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Embraer e Boeing – Fornecedores também querem ser parceiros

Próximas de fechar uma proposta de parceria para ser apresentada ao governo brasileiro, Embraer e Boeing começam a ser pressionadas para acomodar no negócio a cadeia de fornecedores da fabricante brasileira. Um manifesto liderado pelo Centro das Indústrias de São Paulo (Ciesp), de São José dos Campos, sede da Embraer, e a favor da associação entre as duas fabricantes pede que o cluster aeronáutico da região, que reúne mais de 70 empresas, seja incluído nas negociações envolvendo as duas companhias.

Parte importante da cadeia produtiva dos aviões produzidos pela Embraer, os fornecedores temem ser trocados por companhias internacionais que já atendem à Boeing em outros países. “Nosso destino está atrelado à Embraer. Queremos ter algum nível de influência nessa negociação, porque estão decidindo a vida das nossas empresas e dos nossos empregos”, disse Cezar Augusto Teixeira, diretor do Ciesp.

O documento, que também é assinado pela Prefeitura de São José dos Campos e pelo Instituto Invoz, que tem como presidente de honra o ex-ministro Ozires Silva, um dos fundadores e ex-presidente da Embraer, diz que toda a indústria aeronáutica brasileira tem manifestado “irrestrito apoio ao sucesso das negociações” entre as duas companhias. Uma associação, segundo o manifesto, resultará em oportunidades de negócios para toda a base industrial aeronáutica. “Essa fusão pode trazer novos negócios para a Embraer e para seus fornecedores, além de acesso aos mercados que normalmente temos dificuldade de atingir”, complementa o diretor do Ciesp.

Pelos cálculos de Teixeira, a fusão entre as duas fabricantes de aviões permitirá às empresas brasileiras disputar o mercado mundial de fornecedores, que movimenta US$ 60 bilhões por ano. Desse montante, 40% são produzidos na América do Norte, 40% nos países europeus e 20% na China. Para Teixeira, que é sócio da Akaer, um grupo de sete empresas que fornecem sistemas de engenharia e componentes para as aeronaves da Embraer, a Boeing pode abrir o mercado para o Brasil, estimulando a criação de empregos de qualidade na região. Atualmente, a cadeia de fornecedores da Embraer emprega cerca 4 mil trabalhadores. “Se pegarmos participação de 1% ou 2%, podemos faturar acima de US$ 1 bilhão”, avalia o executivo.

De acordo com os empresários da região, desde que as duas fabricantes anunciaram o interesse em torno de uma cooperação comercial, em dezembro do ano passado, nunca a assinatura da parceria esteve tão próxima. Entre os pontos mais debatidos até agora está a preservação de informações de defesa e segurança da empresa brasileira, responsável pelo desenvolvimento dos equipamentos de controle de fronteira e pela fabricação de aviões para o Exército brasileiro.

A ideia do Ciesp é que o governo brasileiro, que é dono de uma ação de classe especial (golden share) que lhe assegura o poder de veto, interfira de forma a garantir que as fornecedoras continuem existindo. Para isso, sugere que seja criado um programa de capacitação e modernização com parâmetros de preço e qualidade dos equipamentos e produtos para atender ao mercado externo.

Segundo Teixeira, o setor não quer proteção, mas apoio institucional em uma fase de transição e até a possibilidade de negociar para que as empresas brasileiras participem da cadeia de fornecedores da fabricante norte-americana. “Não falamos em proteção, mas de apoio institucional, suporte, estrutura. Tem-se de preservar a indústria nacional e a cadeia.”
Para o presidente do Instituto Invoz, Manoel Oliveira, que foi o diretor financeiro da Embraer, o momento é de mobilização de toda a cadeia. “Assim como a Embraer, as empresas fornecedoras precisam de novos mercados para crescer. Sozinhas, não vão conseguir”, afirmou ele, lembrando ainda que a única forma de preservar empregos de alta qualidade é expandir mercados. “Nossa defesa é competir, e temos muita competência para isso”.

Oliveira, responsável pelo encontro entre fornecedores e ex-funcionários que resultou no manifesto, acredita que os termos da união entre as duas companhias devem sair nos próximos 15 dias. Segundo ele, as duas empresas precisam dessa fusão e a Embraer não pode perder esta oportunidade. “Queremos que o Brasil não dê um passo atrás”.

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