Power foi descontinuada em 2017 pela Browning Arms, mas permanece em produção sob licença e ainda é utilizada como pistola padrão pelas forças armadas e policiais de diversos países.

 

Em virtude dessa obsolescência, a joint venture entre a Taurus Armas S.A. e o Jindal Group pode ter como objetivo também fabricar a nova pistola padrão militar, paramilitar e policial. Para estas áreas, a Taurus disponibiliza pistolas de última geração, como a TH9, TS9 e PT57SC.

 

A Taurus Striker TS9, no calibre 9mm, foi adotada pela Polícia Nacional da Filipinas – uma das mais exigentes do mundo – como resultado de uma licitação internacional no final de 2018. A aquisição de um grande lote inicial de 10 mil pistolas Striker TS9 foi realizada após as armas passarem por um dos mais rigorosos processos de avaliação, incluindo teste de resistência de 20.000 disparos, onde as amostras foram aprovadas sem nenhum incidente, atendendo plenamente os requisitos da Norma NATO AC-225.

 

Legislação nova e cultura estatal antiga tornam mais demorada a decisão

A fabricação de armas e munições na Índia é regulada por um sistema de licenciamento estabelecido pela Lei de Indústrias (Desenvolvimento e Regulamentação) de 1951 e pela Lei de Armas de 1959 / Regras de Armas de 2016, sob domínio completo do Governo. Até 2001, a fabricação de armas de pequeno porte para as forças armadas, paramilitares e policiais estava restrita à produção de empresas pertencentes ao Departamento de Defesa. Em 2001, o governo permitiu a participação de 100% do setor privado indiano na fabricação de armas, sujeita a licenciamento, mas foi só a partir de 2015, através do Arms Act Amendment Bill, que o setor privado começou efetivamente a poder participar da indústria de defesa indiana.

 

Um mercado que impressiona pelo tamanho

O segundo país mais populoso do mundo (1,37 bilhão de pessoas) é considerado também uma das maiores potências militares do planeta, atrás apenas dos EUA, Rússia e China. Com mais de 1,3 milhão de homens e mulheres a serviço da nação, a Índia possui a quarta maior força militar do mundo em termos de efetivo, segundo levantamento da Global Firepower. Seu orçamento de defesa para 2018 foi de 45 bilhões de dólares, embora haja fontes que situem os gastos militares do país nesse ano entre 62 e 65,5 bilhões de dólares.

 

Na área de Segurança Pública, a Índia possui 1,4 milhão de policiais e cerca de 7 milhões de agentes de segurança particulares, sendo um dos países do mundo em que o efetivo de agentes de segurança pertencentes às empresas particulares do setor supera em muito o efetivo policial. Seja como for, o número de agentes e policiais armados impressiona.

 

Um joint venture bilionária

Caso vença a licitação internacional, o objetivo final da joint venture com o poderoso Jindal Group, dentro do conceito “Make in India”, é montar uma grande fábrica nesse país e passar a fornecer fuzis e pistolas para abastecer o seu imenso mercado militar, paramilitar, policial e de segurança privada.

 

Com foco no mercado local e também no internacional, a joint venture poderá estabelecer uma nova e poderosa empresa de armamentos, o que irá representar uma era auspiciosa para a empresa gaúcha que, desde 2017, realiza uma completa reengenharia em seus processos e, num verdadeiro turnaround, oferece agora somente produtos de alta qualidade e com inovações tecnológicas, voltando a ser lucrativa e a ter excelentes perspectivas.

Compartilhar:

Leia também
Últimas Notícias

Inscreva-se na nossa newsletter