Vista por uns como uma das primeiras combatentes feministas pela liberdade e por outros como uma assassina brutal e sanguinária, ela tem sido uma presença constante na história da Europa.
Cerca de 2 mil anos atrás, essa aristocrata da Idade do Ferro liderou uma revolta e quase derrotou os poderosos exércitos romanos que invadiram sua terra natal, no que seria hoje East Anglia, no nordeste da Inglaterra. Seja amada ou odiada, Boudicca tem um lugar na história como uma pioneira, com a capacidade de reunir um grande número de tropas de tribos diferentes com seu talento natural para comandar. Então, que lições de liderança podem ser aprendidas com essa rainha guerreira?
1. Se vestir para a ocasião funciona
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Todos sabem a importância de se vestir para a ocasião – mas Boudicca é um dos poucos que perceberam como isso faz diferença.
Ela é comumente descrita como uma mulher feroz e poderosa, dirigindo sua própria carruagem e brandindo uma lança, com seu cabelo selvagem voando ao vento.
Não temos como saber como a rainha realmente era, mas o historiador romano Cassius Dio – escrevendo décadas depois da morte dela – oferece esta descrição:
"Na estatura, ela era muito alta, na aparência, aterrorizante, no relance de seu olhar, feroz. (…) Uma grande massa de cabelos negros caía sobre seus quadris, em volta do pescoço havia um grande colar de ouro e ela usava uma túnica de diversas cores, sobre a qual um grosso manto estava preso com um broche."
Há poucas dúvidas de que Boudicca tenha sido uma das primeiras a adotar o poder das roupas para passar uma mensagem – ela sabia como aproveitar esse recurso ao máximo, deixando uma impressão duradoura em seus inimigos.
2. Um nome forte pode te levar longe
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O nome Boudicca é derivado da antiga palavra britônica "boud", que significa vitória.
Boudeg significa portador da vitória, e Boudega – a alternativa feminina -, quem traz a vitória.
Podemos seguramente presumir que esse não era o nome que a rainha guerreira recebeu ao nascer, mas sim um que ela adotou mais adiante.
O nome forte parece ter ajudado na mobilização de um exército.
3. Nunca subestime as habilidades de alguém
O marido de Boudicca, Prasutagus, era o governante da tribo Iceni de East Anglia. Ele foi tolerante com os romanos invasores e por isso foi autorizado a continuar governando seu povo.
Mas, com a morte de Prasutagus, os romanos decidiram intervir.
Eles tomaram terras e, quando Boudicca se recusou a pagar grandes impostos, foi publicamente açoitada e forçada a assistir ao estupro de suas duas filhas, com ao redor de 12 anos na época.
Os romanos calcularam mal os resultados de sua punição.
Eles também subestimaram a ira de uma rainha desprezada: Boudicca decidiu revidar, reunindo tropas de sua própria tribo e de outras.
Os soldados reunidos derrotaram a Nona Legião Romana, destruindo a capital da Grã-Bretanha romana, Colchester, além das cidades de Londres e St Albans.
4. Treinamento efeitivo é mais valioso do que uma grande força de trabalho
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Após a queda de Londres e St Albans, o governador romano decidiu reunir suas tropas e confrontar o exército de Boudicca.
Embora ela parecesse ter uma vantagem numérica, os homens indisciplinados e mal equipados da rainha não eram páreo para a habilidade de tropas romanas, treinadas profissionalmente e bem armadas.
Mesmo com dez vezes mais soldados, como hoje se imagina, Boudicca foi derrotada pelo exército romano. Ela morreu logo após seu fracasso, depois de supostamente envenenar-se.
5. Destaque-se na multidão
O ataque liderado por Boudicca não foi o único contra a ocupação romana, mas sua rebelião se destaca na história em grande parte porque ela era mulher.
A arqueóloga britânica Jane Webster, da Universidade de Newcastle, diz que "mulheres líderes ofendiam as sensibilidades romanas".
"Não era a ordem das coisas. É por isso que sabemos muito mais sobre essa rebelião do que sobre muitos outras contra Roma."
A professora Miranda Aldhouse-Green, também arqueóloga e autora britânica, acha que Boudicca "é uma figura icônica, porque ela foi uma das poucas mulheres a enfrentar o poder de Roma".
Na verdade, ela continua sendo a única mulher a ter liderado forças combinadas da Grã-Bretanha contra um exército de ocupação.
Os registros históricos que temos sobre Boudicca são escassos, faltam detalhes e os que existem são muitas vezes contraditórios, mas Webster diz que "ela permaneceu na literatura e persistiu como um bom exemplo de rebeldia porque era mulher".
6. É importante ter um modelo
Durante o século 16, as pessoas voltaram a se interessar por escritores clássicos, e o relato do historiador romano Tácito sobre a rebelião de Boudicca foi ressuscitado.
Outra mulher importante e poderosa no mundo de um homem foi a rainha britânica Elizabeth 1ª, que diz ter se inspirado bastante na história de Boudicca.
Muito mais tarde, os vitorianos reinventaram Boudicca como uma figurona do imperialismo britânico.
Talvez a rainha guerreira tenha sido mais apropriadamente reivindicada pelo movimento sufragista e pelas mulheres que lutam pelos direitos femininos.
Ela se tornou um modelo importante para uma geração que lutou contra o patriarcado e conquistou o voto para as mulheres.
O professor Richard Hingley, arqueólogo da Universidade Durham, no Reino Unido, explica que, por sabermos tão pouco sobre ela, Boudicca "é uma figura muito flexível e ambígua que pode representar muitas coisas diferentes para pessoas diferentes".