A conferência foi realizada no início de fevereiro no Centro Espacial de Houston (da NASA), no Texas, e a brasileira Arenda Oliveira, que atua há 15 anos na área de transporte aéreo e atualmente trabalha na empresa que é a maior provedora de tecnologia para viagens no mundo, participou do evento que é voltado para educadores formais e também para todos que apoiam e viabilizam a educação infantil multidisciplinar e de incentivo à pesquisa e tecnologia.
Arenda Oliveira uniu Ciências Humanas e Tecnologia para realizar o seu intuito de contribuir com a democratização e crescimento da indústria de viagens no Brasil e América Latina.
A Bacharela em Turismo pela UFPR, pós-graduada em Segurança de Voo no ITA e gerente de projetos certificada pela Stanford University, declara: “Ter participado do processo de inclusão da classe C na aviação comercial, anteriormente tão elitizada, é motivo de enorme orgulho. Meu propósito em minha profissão continua sendo de promover o Turismo como atividade socialmente inclusiva e de converter todo o potencial de nosso território em real desenvolvimento econômico e geração de renda através de políticas sustentáveis. No entanto, muitos planos são colocados sobre a mesa sem o menor embasamento tecnológico. Nossa deficiência estrutural no campo das ciências exatas mina o crescimento não só nesta, mas de todas as demais linhas de desenvolvimento de um país”.
Foi através de suas pesquisas sobre como repensar o ensino através de uma real multidisciplinaridade que chegou à NASA. Além de ser o ‘benchmark mundial’ da pesquisa e tecnologia de ponta, é o sonho de consumo de qualquer entusiasta relacionado a novas tendências de voo e espaço.
Contudo, os cursos hoje disponíveis na NASA, são exclusivamente para engenheiros e astronautas da casa, ou, norte-americanos. Arenda buscou informações sobre todas as possibilidades para estudar ou participar de eventos científicos da NASA e conseguiu se inscrever para o Congresso.
O foco da conferência realizada no início do mês em Houston foi reunir educadores do ensino básico de vários países para juntos pensarem e construírem estratégias que despertem para a importância de que Astrofísica e Comunicação, Matemática e Artes, Nutrição e Exploração de Planetas, caminhem juntas, sem estranhamento, nas próximas gerações.
Entre as atividades realizadas na Conferência estavam oficina de alfabetização lúdica simulando a comunicação entre a sala de controle e uma nave espacial (diretamente de onde foi ouvida a célebre frase “Houston, we have a problem”), como planejar e implementar um grupo de robótica em sua comunidade, práticas com engenheiros e astronautas da NASA nos diversos laboratórios do complexo: microgravidade, complexo de piscinas, preparação dos alimentos a serem consumidos no espaço, entre muitos outros. Arenda inclusive esteve com Gene Kranz, o engenheiro líder da missão Apolo 13 e foi o responsável por trazer a tripulação viva após os problemas técnicos.
Arenda, mãe de Clara, 3 anos, viu uma ótima oportunidade para materializar seu objetivo. Conversou com a diretora da escola de sua filha e inscreveu-se como Educadora Informal. Foi aceita. E em menos de uma semana de seu retorno dos EUA, já recebeu convites para palestras em instituições de ensino – incluindo escolas particulares e universidades – e grupos de empoderamento feminino. “Deu mais certo do que eu esperava” comemora Arenda e completa: “Meu foco agora é repassar o que vivenciei de forma didática a quem, de minha rede, é ligado à educação, neste primeiro momento. Fazendo sentido para eles, podemos pensar em um projeto piloto mais adiante. De qualquer maneira, estou muito contente em trazer este novo olhar para meu entorno, com a possibilidade de uma abordagem local, mas tenho a intenção de fazer algo de maior impacto e mais estruturado nacionalmente. Contem comigo como agente desta transformação, pois eu acredito”. Arenda Oliveira conta também que deseja visitar todos os países do planeta: “Deslocamentos domésticos e internacionais sempre fizeram parte de minha rotina profissional e, entre trabalhos e passeios, já visitei 80 países – muitos deles sozinha”. E completa confiante e determinada: ”Minha meta é visitar todos, por que não? Ainda nenhuma mulher sul-americana o fez. Eu quero, claro!”. Através de sua determinação Arenda conseguiu o sonho de atuar em áreas tradicionalmente consideradas masculinas sem perder sua visão feminina e através dela ajudar a transformar a educação multidisciplinar e inclusiva que não valoriza aptidões e não separa conhecimento e profissões por sexo. Uma história interessante é com sua filha, antes menos dela completar três meses de vida: Arenda não adiou a oportunidade de realizar um curso na Sorbonne (França) e a Academia francesa proporcionou a abertura necessária para que ela entrasse com a filha ou saísse da sala quando precisasse. Arenda foi acolhida e encontrou um ambiente maduro para a inclusão da maternidade na universidade. Foi, inclusive, homenageada na cerimônia de entrega dos certificados.