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Generais – No Twitter, Villas Bôas ‘redefiniu’ comunicação do Exército

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

 

Agora ex-comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas, 66, conseguiu em quatro anos à frente da Força criar um novo estilo de comunicação e interação com a sociedade. A opinião é dos generais Walter Braga Netto e Paulo Chagas, que compareceram nesta sexta-feira (11) à solenidade de transmissão de cargo, em Brasília.

Villas  Bôas foi substituído pelo também general Edson Leal Pujol em evento que contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro (PSL). O ex-comandante, porém, fará parte do governo, integrando o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), convidado pelo presidente.

O entendimento da dupla de generais é que Villas Bôas inovou ao usar uma rede social, o Twitter, para se dirigir ao povo brasileiro. E o ex-comandante o fez em diversos momentos importantes do período recente, como em abril, na véspera do julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) de um habeas corpus em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso em Curitiba e condenado na Lava Jato.

Na ocasião, Villas Bôas declarou, em tom de alerta, que repudiava a "impunidade" e que o Exército estava atento "às suas missões institucionais", sem detalhar o que pretendia dizer com as expressões.

 

Muitos elogiaram a proatividade do então comandante, mas também houve quem considerasse o conteúdo das mensagens como uma ameaça de intervenção. Os tuítes reverberaram na imprensa por dias.

"Essa é uma forma Villas Bôas de comunicação. Sempre foi", afirmou Chagas. "Eu destaco essa liderança e carisma dele. A liderança do general Villas Bôas e o carisma dele são coisas difíceis de se encontrar", elogiou Braga Netto.

A primeira mensagem do oficial foi publicada no Twitter em 6 de fevereiro de 2017. À época, alguns analistas chamaram atenção para a diferença de perfil entre Villas Bôas e o seu antecessor, Enzo Perl, considerado mais reservado.

Villas Bôas também se manifestou publicamente, sempre na rede social, em casos como o escândalo da JBS, o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), a prisão de Lula e a vitória de Jair Bolsonaro, que é capitão reformado do Exército, na última eleição.

Chagas destacou o tuíte em que o ex-comandante se pronunciou sobre o julgamento do habeas corpus de Lula no STF como um dos "momentos mais marcantes" do período em que Villas Bôas esteve à frente do Exército.

"Ali foi um ponto culminante. Havia o risco de o STF soltar o Lula e ele [Villas Bôas] teve algumas conversas privadas com a presidente do tribunal [ministra Carmen Lúcia, à época]. Depois mandou a mensagem no Twitter tranquilizando a população e dizendo: nós estamos aqui."

O general da reserva, que concorreu ao governo do Distrito Federal no ano passado e foi derrotado nas urnas, chegou a comparar a atitude de Villas Bôas com a famosa comemoração do jogador de futebol português Cristiano Ronaldo.

"Ele deu o recado: Eu estou aqui! Nós estamos aqui!", finalizou.

 

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