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NUCLEAR – A responsabilidade do setor nuclear


Roberto Travassos e Edson Kuramoto

 
Os acidentes de Mariana, Brumadinho e o mais recente, no Ninho do Urubu, estão provocando debates e cobranças de fiscalização e licenciamento. Estas manifestações são esperadas e sempre ocorrem, principalmente, em casos de acidentes de grandes proporções, embora as preocupações e cobranças devam ser para prevenir a ocorrência de novos acidentes, e não para pôr “a tranca depois da porta arrombada”.

No setor nuclear, as atitudes, os protocolos, as normas, as fiscalizações e os projetos têm como premissa básica a segurança e são rigidamente seguidas. As usinas nucleares são projetadas para operarem com segurança e eficiência, antecipando a ocorrência de possíveis falhas que possam vir a causar um acidente. A indústria nuclear foi a primeira, após a NASA, a utilizar uma metodologia da análise do risco de falhas nas usinas.

Durante a operação, as usinas nucleares são obrigadas a divulgar, para os outros operadores no mundo e para o público, quaisquer eventos anormais, incidentes e acidentes operacionais, ou seja, tudo que poderia vir a comprometer a segurança das mesmas. Analogamente, as melhorias introduzidas de projeto, construção e operação são compartilhadas por todas as usinas nucleares em operação no mundo.

A Associação Mundial dos Operadores (WANO) e a Agência Internacional de Energia Atômica da ONU inspecionam anualmente as usinas do mundo inteiro, inclusive, as brasileiras – Angra 1 e Angra 2, que, na ocasião, têm seus procedimentos operacionais auditados por estes órgãos internacionais.
 
Nos últimos anos, nossas usinas têm batido recordes de geração, operando com segurança, ficando, inclusive, entre as dez melhores usinas do mundo. Os protocolos de segurança são seguidos rigorosamente e aperfeiçoados continuamente.
 
A COPPE/UFRJ realizou o levantamento demográfico nas regiões próximas às usinas e estimou o tempo de evacuação desta população na hipotética situação de um acidente. Este estudo é base do Plano de Emergência Local, implantado na região circunvizinha às usinas de Angra dos Reis.
 
O Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (SIPRON), subordinado ao Gabinete de Segurança Institucional, elabora o Plano de Emergência das usinas de Angra, com a participação de todos os órgãos responsáveis pela execução do mesmo: as Defesas Civis do estado do Rio de Janeiro e do município de Angra dos Reis, a Comissão Nacional de Energia Nuclear, a empresa operadora das usinas (ELETRONUCLEAR), a Polícia Militar do Rio de Janeiro e as Forças Armadas.
 
A cada dois anos são realizados treinamentos de uma eventual evacuação da área periférica à central, que seria motivada por um hipotético acidente com liberação de radiação ao meio ambiente, com a ativa participação da população da circunvizinhança e de todos os órgãos responsáveis pela execução do Plano de Emergência. Adicionalmente, a Eletronuclear divulga o calendário anual de treinamento do Plano de Emergência, testes das sirenes e os procedimentos e protocolos em caso de emergência.
 
A cobrança da sociedade exigindo que as usinas nucleares sejam operadas com segurança tem que existir sempre, é válida e legítima, e deve ser ouvida pelas indústrias da área. Nós, do setor nuclear estaremos sempre à disposição para informar, responder a todos os questionamentos e, principalmente, cumprir nosso dever como cidadãos e mostrar a seriedade, a responsabilidade e o profissionalismo com que utilizamos a tecnologia nuclear para promover o desenvolvimento e o bem-estar da população brasileira.

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