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BR-VE: Gen Ex Azevedo – “Isso aí, não”

 

Nota DefesaNet

Matérias publicadas em Veja.

O dia em que um incidente banal por pouco não provocou um conflito militar entre o Brasil e a Venezuela?

BR-VE: Tensão na fronteira Link

Entrevista com o Gen Ex Azevedo Ministro da Defesa

BR-VE: Gen Ex Azevedo – "Isso aí, não" Link

Na quarta-feira 29, o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, recebeu VEJA em seu gabinete em Brasília. Em meia hora de entrevista, com seu estilo moderado, ele rechaçou a possibilidade de uma intervenção militar na Venezuela, mas afirmou que o Brasil está preparado para um eventual conflito armado.

Qual foi o momento de maior tensão durante estes catorze meses de operação de acolhimento de venezuelanos na fronteira? Foi quando houve o fechamento da fronteira no lado de lá, e os venezuelanos do nosso lado passaram a lançar pedras nos guardas da Venezuela. Os ânimos foram acirrados quando uma viatura deles se aproximou da fronteira. Mas daí vem o que a gente chama de diplomacia militar. Entramos em contato com os militares venezuelanos e dissemos: "Isso aí, não. Não pode botar um carro, senão eu boto um meu".

Uma ala do governo defendia uma resposta mais dura. Mas a resposta foi adequada. Mostramos que não havia necessidade de colocarem o carro, e eles o tiraram. Caso contrário, ia-se escalar uma crise.

Há a possibilidade de guerra com a Venezuela?

Eu não tenho bola de cristal, mas, no momento, não há motivo para uma intervenção militar. Não existe essa possibilidade por enquanto.

E se houver algum tipo de avanço da Venezuela em direção à fronteira brasileira?

Em primeiro lugar, não vai haver. Mas, se houver, nós vamos dar a resposta. Não tenha dúvida disso. Isso nós não vamos admitir de forma alguma.

O Brasil está preparado para um eventual conflito armado?

Antes de tudo, afirmo que não vejo essa necessidade. Mas estamos preparados. Temos um programa de mobilização que poucos países têm, temos o pessoal da reserva e indústrias estratégicas que podem fabricar mais munição.

Tropas da Venezuela movimentam-se na linha de fronteira, no dia 23 Fev 2019. Via Mateus Schuch / Zero Hora

Quanto uma guerra custaria?

Depende da extensão. Há vários planejamentos, mas são reservados.

Qual desfecho o senhor prevê para a crise na Venezuela?

Estive lá quatro vezes, acompanho de perto, e digo que a situação continua imprevisível. Um lado não cede, o outro acha que não tem de ceder. Há muitos atores envolvidos no mundo inteiro. A gente torce para que se resolva logo. Agora, a linha do Brasil já está traçada: é seguir a Constituição, que determina a não intervenção e a prevalência dos direitos humanos.

Até quando o Brasil vai suportar esse fluxo de venezuelanos?

Iniciamos a operação com recursos suficientes para um ano. O prazo de validade era até abril, e o presidente decidiu prorrogá-lo por mais um ano. Ainda que se resolva a situação politicamente, vai haver um delay e os venezuelanos continuarão chegando. E nós estamos com os abrigos cheios. Precisamos interiorizar as pessoas mais rapidamente.

É o que elas querem: emprego e oportunidade, e isso o Brasil pode dar. Estamos com mais de 7000 interiorizados, que as prefeituras acolheram. Há gente qualificada que pode ser aproveitada. Já chegaram professores, engenheiros, médicos. Eles preferem ter alguma expectativa de vida a continuar como estavam lá, sem emprego e sem comida.

Brasil e Estados Unidos dialogam sobre a situação na Venezuela?

Há um alinhamento. Sempre tivemos boas relações. Eles são uma potência e estão preocupados, como nós também estamos. Temos de juntar esforços.

 

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