O presidente francês, Emmanuel Macron, inicia nesta segunda-feira (23/04) uma visita de três dias a Washington, com uma agenda especialmente cheia de atos protocolares em um momento "forte da política internacional".
Trata-se da primeira visita de Estado de um dirigente aos Estados Unidos desde que Trump chegou à Casa Branca, reflexo das boas relações entre os líderes.
Macron apelou neste domingo a seu homólogo americano, Donald Trump, para que mantenha o acordo nuclear com Teerã, argumentando que não há um "plano B".
Trump prometeu retirar-se do acordo com o Irã até 12 de maio, caso os negociadores dos Estados Unidos e europeus não se empenhem em reparar o que ele chama de "falhas sérias" no documento.
Numa entrevista à emissora Fox News, o presidente francês reconheceu que o acordo de 2015, que restringe as ambições nucleares iranianas, é "imperfeito", mas disse não ver opção melhor.
Na entrevista, Macron também contestou as novas tarifas alfandegárias que Trump ameaçou impor a partir de 1º de maio, considerando que não se faz "guerra comercial com aliados".
A luta contra o terrorismo, o futuro político da Síria e um acompanhamento da situação no país após a operação militar conjunta que a França lançou contra instalações de armas químicas junto aos EUA e o Reino Unido também devem ser tema do encontro.
Macron sobre Putin: "Eu o respeito. Eu o conheço. Sou lúcido"
Em face ao aumento das tensões entre os países ocidentais e Moscou, Macron alertou que o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, é um "presidente forte", diante do qual "não devemos nunca nos mostrar fracos, senão ele se aproveita disso".
"Ele é forte e inteligente, mas não é ingênuo", continuou, avaliando o seu homólogo russo como "obcecado" com a interferência na democracia dos outros países.
"Ele intervém em todos os lugares, quero dizer, na Europa e nos Estados Unidos, para enfraquecer as nossas democracias, pois acha que isso é bom para seu país", acrescentou, sublinhando: Putin "tem uma ideia de democracia que não é a minha". "Eu o respeito. Eu o conheço. Sou lúcido", concluiu.
O confronto entre o Ocidente e a Rússia atingiu níveis sem precedentes desde o fim da Guerra Fria depois do envenenamento do ex-agente duplo russo Sergei Skripal na Inglaterra, em 4 de março. A crise culminou contra uma ofensiva com mísseis dos EUA, França e Reino Unido contra o regime de Damasco, aliado de Moscou, em resposta a um suposto ataque químico contra civis.
Irã promete reações "esperadas e inesperadas" se EUA deixarem acordo nuclear¹
O presidente do Irã, Hassan Rouhani, disse neste sábado que está pronto para tomar reações “esperadas e inesperadas” caso os Estados Unidos se retirem de um acordo nuclear internacional, como o presidente do país, Donald Trump, ameaça fazer. “Nossa organização de energia atômica está totalmente preparada… para ações que são esperadas e ações que eles não esperam”, afirmou Rouhani, em discurso realizado na televisão estatal, referindo-se à decisão de Trump de deixar o acordo no próximo mês.
O acordo feito entre Irã, Estados Unidos e cinco outros países impõe travas do programa nuclear iraniano em troca de alívio nas sanções internacionais. Trump disse que o acordo foi um dos piores já negociados.
Em janeiro, o presidente norte-americano deu um ultimato a Reino Unido, França e Alemanha, dizendo que eles precisam concordar em ajustar o que os EUA veem como falhas na negociação, ou ele se recusaria a estender os fundamentais cortes de sanções realizados até então.
O embaixador do desarmamento dos EUA, Robert Wood, afirmou na quinta-feira que Washington está tendo discussões “intensas” com seus aliados europeus antes do prazo final de 12 de maio, quando as sanções norte-americanas retornarão a não ser que Trump decrete um novo período de suspensão.
¹com Agência Reuters