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Lockout – Para cúpula militar, situação é delicada

 

Tânia Monteiro

Nota DefesaNet – O texto abaixo é do portal Estadão. A edição impressa é resumida e não contém menção à declaração do Deputado Bolsonaro.

 

Pela segunda vez, em menos de seis meses, os militares estão preocupados com a posição em que foram colocados, diante da população, por conta de uma nova crise, agora provocada pela paralisação dos caminhoneiros, que ontem entrou no sétimo dia, provocando um caos em todo o País. Um integrante do Alto Comando das Forças Armadas disse ao 'Estado', sob a condição de anonimato, que o governo jogou a crise "no colo" deles de novo, como quando foi decretada a intervenção de segurança pública no Rio de Janeiro.

Ele considera que a situação atual poderia ter sido evitada se o governo tivesse agido com antecedência.

A grande preocupação das Forças Armadas é parecer que os militares querem um protagonismo, o que, diz ele, não procede. Além disso, fontes consultadas pela reportagem se queixam que em casos como esses é atribuída uma responsabilidade às Forças Armadas para resolver problemas que não estão apenas nas mãos do Exército, Marinha e Aeronáutica, porque dependem de determinação e pedido de auxílio para cada missão, em cada Estado.

A avaliação da cúpula militar, que tem feito pelo menos duas reuniões diárias, por videoconferência entre todos os comandos do País, incluindo as três forças, é que "a situação é muito delicada" e o "quadro se agravou muito nas últimas horas (durante o domingo)", mesmo com a desobstrução de rodovias em muitos pontos do Brasil.

Um dos oficiais-generais consultados explicou que não adianta liberar estrada, sair do acostamento, se o caminhoneiro continuar parado como está e não fizer a mercadoria circular.

A segunda-feira está sendo considerada um dia crucial para se medir a temperatura do que está por vir, mas os militares lembram que surgiu um problema crítico: a greve de 72 horas dos petroleiros, anunciada para a zero hora de quarta-feira.

À disposição. Os militares reiteram, no entanto, que estão à disposição para ajudar, no que for preciso, sempre dentro do respeito aos preceitos constitucionais e agindo seguindo os pedidos do Planalto, e não por iniciativa própria.

 

O maior incômodo deles é que quando o presidente Temer anunciou que estava convocando as forças federais para ajudar a restabelecer a ordem e retomar o abastecimento do País, ficou parecendo que os militares iam chegar e, como se fosse função deles, resolver o problema da paralisação dos caminhoneiros no fim de semana.

"Não é nosso papel", reclamou outro integrante do alto comando das Forças, lembrando que eles atuam para apoiar outras ações.

Este mesmo militar lembrou que, no caso do Rio, a forma como foi colocada a questão, deu a impressão de que os militares, ao assumirem a segurança pública do Estado, iam resolver o problema da criminalidade em um mês, devolvendo a tranquilidade da população, que foi destruída ao longo de décadas, com contaminação de todos os poderes locais.

 

Afogadilho. A avaliação é de que, no processo dos caminhoneiros, todas as medidas foram tomadas de afogadilho, atirando para todos os lados e, ao final, se tornando refém da categoria, deixando claro para o País a péssima sensação de que "está dando tudo errado". Os militares observam ainda que é muito ruim o governo estar negociando com a faca no pescoço.

De acordo com vários integrantes da cúpula consultados, o governo parece "estar perdido" na condução desse processo porque não sabe quem é o interlocutor certo e com quem está negociando.

Eleito deve revogar multas de Temer, diz Bolsonaro

O pré-candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro, do PSL, criticou a ação do governo na tentativa de encerrar a paralisação dos caminhoneiros. Pelo seu perfil no Twitter, Bolsonaro afirmou que um futuro presidente honesto e patriota deve revogar qualquer multa, prisão ou confisco a caminhoneiros que sejam determinados pelo presidente Michel Temer.

 

 

No sábado, após reunião de Temer e mais oito ministros, o governo anunciou que aplicará multa de R$ 100 mil por hora a transportadoras que não voltarem ao trabalho.

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, portavoz da decisão governamental, apontou, ainda, que foram requisitados mandados de prisão para alguns empresários suspeitos de estarem promovendo locaute (greve de empresas).

Efeito dominó

O desabastecimento agora, lembram os militares, está chegando ao interior do País, como num efeito dominó, e o retorno à normalidade está cada vez mais distante

 

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