Estados membros da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) adotaram nesta sexta-feira uma resolução pedindo que todos os países do Oriente Médio adiram a um tratado mundial antinuclear, depois de um debate que evidenciou as profundas divisões entre Israel e as nações árabes.
Israel e os Estados Unidos se abstiveram na votação da resolução intitulada "Aplicações das Salvaguardas da AIEA no Oriente Médio", apresentada pelo Egito e endossada pela maioria dos países membros da agência — o órgão da ONU no campo nuclear.
Especialistas acreditam que Israel seja o único país do Oriente Médio com um arsenal nuclear, o que provoca frequentes condenações de nações árabes e do Irã.
O Estado judaico é o único país do Oriente Médio não signatário do TNP.
Israel e os Estados Unidos consideram o Irã — e em menor extensão, a Síria — como as principais ameaças de proliferação nuclear no Oriente Médio, e acusam o governo iraniano de tentar desenvolver em segredo a capacidade de produzir armas nucleares. O Irã nega as acusações.
"GESTO POSITIVO"
No entanto, o governo israelense acolheu como um "gesto positivo" a decisão dos países árabes, no encontro da AIEA, de não apoiarem uma resolução especificamente voltada contra Israel, de condenação a seu arsenal nuclear não declarado,
Delegações árabes já haviam antecipado que não iriam apresentar a resolução intitulada "As Capacidades Nucleares de Israel", como tinham feito nos encontros anuais da AIEA em 2009 e 2010.
Eles descreveram sua decisão como um "gesto de boa vontade", de preparação para as inusitadas conversações marcadas pela AIEA para o fim deste ano, como parte do esforço para livrar o mundo de armas nucleares. A expectativa é que tanto Israel como os países árabes compareçam a essa reunião.
"A decisão do grupo árabe de não apresentar este ano um esboço de resolução , quaisquer que tenham sido as motivações e restrições é…uma iniciativa positiva", disse o vice-diretor da comissão de energia atômica de Israel, David Danieli, no congresso da AIEA.
"No entanto, para criar genuína confiança entre todas as partes na região, isto tem de ser acompanhado no ano que vem da retirada permanentemente desse item decisivo da agenda do congresso", disse ele.
(Reportagem de Fredrik Dahl)