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ONU convida Brasil para integrar missão de paz na República Centro-Africana

Luciana Amaral

A Organização das Nações Unidas (ONU) formalizou na terça-feira (22) convite para que o Brasil integre a missão de paz na República Centro-Africana (Minusca). No documento, o Secretariado da ONU solicita pelo menos 750 militares da infantaria brasileira e pede que o governo dê uma resposta oficial até 15 de dezembro deste ano.

A decisão final sobre o envio ou não de tropas para a Minusca ainda dependerá de aval do Congresso e autorização do presidente Michel Temer.

O ministro da Defesa Raul Jungmann já havia mencionado a possibilidade de que o Brasil participe da Minusca , acrônimo para (Missão Integrada Multidimensional das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana) em ao menos duas ocasiões neste semestre.

Na cerimônia de encerramento da missão de paz do Haiti, realizada em outubro no Rio de Janeiro, ele afirmou que a República Centro-Africana era o destino mais provável para uma nova operação de paz do Brasil.

No último dia 17, durante visita a Washington, Jungmann disse que o Brasil enviaria cerca de mil soldados ao país africano. Ele não descartou que o Brasil assumisse o controle militar da missão, atualmente ocupado pelo Senegal.

Continuidade

Segundo fontes diplomáticas e das Forças Armadas, após 13 anos de participação na missão de paz do Haiti, o Ministério da Defesa e uma corrente do Itamaraty querem dar continuidade à participação de tropas brasileiras em missões de paz da ONU.

Os militares enxergam possibilidades de ganhos na área de treinamento de tropas e os diplomatas entendem esse tipo de missão como oportunidade de aumentar a influência internacional do Brasil.

Embora os custos de uma missão de paz dessa natureza sejam reembolsados pela ONU no futuro, os defensores da participação na nova missão terão que convencer parlamentares a desembolsar recursos em meio a dificuldades econômicas no Brasil.

E além do aval do Congresso, para que o projeto se concretize também será necessário vencer uma série de desafios logísticos. Diferente do que ocorreu no Haiti, a República Centro-Africana não tem litoral. Equipamentos pesados que não podem ser transportados de avião teriam que cruzar por terra longas distâncias dentro do continente africano.

Estudos de viabilidade da missão estão sendo feitos pelas Forças Armadas.

Violência sectária

A República Centro-Africana fica na região central do continente africano e faz fronteira com o Congo, com a República Democrática do Congo, com o Sudão do Sul, Sudão, Chade e Camarões. Ela é assolada pela violência de milícias islâmicas Seleka, contrárias ao governo.

A situação do país é agravada por violência sectária. Movimentos cristãos chamados anti-Balaka formaram milícias e disputas entre clãs se tornaram frequentes.

Diferente do que ocorreu no Haiti, quando as forças brasileiras foram as primeiras a chegar ao país sob a bandeira das Nações Unidas, a República Centro-Africana já é palco de uma missão de paz da ONU desde 2014 –a Minusca.

Se o Brasil decidir participar dela, vai fazer parte de um efetivo que atualmente tem quase 13 mil tropas internacionais. E o Brasil pode inicialmente não comandar a missão, como aconteceu no Haiti.

 

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