Tenente Emília E Major Monteiro
O II Simpósio Pedagógico da Diretoria de Ensino da Aeronáutica (DIRENS) foi concluído nesta quinta-feira (3/10), após quatro dias de reflexões e debates sobre as atividades em curso e aspectos importantes para o planejamento previsto no Plano de Desenvolvimento Estratégico para o Ensino (PDEE). Mais de 170 participantes conheceram e discutiram as ações e metas para ampliação da qualidade na gestão educacional da Força Aérea Brasileira (FAB).
As palestras foram apresentadas por representantes das três Forças Armadas e de instituições como Ministério da Defesa, Ministério da Educação, Centro Universitário e Faculdade Projeção (UniPROJEÇÃO), Instituto de Ensino Superior de Brasília (IESB), Universidade Católica de Brasília (UCB), Instituto de Ensino e Pesquisa em Educação e Saúde (IEPES) e Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).
Nessa quarta-feira (02/10), a Capitão de Corveta Rosângela dos Santos Farias apresentou exemplos de sucesso na Avaliação Institucional como Ferramenta da Qualidade de Ensino. "A avaliação é o ponto de partida para a melhoria do ensino", ressaltou a oficial ao explicar as metodologias utilizadas no Sistema de Ensino da Marinha do Brasil e contar algumas das experiências.
O Diretor de Ensino da Aeronáutica, Major-Brigadeiro do Ar Rui Chagas Mesquita, comentou sobre o tema. "Temos essa preocupação em receber e analisar as críticas dos nossos diversos cursos para que seja feita uma boa avaliação e possamos melhorar a formação. Além disso, estamos buscando intensificar a avaliação acadêmica do militar ao longo da carreira", disse.
A Bibliotecária Izabela Capovilla, da empresa Práxis Softwares Gerenciais, falou sobre Repositórios Institucionais como Ferramenta de Gestão do Conhecimento Científico. "A humanidade sempre quis registrar, preservar, difundir, levar conhecimento para o futuro. Hoje, o objetivo continua o mesmo, apenas vamos evoluindo nossas ferramentas diante da quantidade e velocidade das informações com que temos que lidar", lembrou. "Temos que ter excelência técnica, mas sempre com o olhar na sociedade. Só o conhecimento muda a humanidade", ressaltou a pesquisadora.
A Tenente Pedagoga Alessandra Moulin, da Escola Superior de Guerra, apresentou informações sobre Elaboração de Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), Projeto Pedagógico (PP) e Projeto Pedagógico de Curso (PPC) como Ferramenta da Avaliação Institucional no Comando da Aeronáutica (COMAER).
Neuroaprendizagem e Práticas Pedagógicas foi o tema da palestra da Supervisora Pedagógica do Colégio Militar Tiradentes, da Polícia Militar do Distrito Federal, e Coordenadora de cursos do IEPES, Professora Mestre Micheliny Jafar de Souza Abreu. "Memória e atenção são fundamentais para a aprendizagem e estão ligadas à emoção. Portanto, temos mais facilidade em lembrar daquilo que nos marca de alguma maneira. Quanto mais interativo for o processo de ensino-aprendizagem, maior é a probabilidade de apreensão do conhecimento", reforçou.
A Professora Doutora Onília Cristina de Souza de Almeida, do IESB, corroborou as informações da palestrante anterior ao falar sobre Metodologias Ativas de Aprendizagem (MAA): Perspectiva Teórica. "Algumas pessoas aprendem melhor lendo, outras ouvindo ou assistindo a um vídeo ou, ainda, praticando o que aprenderam. Por isso, é essencial utilizar múltiplas técnicas de ensino", complementou.
À tarde, foi realizada uma Roda de Conversa sobre Experiências em MAA, com a participação do Coronel do Exército Brasileiro Márcio da Silva Amorim, da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN); da Tenente Pedagoga Karla Cristiani Lavrador Viegas, da Escola de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica (ECEMAR); do Professor PhD Jonathan Rosa Moreira, do UniPROJEÇÃO; e da Professora Especialista Natália de Vasconcelos Cordeiro, do IESB.
"No meio militar, a totalidade dos formados exercerão a profissão. Eles não são concorrentes, como no mercado de trabalho, mas, sim, nossos sucessores. Assim, é imprescindível que essa formação seja a melhor possível e evolua sempre", ressaltou o Coronel Amorim.
Ao término das apresentações, a Professora Natália resumiu o tema discutido e deixou uma reflexão aos participantes. "Ainda que seja um desafio para os docentes, é preciso entender que as metodologias ativas visam a potencializar ainda mais o ensino: afastar a preguiça, aproximar o aluno, desenvolver suas habilidades e contribuir para uma formação mais completa. E, para isso, o suporte pedagógico e tecnológico também é essencial", disse.
O último dia do evento foi dedicado às oficinas pedagógicas, que englobaram temas como Sala de Aula Invertida, Técnicas de Dinâmicas de Grupo Aplicadas à Sala de Aula, Aprendizagem Baseada em Problemas e Gamificação, que é a aplicação de dinâmicas, mecânicas e componentes de jogos para aumentar a motivação e o engajamento dos estudantes.
Também nesta quinta-feira foi realizada uma reunião entre os Comandantes das escolas de formação da FAB e militares da DIRENS e do Comando-Geral de Pessoal (COMGEP). O objetivo foi alinhar as políticas e estratégias da DIRENS com as práticas da Academia da Força Aérea (AFA), da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR), da Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR), do Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica, da Universidade da Força Aérea (UNIFA), da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais da Aeronáutica (EAOAR) e da Escola de Comando e Estado-maior da Aeronáutica (ECEMAR).
Ao encerrar o II SIMPEDIRENS, o Major-Brigadeiro Mesquita disse estar emocionado e satisfeito com o sucesso do evento. "Sinto muita felicidade em ver concretizado um evento que foi tão planejado. Vivemos momentos preciosos de construção e produção do conhecimento durante esta semana. O Simpósio veio consolidar o nosso pensamento sobre o papel do pedagogo na dimensão do ensino, que deve ser embasado pelo trabalho desses profissionais, além de professores e gestores", declarou. "Não existe processo de ensino-aprendizagem sem uma coordenação pedagógica. E o resultado do trabalho da DIRENS afeta diretamente a condução de todas as organizações da FAB", resumiu o Diretor de Ensino.
Ensino por Competências
Um dos principais aspectos tratado durante o II SIMPEDIRENS foi o ensino por competências. De acordo com a Tenente Pedagoga Aline Viana de Sousa, da DIRENS, ensino por competências tem sido uma tendência na educação em nível nacional, estando previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, na Base Nacional Comum Curricular e nos normativos de ensino da Marinha e do Exército, que já adotam essa abordagem educacional. No âmbito da Aeronáutica, o Plano de Modernização do Ensino (PCA 37-11/2017) explicita a implantação do ensino por competências na Força, visando um abandono gradual da abordagem educacional por objetivos.
"Com a nova concepção, a DIRENS entende que os currículos devem ser concebidos para mobilizar, articular e colocar em prática conhecimentos, habilidades, atitudes e valores necessários ao desempenho das atividades requeridas no contexto militar, privilegiando conhecimentos interdisciplinares e integrados", conclui a Tenente Aline.
Fotos: Soldado Thallys Amorim/CECOMSAER