O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, disse no domingo que dois ex-comandantes das FARC da vizinha Colômbia que estão desaparecidos são “bem-vindos na Venezuela”, em declaração que deve render críticas de que está oferecendo abrigo a grupos armados.
Falando ao lado do ditador de Cuba, Miguel Díaz-Canel, na cerimônia de encerramento do Foro de São Paulo, reunião de políticos e ativistas regionais de esquerda, Maduro qualificou os narcoterroristas Iván Márquez e Jesús Santrich como “líderes da paz”.
Santrich e Márquez — os nomes de guerra usados por Seuxis Paucias Hernández e Luciano Marín, respectivamente — se uniram ao partido político das FARC depois que o grupo rebelde de esquerda se desmobilizou em cumprimento de um acordo de paz de 2016 que encerrou uma guerra civil de décadas.
Mas Márquez desapareceu no ano passado depois que seu sobrinho foi preso e levado aos Estados Unidos para cooperar com investigadores antitráfico.
Mais cedo neste mês, a Suprema Corte da Colômbia ordenou a prisão de Santrich por ele não ter comparecido a um interrogatório sobre acusações de tráfico de drogas dos EUA.
O presidente colombiano, Iván Duque, insinuou que Santrich pode ter fugido para a Venezuela. Maduro disse que soube da possível presença de Santrich em sua nação através da declaração de Duque.
“Eles haviam anunciado que Iván Márquez e Jesús Santrich estavam vindo, e eu fiquei esperando”, disse Maduro. “Iván Márquez e Jesús Santrich são bem-vindos na Venezuela e no Foro de São Paulo, os dois são líderes da paz”.
Autoridades colombianas acreditam que terroristas e combatentes dissidentes das FARC que se uniram ao Exército de Libertação Nacional (ELN) estão escondidos na Venezuela e recebendo proteção de Maduro, segundo um relatório de inteligência militar visto pela Reuters.
O governo Maduro negou proteger terroristas colombianos.
As tensões entre os dois países vizinhos pioraram desde que Duque fez coro aos EUA e à maioria das nações latino-americanas reconhecendo Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional controlada pela oposição, como o líder legítimo da Venezuela, argumentando que a reeleição de Maduro em 2018 foi ilegítima.
Maduro, que classifica Guaidó como um fantoche dos EUA que tenta tirá-lo com um golpe, rompeu relações diplomáticas com Bogotá em fevereiro após a tentativa fracassada de Guaidó de levar ajuda humanitária à Venezuela através da fronteira colombiana.