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Inserção da mulheres na carreira militar é lenta e tardia

Lorena Pacheco e Mariana Fernandes

Caracterizada pela presença predominantemente masculina, as Forças Armadas estão aos poucos começando a inserir a mulher em seu quadro de pessoal, mas a mudança é lenta e tardia. Para se ter uma ideia, foi apenas em dezembro do ano passado que a Lei 13.541/2017 foi assinada pelo presidente Michel Temer estabelecendo que as mulheres poderão ocupar somente agora todos os cargos de oficiais da Marinha, inclusive do corpo da Armada e o de Fuzileiros Navais, até então restritos a eles.

Até hoje, a Marinha sustenta o título de ser a única força militar que tem uma mulher oficial em seus quadros, a contra-almirante Dalva Maria Carvalho Mendes, que conseguiu alcançar o posto apenas por ser médica e fazer parte do Corpo de Saúde da Marinha. Com a mudança nas regras qualquer mulher poderá chegar a esse posto ou até mesmo a cargos superiores.

A capitão tenente Taryn Machado, do Comando do 7º Distrito Naval, acredita que a carreira militar para uma mulher proporciona muita aprendizagem, além de viagens e oportunidade de estar sempre se descobrindo e se desenvolvendo. "Não foi fácil passar no concurso, eram poucas vagas, mas temos que ter persistência em tudo na vida. Estudei três anos mas valeu muito", lembra.

Durante oito anos da carreira, Taryn trabalhou em um esquadrão de helicópteros, onde era a única mulher da equipe. "Sempre fui tratada como componente do grupo e sem distinção ou preconceito", diz.

Entretanto, ela é contra os concursos públicos limitarem as vagas para as mulheres. "Não acho que deva haver um número específico de mulheres em concursos. O que nos diferencia? Temos a mesma possibilidade de vencer".

Já para primeiro-tenente Grasiely Cardoso,também do Comando do 7º Distrito Naval, ser mulher na Marinha desperta admiração de muitas pessoas, principalmente de outras mulheres. "É muito gratificante servir nesta organização e incentiva a participação de mulheres em seus quadros. Sou feliz e muito acolhida", diz.

"O caminho é difícil. Mas, foi muita alegria ingressar na Marinha do Brasil e foi a realização de um sonho. Desde o curso de formação até o presente momento, cada dia eu aprendo com meus colegas de trabalho e meus superiores. O militarismo é uma escola para a vida, tenho certeza que carregarei muitos aprendizados tanto profissionais quanto pessoais desta Organização", comenta.

Foto: Alexandre Manfrim / MD

Em 2016, a Aeronáutica abriu sua primeira seleção pública para formação de cadetes femininas após 67 anos. Apesar do avanço tardio, a seleção reservou apenas 11% do total de vagas para candidatas (20 chances de 180) e, segundo o edital, caso todas as vagas oferecidas para mulheres não fossem preenchidas, elas seriam completadas pelos candidatos homens.

De acordo com a FAB, é importante enfatizar que não há distinção de gênero em seus concursos públicos, que mulheres concorrem a vagas sem restrições. Desde 1982, as mulheres já podiam ingressar na Aeronáutica, e a partir de 1996 também na Academia de Força Aérea podendo chegar até cargos de comandante. Na FAB existem atualmente cerca de 66 mil profissionais, em que 17% é mulher.

Apesar de já admitir desde 1992 a presença de mulheres em outras carreiras que não sejam da linha militar bélica, o Exército demorou mais de sete décadas para abrir o primeiro concurso que aceitou representantes do sexo feminino para formação oficiais combatentes, e ainda com exceções. O edital de 2016 também limitou as inscrições em 10% das vagas e as áreas de atuação delas se restringem a apenas duas, enquanto os homens podem optar entre sete especialidades. E o que não falta é interesse por parte delas. Só neste concurso, 12,5 mil candidatas se inscreveram para concorrer às 70 vagas disponíveis.

Na opinião, da capitão Mayara Azeredo Alves, de 34 anos, que desempenha função de adjunta da divisão de relações públicas do centro de comunicação do Exército Brasileiro a reserva de vagas destinadas a mulheres é uma grande conquista. "Essa reserva de vagas é uma grande oportunidade para que as mulheres possam fazer parte de áreas de trabalho que eram dominadas por homens, como ocorriacom a linha bélica no Exército.

Ela lembra que neste ano, as mulheres ingressaram na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), na Escola de Sargentos de Logística (EsLog) e no Centro de instrução de Aviação do Exército (CIAVEx), para integrarem, pela primeira vez, os quadros da área bélica, tanto no nível superior, quanto no técnico. "Uma vitória", comemora.

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