Claudia Trevisan
O Brasil deverá enviar tropas para a missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) na República Centro-Africana, disse nesta quinta-feira em Washington o ministro da Defesa, Raul Jungmann.
Segundo ele, o contingente será formado por 1.000 soldados, que chegarão ao país antes de meados do próximo ano, caso a proposta seja aprovada pelo Congresso.
O objetivo do Brasil é ter o comando da missão, mas isso dependerá de uma decisão da ONU, afirmou. Jungmann discutiu o assunto com representantes da organização na quarta-feira em Vancouver, no Canadá.
O próximo passo será a formalização do convite e sua submissão aos parlamentares brasileiros. Jungmann ressaltou que o Brasil construiu uma boa imagem nessa área nos 13 anos em que esteve à frente da missão de paz da ONU no Haiti, durante os quais 36 mil soldados brasileiros passaram pelo país.
Em sua opinião, a influência e o “ranking” internacional de um país são determinados em parte por sua participação nesses esforços. “Nós temos responsabilidades globais com a estabilidade e a paz no mundo.” O ministro disse ainda que o Brasil foi convidado para indicar o militar que assumirá o comando da missão de paz na República Democrática do Congo.
ONU reconhece profissionalismo do Brasil em Missões de Paz¹
A última agenda do ministro da Defesa, Raul Jungmann, em Vancouver (Canadá), na quarta-feira (15), foi uma reunião com o subsecretário-geral das Nações Unidas (ONU) para Operações de Paz, Jean-Pierre Lacroix.
Jungmann explicou ao representante da ONU que a próxima missão de paz das tropas brasileiras deverá ser definida pela Presidência da República e pelo Congresso Nacional.
Lacroix reconheceu o sucesso do Brasil na Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH) e disse que a organização precisa de países que tenham uma capacidade mais robusta para enfrentar os desafios da manutenção da paz. “Nós acreditamos que o Brasil tem potencial e experiência”, afirmou ele.
O subsecretário também disse que o nível de profissionalismo das tropas brasileiras é muito elevado e espera poder contar com este apoio para as próximas operações, já que para a ONU ficou bem claro que o Brasil fez a diferença nos 13 anos em que passou no Haiti. “Nós temos vários casos, em particular na República Centro Africana, em que precisamos de um grau de efetividade muito alto. Contamos muito com o apoio do Brasil”, conclui Lacroix.
O ministro da Defesa brasileiro participou da Reunião Ministerial de Defesa das Nações Unidas para a Manutenção da Paz, que ocorreu também no dia 15. O encontro reuniu cerca de 80 países, dos quais pelo menos 30 foram representados por ministros da Defesa. Durante o evento, foram discutidas estratégias que tornassem as operações de manutenção da paz mais ágeis, mais eficazes e mais focadas no campo.
Missões com participação do Brasil
Ao todo, o Brasil já participou de aproximadamente 50 missões das Nações Unidas, tendo enviado cerca de 50 mil militares ao exterior. Em outubro deste ano, o Brasil encerrou suas atividades na Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (MINUSTAH), que contou com a participação de tropas de outros 15 países, além do efetivo brasileiro de capacetes azuis da Marinha, do Exército e da Força Aérea.
Ao longo dos 13 anos em que os brasileiros estiveram no país caribenho, a população haitiana sofreu duas grandes catástrofes naturais. No dia 12 de janeiro de 2010, um terremoto causou a morte de mais de 200 mil pessoas. Em 4 de outubro de 2016, o furacão Matthew causou inundações e deixou milhares desabrigados. O apoio das tropas se mostrou imprescindível diante desses infortúnios.
Desde de 2011, o Brasil comanda a Força-Tarefa Marítima (FTM) da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), onde nossa Marinha mantém um navio e uma aeronave para impedir a entrada de armas ilegais e contrabandos naquele país, além de contribuir para o treinamento da Marinha libanesa.
Atualmente, o Brasil mantém observadores militares e oficiais de estado maior em missões no Chipre, na República Centro-Africana, no Saara Ocidental, na República Democrática do Congo, na Guiné Bissau, no Sudão e no Sudão do Sul. O Brasil permanecerá com suas Forças Armadas em condições de enviar efetivos para atuarem no exterior, especificamente em Missões de Paz sob o comando das Nações Unidas e observando os dispositivos legais que embasam a participação nacional em atividades desta natureza.
Confira a íntegra do discurso do ministro na sessão plenária “Protegendo aqueles em risco”, durante a Reunião Ministerial de Defesa das Nações Unidas para a Manutenção da Paz.
¹Por Adriana Fortes – Assessoria de Comunicação Ministério da Defesa