O Exército de Guardiães da Revolução iraniana, vinculado pelos Estados Unidos à suposta trama terrorista desbaratada na terça-feira em Washington, negou nesta quinta-feira qualquer relação com o plano, informou a agência oficial iraniana, Irna.
Hossein Salami, vice-comandante dos Guardiães da Revolução, disse à Irna que as acusações americanas são engraçadinhas, mas não têm fundamento.
Na terça-feira, os Estados Unidos acusaram o Irã de estar por trás de um suposto planejamento de atentado contra as embaixadas da Arábia Saudita e de Israel em Washington e de assassinar o embaixador saudita, Adel al-Jubeir.
As autoridades americanas apontaram supostos membros da Força Al Quds, uma unidade de elite dos Guardiães da Revolução, como supostos responsáveis pelo planejamento, coordenação e supervisão da trama.
"Os reiterados fracassos e frustrações da política externa dos líderes dos EUA os levaram a esta tentativa de distrair a atenção da comunidade internacional do colapso atual do capitalismo", disse Salami.
Para ele, o principal motivo que Washington tem para tentar desviar a atenção internacional é a série de protestos espalhados no país, em referência às manifestações que há quatro semanas fazem os indignados em Wall Street, em Nova York, contra os abusos dos bancos e a crise econômica.
Segundo o comando militar iraniano, os americanos "inventam essas disputas ridículas e infundadas para criar a divisão entre os muçulmanos", neste caso entre o Irã e a Arábia Saudita.
Os Estados Unidos e Israel são os inimigos declarados do Irã. Já as relações de Teerã com Riad são instáveis, devido à aliança da Arábia Saudita com os EUA e também a sua rivalidade na área do Golfo Pérsico, embora sejam membros na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
O Departamento de Justiça dos EUA identificou os supostos envolvidos na ação terrorista nos EUA como Manssor Arbabsiar e Gholam Shakuri, ambos de nacionalidade iraniana, embora o primeiro tenha obtido também identidade americana e residisse em Nova York.
Arbabsiar foi detido no dia 29 de setembro no aeroporto internacional John F. Kennedy de Nova York e confessou que trabalhava para os Guardiães da Revolução, enquanto Shakuri, que reside no Irã, segue em liberdade e está igualmente vinculado a esse corpo de segurança iraniano, segundo os EUA.
O Departamento do Tesouro anunciou sanções contra cinco pessoas, quatro membros da Força Al Quds dos Guardiães da Revolução, supostamente vinculadas com o plano, além da companhia aérea comercial iraniana Mahan, também supostamente relacionada com esse corpo militar.
Inúmeras autoridades iranianas negaram a participação do país neste assunto e o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Ramin Mehmanparast, classificou de falsa a acusação e assegurou que o Irã e Arábia Saudita "mantêm relações de respeito mútuo".
Jornais rebatem EUA
A imprensa iraniana rebateu nesta quinta-feira as acusações americanas, considerando-as pouco confiáveis e com o objetivo único de prejudicar o Irã.
O jornal Javan, ligado à Guarda Revolucionária, acusado por Washington no caso, destaca "a ausência de provas" e ridiculariza "o fracasso do complô americano (contra o Irã) organizado com um ex-ladrão", em referência ao caso judicial do americano-iraniano apresentado como eixo do projeto.
O jornal conservador moderado Emruz afirma que as acusações americanas "constituem apenas um novo esforço para reativar o antigo projeto de criar divisões entre os dois principais países islâmicos", Irã e Arábia Saudita.
A imprensa de oposição também rebateu a denúncia americana com críticas e sarcasmo. O cenário do suposto complô desafia o "dos jogos eletrônicos mais complexos e constitui um insulto à inteligência dos iranianos", ironiza o Shargh, um dos principais jornais reformistas.
Com informações adicionais da AFP