Promotores escoceses pediram ajuda do governo provisório líbio para localizar informações sobre suspeitos de envolvimento no atentado de 1988 contra um avião dos EUA sobre a cidade de Lockerbie, na Escócia.
"Em especial, pedimos ao Conselho Nacional de Transição (CNT) que disponibilize à Coroa qualquer evidência documental ou testemunhal que possa contribuir com os inquéritos em andamento", disse nesta segunda-feira uma porta-voz do Escritório Escocês da Coroa.
O CNT prometeu se pronunciar ainda nesta segunda-feira.
Abdel Basset al Megrahi, ex-agente líbio condenado pelo atentado que matou 270 pessoas, foi libertado em 2009 e devolvido à Líbia por razões humanitárias — ele sofria de câncer de próstata em estágio terminal.
Sua libertação, a recepção como herói e o fato de ter uma sobrevivência muito maior do que os médicos previam enfureceram muita gente nos EUA, país de origem da maioria das vítimas.
Mas o Escritório da Coroa notou que o tribunal que julgou o caso concluiu que ele não agiu sozinho.
"Lockerbie continua sendo um inquérito aberto a respeito do envolvimento de outros com o sr. Megrahi no assassinato de 270 pessoas", disse a porta-voz.
A polícia na época pediu para ouvir outros oito suspeitos, mas o então governante líbio, Muammar Gaddafi, não autorizou.
Em março, Mustafa Abdel Jalil, ex-ministro da Justiça de Gaddafi e hoje primeiro-ministro interino do CNT, disse ter evidências do envolvimento de Gaddafi no atentado contra o voo 103 da Pan Am.
Megrahi foi condenado em 2000 num tribunal escocês que se reuniu em caráter excepcional na Holanda. Outro réu no processo, Al Amin Khalifa Fhimah, foi absolvido.
No mês passado, ele disse ao jornal sueco Expressen que Gaddafi deveria ser julgado pela suspeita de ter ordenado o atentado.
"Há um tribunal, e cabe a ele explicar se é inocente ou não", afirmou Fhimah.
O paradeiro de Gaddafi é desconhecido desde que as forças dos CNT entraram em Trípoli e assumiram o poder, no mês passado.
(Reportagem de Michael Holden em Londres e Hisham el-Dani em Trípoli)