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Argentina inaugura central nuclear após 25 anos

ARIEL PALACIOS

"Isto aqui era um imenso galpão com corujas e ratazanas", disse a presidente Cristina Kirchner ao mostrar o salão onde inaugurou a principal turbina da terceira central nuclear argentina, Atucha 2, no município de Lima, a 115 quilômetros de Buenos Aires. A frase era uma alusão à paralisia do setor atômico argentino por duas décadas e meia, já que a usina tinha prazo original de inauguração para 1986.

"Esta usina foi o símbolo dos diversos adiamentos sofridos por nossa economia", discursou. Depois, afirmou exultante que seu governo "está atrás de muito mais na área atômica" e prometeu para breve o início da construção de uma quarta usina nuclear no país.

Atucha 2, que usa urânio natural como combustível, tem 700 megawatts de potência. Junto com as duas centrais atômicas existentes – Atucha 1 (de 1974, a primeira da América Latina, com capacidade de 374 MW e Embalse (inaugurada em 1984, com 648 MW) -, a participação nuclear na geração de energia elétrica da Argentina passará de 6% para 10%. "Prolongaremos a vida útil da Usina de Embalse por 30 anos e construiremos Atucha 3", disse Cristina.

A construção de Atucha 2 começou em 1981. Porém, erros no planejamento e sucessivas crises econômicas atrasaram as obras, que foram totalmente paralisadas em 1994. Mas, em 2005, o então presidente Néstor Kirchner, marido e antecessor de Cristina, decidiu retomar a construção da usina, prometendo gasto não superior a US$ 400 milhões. Apesar da promessa, o governo precisou desembolsar US$ 2,4 bilhões para concluir as obras.

Agenda cheia. Na reta final da campanha eleitoral, a presidente Cristina – que disputa a reeleição em 23 de outubro – está atarefada com inaugurações de obras da área energética e anúncios de novos investimentos no setor. Na semana passada, apresentou a nova linha de transporte de alta tensão Comahue-Cuyo, na província de Mendoza. Além disso, na segunda-feira anunciará a construção de duas refinarias para reduzir a importação de combustíveis.

Ontem, na Província de Chubut, na Patagônia, a presidente cortou a fita inaugural do maior parque eólico do país. A obra de US$ 144 milhões, instalada pela empresa Emgasud na cidade de Rawson, 1.400 quilômetros ao sul de Buenos Aires, vai gerar 48,6 MW para o sistema nacional de energia.

O plano do governo Kirchner é driblar a crise energética, que desde 2004 foi um dos calcanhares de Aquiles do modelo econômico do kirchnerismo, já que foi a causa de vários apagões, além de cortes de energia elétrica e gás no setor industrial, especialmente no inverno.

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