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EMBRAER e BOEING tentam fechar negócio antes de 2019

João José Oliveira
De São Paulo

Os executivos da Boeing e da Embraer aceleraram os trabalhos para concluir os contratos que vão criar a empresa que será dona dos negócios de aviação comercial da empresa brasileira. As duas companhias querem sacramentar o negócio este ano por pelo menos três motivos, apurou o Valor.

Do lado da Boeing, a Embraer é o investimento mais rápido para acessar o segmento de jatos de passageiros para até 150 lugares, uma vez que sua concorrente, a Airbus, já entrou nesse nicho, ao assumir a linha de aviões da canadense Bombardier.

O Valor apurou que a Boeing estuda alternativas para um eventual fracasso na sociedade com a Embraer pois vai entrar no negócio, com ou sem a brasileira.

Mas executivos dos dois lados mantém a meta de fechar os contratos até no máximo 5 de dezembro. O principal motivo da aposta é que os principais pontos do memorando de entendimento, assinado em 5 de julho, foram mantidos ao longo desses quase três meses. Além disso, a Embraer teme perder negócios se a incerteza permanecer. Os envolvidos entendem que todo o processo será retardado ainda mais se a finalização ficar para o ano em que o Brasil terá um novo governo.

Segundo o ‘Memorando de Entendimentos para Parceria Estratégica entre The Boeing Company e Embraer’, as empresas definiram como meta a conclusão dos processos de diligência legal e financeira, aprovações dos conselhos de administração das duas companhias e anunciar a criação da joint venture.

Boeing e Embraer acreditam que entre 5 de dezembro e o feriado de Natal conseguem receber a aprovação do governo e o sinal verde da assembleia de acionistas.

As duas empresas consideram factível o risco atrasos no ano que vem uma vez que dois dos três candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto para Presidente – Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT) – afirmaram que vão rever o negócio.

O Valor apurou que o memorando continua valendo em sua integralidade. A agenda de executivos, advogados e consultores tem sido usada para transformar princípios em contratos jurídicos perfeitos.

Conforme o acerto, a Boeing vai pagar US$ 3,8 bilhões por 80% do segmento de aviões comerciais da Embraer. A nova companhia, por enquanto chamada de NewCo, terá sede no Brasil. A Boeing terá “o integral controle estratégico e operacional e a administração dos negócios relacionados à aviação comercial da Embraer e sua total integração na Boeing”, enquanto a Embraer vai receber dividendos.

Um item mais delicado da joint venture é a redação dos contratos que vão reger as relações entre a Embraer e a NewCo. A empresa brasileira terá condição “preferencial”, por exemplo, quando a nova companhia for contratar serviços e fornecedores na cadeia de suprimentos.

Assim, a Embraer terá dois canais abertos para manter o fluxo de caixa da companhia depois que perder o controle da unidade de jatos comerciais – que responde por cerca de 60% do seu faturamento.

A Embraer vai receber dividendos dentro de uma política que obriga a NewCo a distribuir pelo menos 50% dos resultados e passará a ser remunerada por vendas de serviços e suprimentos para a joint venture em condições preferenciais.

Esses dois canais devem ser capazes de garantir que a geração de caixa da NewCo seja um fluxo de recursos perene que mantenha a Embraer sustentável no longo prazo.

A Embraer continuará dona das unidades de defesa & segurança e de jatos executivos, que respondem por cerca de 35% das vendas atuais da companhia. E essas operações demandam investimentos para se manterem sustentáveis e competitivas após a holding perder sua unidade de maior geração de caixa.

Embraer e Boeing chegaram a uma fórmula para evitar o risco de diluição da empresa brasileira na nova companhia. Segundo o memorando, a nova empresa pode fazer operações de aumento de capital ou de endividamento com finalidade de pesquisa e desenvolvimento, investimento, capital de giro ou financiamento de operações, prejuízos, pensão, endividamento, tributos.

Como a Embraer teria o direito de realizar seu aporte ‘pro rata’, o valor seria menor que o da sócia americana, na relação de quatro para um. “Financiamentos de dívida com parte relacionada somente seriam permitidos com base em termos que sejam melhores para a NewCo do que aqueles disponíveis com terceiros credores” determina o memorando.

A Boeing aposta em uma forma que encontrou de “adoçar” o contrato para amenizar a oposição de minoritários preocupados com o futuro da companhia. Por meio de opção de venda a Embraer terá o direito de receber pagamento em dinheiro por qualquer parcela de suas ações na NewCo, com o preço equivalente a pelo menos o pago pela Boeing no momento da aquisição da participação acionária na joint venture.

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