O grupo guerrilheiro Exército de Libertação Nacional (ELN) reivindicou nesta segunda-feira (21/01) a autoria do atentado a uma escola de cadetes da Polícia Nacional da Colômbia na quinta-feira passada, que deixou 21 mortos e 68 feridos.
Em nota publicada em seu portal na internet, o ELN afirmou que o local do atentado era uma "instalação militar" onde se formam oficiais que atuam na "inteligência de combate, conduzem operações militares e participam ativamente na guerra contra a insurgência".
O grupo afirma que a "operação realizada contra a instalação é legítima dentro do direito da guerra" e afirma que todas as vítimas da explosão do carro-bomba na Escola de Cadetes eram combatentes.
A procuradoria-geral da Colômbia e o Ministério da Defesa já haviam identificado o motorista do veículo, José Aldemar Rojas Rodríguez, de 56 anos, como membro do ELN.
O incidente levou ao fim do já complicado processo de paz entre o grupo guerrilheiro e o governo. O presidente colombiano, Iván Duque, restabeleceu as ordens de prisão contra os dez integrantes do ELN que participavam das negociações de paz em Cuba e revogou a resolução que permitia a permanência dos representantes da guerrilha no país caribenho.
"Ficou claro para toda a Colômbia que o ELN não quer verdadeiramente a paz", disse Duque. O presidente citou uma longa lista de sequestros e ataques atribuídos à guerrilha desde o início das negociações de paz, em 2017, levadas adiante por seu antecessor, o ex-presidente Juan Manuel Santos, que assinou em 2016 um acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
O ELN afirma que Duque não deu a "dimensão necessária" ao gesto de paz feito pelo grupo, que declarou uma trégua unilateral entre 23 de dezembro e 3 de janeiro. "A paz não avança e o processo retrocede se os adversários em uma guerra não se respeitam. Isso começa por respeitar a dor de todos", afirma a nota divulgada pela guerrilha.
Os guerrilheiros afirmam que as Forças Armadas colombianas "aproveitaram o cessar-fogo para avançar as posições das suas tropas. É, portanto, muito desproporcional que, enquanto o governo nos ataca, declare que nós não possamos responder em legítima defesa".
Neste domingo, dezenas de milhares de pessoas, entre elas o presidente Duque, saíram às ruas em diversas cidades do país para condenar o atentado, que foi alvo de repúdio da comunidade internacional, e expressar apoio à Polícia Nacional.
Duque sustenta que, para retomar o diálogo com a guerrilha, o ELN deve libertar todas as pessoas que o mantém sequestradas e renunciar a todas as atividades criminosas. O ELN, por sua vez, pede ao presidente que envie a Cuba uma delegação para dar continuidade ao processo de paz e à elaboração de acordos que estavam sendo realizados com o governo anterior.