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FHC – No Brasil criam-se ‘condições revolucionárias’

SÃO PAULO – O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso publicou um artigo no jornal americano The Washington Post em que diz que o Brasil tem reunido "condições revolucionárias" nos últimos tempos. Segundo ele, a soma de crise econômica, polarização política e descrença da população estabelecem grandes riscos para as eleições de outubro.

 

Texto na íntegra em inglês, como publicado no The Washington Post, em 06 Junho 2018, pode ser acessado ni link:

FHC – Revolutionary conditions are developing in Brazil FHC Washington Post Link

Para evitar uma "regressão", o ex-presidente defende a convergência de líderes capazes de preencher o que chama de lacuna entre sociedade e política. Segundo o texto, publicado na quarta-feira, 6, essa seria a única forma de reconstruir a confiança no País. "Ou o Brasil se unirá a outras democracias em desintegração, como a Venezuela, que abraçaram falsos profetas e demagogos que persuadem a população que a única solução para a crise está na relação direta de um homem forte com as massas".

Caso isso ocorra, afirma o texto, a democracia, a liberdade e os interesses públicos estarão em risco. Ele diz ainda que o País tem uma série de problemas estruturais, como a necessidade de integração maior à rede global de produção e comércio. "Grande parte do dinamismo econômico do Brasil nas últimas décadas veio do aprofundamento e expansão do mercado interno. Mas falta capacidade de exportar bens manufaturados", escreveu.

Além desses problemas, o ex-presidente criticou a política econômica do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Operação Lava Jato, e da ex-presidente Dilma Rousseff, que teriam realizados gastos fiscais de maneira "imprudente". Diz também que o sistema político brasileiro vive uma crise moral e que as investigações da Justiça têm mostrado grandes redes de corrupção entre governo, partidos e empresas.

Dentro desse contexto, o ex-presidente lembra que nenhuma revolução ocorreu no Brasil, mas diz que o País hoje testemunha condições revolucionárias. "Os vingadores estão se preparando para cortar as cabeças e são aplaudidos pela população. Se a história é um guia, o fim do jogo tende a ser a chegada de um líder carismático, salvador ou um homem forte que vem para acabar com a anarquia", diz.

Segundo Fernando Henrique, esses são os grandes riscos das próximas eleições, mas há uma saída. "Uma visão comum do futuro é a única mensagem que pode unir a sociedade. As demandas sociais estão ligadas às necessidades básicas das pessoas: a busca por empregos, a luta contra a desigualdade e as queixas sobre a incapacidade do Estado de prover segurança, moradia, transporte, saúde e, acima de tudo, educação", afirmou.

Para ele, o risco de regressão coexiste com a perspectiva de renovação. "Há, portanto, razão para a esperança – se encontrarmos a vontade política de transformar nossas instituições em sincronia com as aspirações públicas".

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