A Arábia Saudita informou que drones carregados de explosivos atingiram unidades de extração de petróleo na região de Riad nesta terça-feira, no que o governo chamou de ato de terrorismo, dois dias após navios petroleiros sauditas serem sabotados na costa dos Emirados Árabes Unidos.
O ministro da Energia do maior exportador de petróleo do mundo, Khalid al-Falih, disse que um ataque a duas unidades não interrompeu a produção da commodity nem a exportação de petróleo ou produtos derivados.
O ministro afirmou, em comentários televisionados pela mídia estatal, que os dois ataques recentes ameaçaram o abastecimento global de petróleo e comprovaram a necessidade de combater “grupos terroristas por trás desses atos tão destrutivos”, incluindo a milícia Houthi, apoiada pelo Irã no Iêmen.
Administrada pelos houthis, a Masirah TV citou uma autoridade militar nesta terça-feira dizendo que os houthis haviam lançado ataques com drones em “instalações sauditas vitais”. Uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita combate os houthis no Iêmen há quatro anos.
O ataque desta terça-feira e a operação contra embarcações comerciais ao longo da costa dos Emirados Árabes Unidos ocorreram no domingo, à medida que os Estados Unidos e o Irã trocavam farpas sobre as sanções e a presença militar dos EUA na região.
Os Emirados Árabes Unidos não revelaram detalhes sobre a natureza do ataque a navios próximo de Fujairah, região vizinha ao Estreito de Ormuz, nem culparam qualquer parte ou país.
O Irã foi um dos principais suspeitos de sabotagem no domingo, apesar de Washington não ter provas conclusivas, disse um funcionário norte-americano familiarizado com a inteligência dos EUA na segunda-feira.
O Irã negou envolvimento e descreveu o ataque aos quatro navios comerciais como “preocupante e terrível”. O país pediu uma investigação.
O embaixador dos EUA na Arábia Saudita disse que Washington deveria aceitar o que chamou de “respostas razoáveis após a guerra”, após determinarem quem estava por trás dos ataques perto de Fujairah.
“Precisamos fazer uma investigação completa para entender o que aconteceu, por que isso aconteceu e, em seguida, chegar a respostas razoáveis após a guerra”, disse o embaixador John Abizaid a repórteres na capital saudita em comentários publicados nesta terça-feira.
“Não é de interesse (do Irã), não é do nosso interesse, não é do interesse da Arábia Saudita ter um conflito.”
Em meio a tensões com o Irã, petroleiros sauditas estão entre os atingidos na costa dos Emirados Árabes
A Arábia Saudita disse nesta segunda-feira que dois de seus navios petroleiros estavam entre as embarcações atingidas na costa dos Emirados Árabes Unidos, e descreveu o incidente como uma tentativa de minar a segurança da oferta de petróleo bruto em meio às tensões entre os Estados Unidos e o Irã.
Os Emirados Árabes Unidos disseram no domingo que quatro embarcações comerciais foram sabotadas perto do Emirado de Fujairah, um dos maiores centros de abastecimento do mundo, pouco depois do estreito de Hormuz. A natureza do ataque não foi descrita e nem quem estaria por trás.
Os Emirados Árabes Unidos identificaram na segunda-feira as embarcações como dois petroleiros sauditas de propriedade da empresa de transportes Bahri , uma barca de abastecimento de bandeira dos Emirados e um petroleiro norueguês.
A proprietária da embarcação norueguesa, a Thome Ship Management, disse que o navio foi “atingido por um objeto não identificado”. Imagens vistas pela Reuters mostravam um buraco no casco na linha da água, e com o metal retorcido e virado para dentro.
Uma testemunha da Reuters disse que mergulhadores estavam inspecionando os navios. A agência estatal de notícias dos Emirados Árabes disse que o porto de Fujairah operava normalmente.
O Irã, envolvido em uma crescente guerra verbal contra os Estados Unidos sobre sanções econômicas e a presença militar dos Estados Unidos na região, se manifestou para se isentar da autoria do possível ataque nesta segunda-feira.
O Ministro das Relações Exteriores do Irã chamou os incidentes de “preocupantes e terríveis” e pediu uma investigação.
Um importante parlamentar disse que “sabotadores de um outro país” poderiam estar por trás do ato, depois de dizerem no domingo que o incidente mostrava que a segurança dos países do Golfo Persa era frágil.
Uma autoridade norte-americana familiarizada com informações de inteligência dos Estados Unidos disse que o Irã era um dos principais suspeitos de ter perpetrado os ataques mas que os Estados Unidos não tinham provas conclusivas.
“Isso se encaixa no modus operandi deles”, disse a autoridade em condição de anonimato, sugerindo que as declarações do Irã se distanciando do incidente eram uma tentativa de “deixar a água mais turva”.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, compartilhou informações sobre a “intensificação” das ameaças do Irã durante encontros com seus equivalentes da UE e com o chefe da Otan em Bruxelas, segundo o representante especial dos EUA para o Irã, Brian Hook, disse a jornalistas.
Hook se negou a dizer se acreditava que o Irã tinha um papel no caso, ou se Pompeo culpava o Irã. Ele disse que os Emirados Árabes buscaram ajuda dos Estados Unidos na investigação e que Washington estava contente em ajudar.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã Abbas Mousavi disse que o incidente nos Emirados “tem um impacto negativo sobre a segurança de transportes marítimos” e pediu que os países da região “estejam vigilantes contra os planos desestabilizadores de agentes externos”, segundo informou a agência de notícias semi-oficial ISNA.