O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a ameaçar o Irã, no domingo, alertando que um conflito seria o “fim oficial” da República Islâmica, e a Arábia Saudita alertou que está pronta para reagir com “força total” e disse que depende de Teerã Irã evitar uma guerra.
A escalada retórica vem na esteira dos ataques da semana passada à infraestrutura petrolífera saudita e ao disparo de um foguete na “Zona Verde” altamente fortificada de Bagdá no domingo, que explodiu perto da embaixada dos EUA.
“Se o Irã quiser lutar, esse será o fim oficial do Irã. Nunca mais ameacem os Estados Unidos!”, disse Trump em publicação no Twitter, sem dar detalhes.
Uma autoridade do Departamento de Estado dos EUA disse que o ataque com foguete em Bagdá não atingiu instalações ocupadas por norte-americanos nem provocou baixas ou danos significativos. Ninguém assumiu a responsabilidade, mas Washington está levando o incidente “muito a sério”.
“Deixamos claro ao longos das últimas duas semanas e voltamos a sublinhar que ataques contra pessoal e instalações dos EUA não serão tolerados e serão respondidos de maneira decisiva”, disse o funcionário em um comunicado por email.
“Responsabilizaremos o Irã se tais ataques forem realizados por suas forças militares por procuração ou elementos de tais forças, e reagiremos ao Irã de acordo”.
Riad, que enfatizou não querer uma guerra, acusa Teerã de ter ordenado o ataque de drone contra duas estações de bombeamento de petróleo do reino na terça-feira, que foi reivindicado pelo grupo houthi, aliado dos iranianos no Iêmen. Dois dias depois, quatro embarcações, incluindo dois navios-tanques sauditas, foram sabotados no litoral dos Emirados Árabes Unidos.
Em resposta, países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) adotaram “patrulhas de segurança reforçadas” nas águas internacionais da área do Golfo Pérsico no sábado, informou a Quinta Frota da Marinha dos EUA, estacionada no Barein, no domingo.
O Irã nega envolvimento nos dois incidentes, que ocorreram no momento em que Washington e a República Islâmica discutem as sanções e a presença militar dos EUA na região, provocando temores de um possível conflito EUA-Irã.
“O reino da Arábia Saudita não quer uma guerra na região, nem a busca”, disse o ministro de Estado para as Relações Exteriores, Adel al-Jubeir, em uma coletiva de imprensa no domingo.
"Se o Irã quiser brigar, será seu fim", diz Trump¹
If Iran wants to fight, that will be the official end of Iran. Never threaten the United States again!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 19 de maio de 2019
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alertou o Irã neste domingo (19/05), contra novas ameaças a seu país e indicou que, se Teerã quiser enfrentar Washington, este será seu "fim oficial".
"Se o Irã quer brigar, esse será o fim oficial do Irã. Nunca mais ameace os Estados Unidos", escreveu Trump em sua conta oficial no Twitter, em meio à crescente tensão entre os dois países.
Mais tarde, em uma entrevista à emissora Fox News, o presidente admitiu que não quer guerra, mas que não permitirá que o Irã tenha armas nucleares.
Trump se pronunciou após o comandante-chefe da Guarda Revolucionária do Irã – divisão das forças armadas do Irã, que em abril foi incluída pelos EUA em sua lista de grupos terroristas estrangeiros –, Hosein Salami, afirmar, no domingo, que o Irã não teme uma guerra, mas os Estados Unidos, sim.
"Não procuramos a guerra nem a tememos. Esta é a diferença em relação a eles, que têm medo da guerra", afirmou Salami em discurso durante uma cerimônia militar, transmitida pela televisão estatal iraniana.
Salami avisou que, quando a ameaça é remota, as forças iranianas apenas planejam uma resposta estratégica, mas que, quando a ameaça se aproxima, também entram em ação "em termos operativos". Ele alertou que Oriente Médio pode se tornar "um barril de pólvora" para Washington.
Os Estados Unidos decidiram enviar ao Golfo Pérsico o navio de assalto anfíbio USS Arlington, mísseis Patriot, o porta-aviões USS Abraham Lincoln e bombardeiros, depois de detectar "indícios" de planos ofensivos iranianos contra suas forças no Oriente Médio. No entanto, até agora, nem a Defesa nem o Departamento de Estado revelaram quais seriam essas evidências, o que gerou ceticismo tanto entre a oposição quanto entre alguns dos principais aliados.
Na sexta-feira passada, Trump criticou a mídia como "falaciosa" por fazer uma cobertura "imprecisa" da tensão com o Irã, mas comemorou o fato de que esse tipo de informação manter Teerã sem saber "o que pensar".
A maioria das autoridades iranianas, incluindo o líder supremo, Ali Khamenei, e o ministro do Exterior, Mohammad Javad Zarif, descartou uma guerra com os Estados Unidos.
"Nem nós nem eles procuramos uma guerra", assegurou Khamenei, insistindo que o confronto não é de natureza militar, mas "um choque de vontades".
Por sua vez, Trump, tem afirmado que está disposto a negociar com os líderes iranianos.
Há algum tempo, os EUA tentam isolar o Irã internacionalmente. Este mês, Trump anunciou a imposição de uma nova leva de sanções contra o país do Oriente Médio, desta vez atingindo os setores de ferro, aço, alumínio e cobre.
Míssil atinge área na capital do Iraque, mas não há vítimas
Um míssil foi disparado contra a fortificada Zona Verde da capital iraquiana Bagdá, que abriga prédios do governo e embaixadas estrangeiras, mas não causou vítimas, disseram militares iraquianos neste domingo.
Uma explosão foi ouvida no centro de Bagdá na noite de domingo, disseram testemunhas Reuters, e duas fontes diplomáticas de Bagdá também afirmaram ter ouvido o estrondo.
“Um míssil Katyusha caiu no meio da Zona Verde sem causar perdas, detalhes a serem revelados depois”, disseram os militares em um breve comunicado.
O lançador múltiplo Katyusha é um tipo barato de míssil de artilharia que pode atirar explosivos a um alvo mais rápido que a artilharia convencional, mas é menos preciso.
A polícia estava ordenando que as patrulhas corressem para a rodovia Mohammed al-Qasim, no leste de Bagdá, em busca de veículos suspeitos que possam estar transportando lançadores de mísseis.
Os policiais receberam uma denúncia de que o projétil havia sido disparado de dentro de um caminhão, disse à Reuters uma fonte da corporação.
A polícia procurava por suspeitos e pelo lançador de míssil no distrito leste de Nova Bagdá.
A embaixada dos Estados Unidos não foi atingida, acrescentou a fonte policial.
A embaixada em Bagdá e o consulado dos EUA na capital regional curda iraquiana, Erbil, retiraram a equipe não emergencial nesta semana.
O governo do presidente norte-americano, Donald Trump, disse que enviou forças adicionais à região para combater o que chamou de ameaças credíveis do Irã contra os interesses dos EUA, inclusive das milícias que apoia no Iraque.
O Irã e os Estados Unidos disseram que não querem a guerra, já que as tensões entre ambos aumentam.
¹com Deutsche Welle