Nelson Düring
Editor-chefe DefesaNet
A presença do Embaixador da Ucrânia no Brasil, Rostyslav Tronenko, em posição de destaque na Cerimônia de Santos do Dumont no palanque na solenidade realizada na Base de Brasília, 19 JUL2019, foi mencionada por DefesaNet( matéria EXCLUSIVO – 72 Horas de tensão no Planalto Central – Link.)
Foi parte do movimento de aproximação pois dias após (25JUL2019) o Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez, recebeu, na quinta-feira (25JUL2019), em Brasília (DF), o Comandante da Força Aérea da Ucrânia, Coronel General Serhii Drozdov junto com o embaixador Tronenko e o Adido de Defesa da Ucrânia, Comandante Coronel Oleksandr Mykhailenko, e de Oficiais-Generais do Alto-Comando da Força Aérea Brasileira. (Comandantes da Força Aérea Brasileira e da Força Aérea da Ucrânia se reúnem em Brasília Link)
O Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro-do-Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez, junto com o Comandante da Força Aérea da Ucrânia, Coronel General Serhii Drozdov e o embaixador Tronenko Foto – CECOMSAER
Na nota da FAB é mencionado que os dois comandantes trataram de assuntos de interesse entre as duas Forças Aéreas. “Este salutar encontro fortalece os laços que unem Brasil e Ucrânia, projetando as Forças Aéreas dos dois países como fiéis depositárias da confiança de nossos povos”, afirmou o Ten Brig Bermudez.
O assunto ficou mais claro quando o Coronel General Drozdov publicou na página do Facebook da Força Aérea da Ucrânia fotos da visita à Ala 5, no dia 24 JUL2019. Na foto o Cel Gen Drozdov é recebido pelo Comandante da Ala 5, Brigadeiro-do-Ar Augusto Cesar Abreu dos Santos.
Na comitiva o Embaixador Tronenko e um piloto da Força Aérea Ucraniana. Qual a missão? Uma avaliação do A-29 Super Tucano. A FAB disponibilizou aeronaves, que foram testatdas pelo piloto e também pelo próprio comandante Drozdov.
É uma posição surpreendente pois em muitos círculos ainda há o impacto da questão referente à Alcântara Cyclone Space.
Embraer promove o Super Tucano na Europa
Em recente evento sobre Close Air Support o vice-presidente de vendas da Embraer na Europa e Norte da África, Simon Johns, disse que o Super Tucano poderia oferecer uma capacidade aérea aos europeus como uma alternativa de baixo custo para jatos e helicópteros em suas missões.
A Embraer também apontou para nações como a Ucrânia, que carecem de financiamento para uma nova aeronave de combate, e que considerariam o Super Tucano uma opção acessível que acrescentaria considerável poder de combate. Além disso, a capacidade do Super Tucano de operar próximo à linha de frente torna-o ágil e flexível o suficiente para responder aos eventos em tempo hábil.
Pela importância da vinda do Coronel-General Drozdov o executivo da Embraer Simon Johns veio ao Brasil para acompanhar a delegação Ucraniana. Também ocorreram em reuniões com a Embraer Defesa & Segurança, em São Paulo.
Como parte desse impulso para a Europa, a Embraer está oferecendo alguns aprimoramentos à aeronave de linha de base. Johns observou, as mudanças “incluem a integração de munições guiadas como o míssil AGM-114 Hellfire da Lockheed Martin, que já está sendo integrado à aeronave, bem como foguetes e armas guiadas à laser.
O Cenário da Ucrânia
Integrar a operação do A-29 Super Tucano em um área de conflito de “Baixa Intensidade, com Alta Complexidade” como o da Ucrânia é um desafio a ser vencido. A Ucrânia busca um substituto para o venerando Su-25 e uma alternativa a helicópteros de ataque.
O Super Tucano não operaria em uma função clássica na linha de frente, mas procurando obter vantagem das características da aeronave: velocidade, silêncio, menor reflexão radárica e térmica.
Muitas funções podem ser executadas com mais eficiência que helicópteros. Foi incorporado recentemente um sistema Radar Warning Receiver (RWR) para identificar a emissão de radares e um sistema de Flash and Flares para proteção contra mísseis ar-ar e terra-ar.
O emprego de armas guiadas, possibilitando ataques desde uma área segura (+ 20 km), contra alvos blindados é atrativo. Também a baixa emissão térmica e radárica o torna mais operacional em um Teatro de Operações como o Ucraniano. Enfrentando e evitando sistemas de defesa antiaérea ao estilo russo.
Outras missões são na área de Inteligência, observação, reconhecimento onde poderá integrar e operar vários sensores.
Super Tucanos em operação pela Força Aérea Afegã Foto USAF
Implicações Geopolíticas
A decisão da Ucrânia de avaliar o Super Tucano tem dois aspectos relevantes.
Técnico operacional – Uma nova perspectiva de emprego para o Super Tucano em um Teatro de Operações classificado como de “Baixa Intensidade, com Alta Complexidade”. Pode ser considerado um spin-off do Programa da USAF Light Attack. A USAF está adquirindo 3 aeronaves A-29 para continuar as avaliações até o período de 2022-24. As avaliações incluem outras opções como drones.Até o momento o Super Tucano era avaliado para Teatros de Operações "Baixa Intensidade, Baixa Complexidade".
Geopolítica – A presença do embaixador Ucraniano em posição de destaque no palanque em Brasília e a visita do Comandante da Aeronáutica Drozdov e pilotos de testes para avaliarem pessoalmente a aeronave tem um vasto impacto geopolítico. Especialmente nas relações com a Rússia.
Aeronaves A29 em Operação noturna na Aviação do Afeganistão Foto USAF