Publicado Diário do Nordeste 25 outubro 2011
A Petrobras poderá não cumprir o cronograma de execução de todos os empreendimentos conforme estabelecido em seu plano, o que incluiria a refinaria Premium II, no Ceará. O atraso foi cogitado por uma fonte da empresa, em matéria publicada no jornal O Estado de São Paulo. A ameaça partiria da preocupação da estatal com seus lucros, que podem ter tido forte queda no terceiro trimestre do ano, como se prevê.
A redução no faturamento da empresa poderia impedi-la de cumprir com os investimentos de US$ 224 bilhões programados entre 2011 a 2015. A fonte informa que a capitalização da companhia feita no fim do ano passado, que a garantiu recursos de R$ 120 bilhões, seria suficiente para garantir os aportes para este e o próximo ano. A partir de 2013, contudo, os problemas poderiam surgir.
Premium II
A refinaria Premium II envolverá recursos de aproximadamente US$ 11 bilhões, mas, até agora, a Petrobras sequer solicitou a autorização para o início das obras de cercamento do terreno, as primeiras a serem realizadas. A usina, após diversos adiamentos, está prevista para 2017. Além dela, a estatal está construindo outras três refinarias no País: o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e a Premium I, no Maranhão. No plano de negócios até 2015, estão previstos de US$ 35,3 bilhões na ampliação do parque de refino. Contudo, o caixa da empresa vem sendo prejudicado com a alta do dólar e defasagem dos preços da gasolina e do diesel em relação à cotação internacional, questões que podem afetar diretamente a execução do plano, segundo o próprio documento já aponta. A realização do cronograma da plano de negócios é uma meta, que pode não ser alcançada.
Mudança de cenário
De acordo com o plano divulgado em julho passado, os investimentos levavam em consideração um cenário onde o dólar estaria custando R$ 1,73. Contudo, na última sexta-feira, a cotação já havia fechado em R$ 1,77 para o dólar comercial.
Já em relação ao preço do petróleo, cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) apontam que em oito anos, a estatal deixou de ganhar R$ 9 bilhões por este motivo. A última vez que alterou os preços no Brasil foi em 2009 e, de lá pra cá, a cotação do petróleo disparou no mercado internacional. Contudo, por opção do governo, a empresa foi impedida de repassar os aumentos.
Gasolina x etanol
A decisão da União de reduzir a quantidade de etanol na gasolina de 25% para 20% também impactou negativamente nas contas da petrolífera, que foi obrigada a triplicar o volume de combustível importado.
Perguntada se cogitaria alterar os prazos da Premium II, a Petrobras afirmou, através de sua assessoria de imprensa, que não comenta sobre o tema.
Para garantir que a estatal dê início às obras da refinaria cearense, o governador Cid Gomes já afirmou que busca audiência com a presidente Dilma Rousseff. A ideia é fazer pressão por meio do governo federal, conforme divulgou com exclusividade o Diário do Nordeste, na edição do último sábado.