As Forças Armadas israelense lançou uma série de mísseis contra posições iranianas na Síria nesta quinta-feira (10/05), numa represália ao ataque com foguetes, por parte de forças iranianas em território sírio, contra bases israelenses nas Colinas do Golã.
O ataque marca a maior intervenção israelense desde o início da guerra civil na Síria, onde forças iranianas, milícias xiitas e soldados russos estão estacionados em apoio ao regime do ditador Bashar al-Assad.
"Bombardeamos quase todas as infraestruturas iranianas na Síria. Se nos molham com chuva, nós fazemos cair uma tempestade sobre eles", disse o ministro de Defesa israelense, Avigdor Lieberman. "Espero que eles tenham entendido a mensagem."
Segundo o governo Benjamin Netanyahu, as forças iranianas dispararam, a partir da Síria, 20 foguetes que tiveram como alvo posições militares israelenses no Golã, território tomado da Síria por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Todos os disparos foram interceptados.
A resposta israelense foi imediata e dura: envolveu quase 30 aeronaves e o disparo de 70 mísseis. De acordo com o independente Observatório Sírio de Direitos Humanos, 23 combatentes morreram no ataque, o que inclui cinco soldados sírios e 18 integrantes de forças aliadas.
O vice-ministro das Relações Exteriores russo, Mikhail Bogdanov, apelou à moderação. O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu o fim da escalada de confrontação, a maior entre Irã e Israel na guerra síria.
Uma guerra complexa
Israel vem tentando se manter relativamente distante da guerra civil na vizinha Síria desde que o conflito teve início, em 2011, apesar de ter realizado uma série de ataques aéreos contra carregamentos de armas supostamente destinados ao libanês Hisbolá, grupo militante aliado de Teerã e Damasco.
Recentemente, autoridades israelenses vêm alertando para o fato de o Irã e seus aliados xiitas estarem se estabelecendo permanentemente na Síria, o que poderia se voltar contra Israel.
Autoridades israelenses temem que os iranianos usem a Síria para efetuar ataques ou criar um corredor para o Líbano, que facilitaria a transferência de armas para o Hisbolá. Israel combateu o grupo militante xiita na devastadora Guerra do Líbano de 2006.
"O Irã está fazendo da Síria uma nova frente contra Israel, um trampolim para conquistar Israel a partir de lá", disse recentemente a ministra israelense da Justiça, Ayelet Shaked. "Israel não ficará de braços cruzados, observando o Irã tomar conta da Síria."
Os militares israelenses até agora já reconheceram ter realizado cerca de cem ataques contra alvos na Síria, mas nenhum do porte do desta quinta-feira.
O cenário se complica também pelo fato de o Hisbolá, apoiado pelo Irã, se aproximar cada vez mais da fronteira com Israel através das Colinas do Golã. E o regime de Assad, aliada de ambos, costuma pôr a Síria à frente da resistência a Israel.
O Irã está presente na Síria com vários grupos de milícias. Teerã vem usando cada vez mais a guerra civil síria para interferir em Israel. O Irã investe pesadamente no Hisbolá – atualmente, são 800 milhões de dólares anuais. Há anos que o Hisbolá vem expandindo constantemente seu arsenal. A organização teria cerca de 120 mil mísseis apontados na direção de Israel.