Proteção Antiminas da Viatura Blindada de Transporte de Pessoal Média Sobre Rodas Guarani (VBTP MSR Guarani) (Título original)
Pablo de Borba Calegari – 2° Sgt Cav Instrutor do CI Bld
Carlos Alexandre Geovanini dos Santos – Ten Cel Comandante do CI Bld
As minas terrestres são uma das principais ameaças para as viaturas blindadas no campo de batalha. Com isso, buscou-se no Projeto Guarani o desenvolvimento de uma tecnologia eficaz de proteção contra minas e explosivos.
Uma mina anticarro, (mina AC), é uma mina terrestre desenhada para ser menos sensível e com uma carga explosiva maior que as minas antipessoais de modo a poder destruir uma viatura blindada, como por exemplo um carro de combate.
As minas AC foram utilizadas pela primeira vez em grande escala durante a Segunda Guerra Mundial. A mina anticarro necessita de uma pressão superior a 150 quilogramas para o seu acionamento, sendo detonada por carros e blindados, porém difícil de serem acionadas por seres humanos e animais.
|
Figura 1: Teste antiminas da VBTP MSR Guarani Fonte: www.defesanet.com.br |
A carga explosiva danifica os veículos por concussão, sendo seu funcionamento básico semelhante ao de uma mina antipessoal explosiva.
A mina anticarro é composta por um invólucro com carga explosiva e um detonador. Enterrada a pouca profundidade, sendo detonada pelo peso do veículo blindado que se quer atingir. Podem continuar ativas depois de muito tempo de sua instalação.
Teste antiminas da VBTP MSR Guarani
O teste antiminas da VBTP Guarani foi realizado pela empresa IBD (Deisenroth Engineering), sendo acompanhado por especialistas da Divisão de Veículos de Defesa da IVECO e por militares do Centro de Avaliações do Exército (CAEx), no campo de Provas da empresa TDW Gesellschaft für verteidigungstechnische Wirksysteme mbH, na cidade de Schrobenhausen, na Alemanha. Durante o teste, a viatura foi submetida à explosão de minas anticarro de seis quilogramas de explosivo do tipo trinitrotolueno (TNT).
Os efeitos das explosões na tripulação e guarnição da viatura blindada foram medidos, por meio de manequins padronizados, de acordo com requisitos estabelecidos em normas internacionais, que simulam as dimensões, as proporções de peso e articulação do corpo humano (dummies).
Os manequins foram devidamente fardados e equipados com capacete e colete balístico, conforme situação de combate a ser enfrentado pelos ocupantes do Guarani. Com isso, o teste evidenciou que a viatura possui grande capacidade de proteção a sua guarnição, contra ameças antiminas.
|
Figura 2: Mina anticarro alemã Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Mina_antitanque |
Célula de Sobrevivência
A VBTP Guarani foi idealizada e montada buscando-se evitar que equipamentos no interior da viatura tornem-se armas contra a guarnição, no caso de explosão de minas anticarro ou de dispositivos explosivos improvisados (IED).
Mesmo que uma mina anticarro não cause a destruição da viatura, causará uma onda de choque de alto teor no interior da viatura, expondo sua guarnição ao perigo. Com isso, o Guarani foi projetado para dar uma maior proteção interna a guarnição da viatura:
– A estrutura da viatura foi montada sobre um chassi, com o objetivo de aumentar a altura livre em relação ao solo, proporcionando uma maior área de escape para a onda de choque ocasionada pela explosão de uma mina anticarro;
– Os assentos do compartimento da guarnição são presos no teto da viatura, deixando-o livre e diminuindo o choque sofrido pela guarnição no caso de ameças antiminas;
– A carcaça é revestida internamente com o material chamado Spall Liner, produzido através da fibra sintética de aramida. Esse material é responsável por reduzir o cone de dispersão dos estilhaços no interior da viatura após a mesma ser alvejada, diminuindo os danos sofridos pela guarnição de forma exponencial; e
– O tapete antiminas é uma proteção adicional contra ameaças de minas terrestres. Ele serve como um absorvedor de energia), sendo aplicado sobre o piso do compartimento da guarnição.
Portanto, a VBTP Guarani possui um avançado mecanismo de proteção antiminas, buscando diminuir os impactos sofridos pela guarnição no interior da viatura em função da ação de minas anticarros.
|
Figura 3: Diferença do cone de dispersão ao se utilizar a Spall Liner (imagem da direita) Fonte: https://www.quora.com/Are-spall-liners-effective-agains t-HESH-and-HEAT-shells |
AÇO, BOINA PRETA, BRASIL!
-x-
Artigo relacionado: |
|
|
|
|
|
Veja também a cobertura especial: |
|
|
|