Uma cerimônia militar, com apresentação de blindados e até com tiros de festim, no 1º Regimento de Carros de Combate, deu as boas-vindas aos ministros da Defesa, Raul Jungmann, e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, General-de-Exército Sérgio Etchegoyen, que ficarão na cidade até o meio-dia desta quinta-feira.
Jungmann veio conhecer em detalhes qual a estrutura da 3ª Divisão de Exército, que ele mesmo reconheceu ter a maior concentração de blindados da América do Sul, e também verificar o andamento de projetos de investimento das Forças Armadas na cidade. Um dos principais é o Centro de Adestramento e Avaliação Sul (CAA-Sul), que receberá só em 2018 investimentos de mais de R$ 25 milhões na construção de mais um pavilhão e na compra de novos simuladores para treinamentos de militares de todo o país. Ele garantiu que esses investimentos em Santa Maria são prioridades e serão mantidos, apesar dos cortes orçamentários.
– Aqui não tem como descontinuar, aqui não tem como alongar o cronograma, porque como eu disse, aqui é o coração da capacidade de dissuasão do Exército Brasileiro – disse Jungmann.
A visita foi acompanhada pelo General-de-Exército Edson Leal Pujol, Comandante Militar do Sul, e o general-de-divisão Marcos Antonio Amaro dos Santos, comandante da 3ª DE.
– A Divisão Encouraçada é o mais poderoso núcleo de dissuasão às ameaças do Brasil. Aqui nós temos tecnologia de ponta e a mais poderosa das nossas unidades, tanto blindadas quanto mecanizadas. Eu poderia dizer que, em termos de todo o Sul do país, aqui é o coração do Exército Brasileiro – afirmou Jungmann.
Apesar das declarações do ministro, o projeto de expansão do CAA-Sul acabou tendo uma pequena prorrogação nos prazos. Mesmo assim, será construído um novo pavilhão para dobrar a área do CAA-Sul, que deve ficar pronto em 2019, ao custo de R$ 10 milhões. Também será concluída em dezembro, na unidade do Exército em Washington, nos EUA, a licitação internacional para compra de novos simuladores, que devem chegar ao centro de adestramento de Santa Maria no segundo semestre de 2018.
A primeira etapa deve custar 1,5 milhão de dólares, mas toda a compra contabilizará R$ 5 milhões de dólares. Esse novo sistema terá o que há de mais moderno na área, que é a chamada simulação viva, em que são colocados sensores de tiro nos fuzis, canhões e nos militares (que terão GPS), permitindo que uma batalha seja toda simulada em campo, mas sem a necessidade de dar um tiro real sequer – os disparos são feitos com raio laser, e o software permitirá detectar se um tiro acertou ou não o inimigo.
– Já economizamos só este ano R$ 150 milhões em munição (que deixa de ser disparada) com os treinamentos de militares do Brasil nos nossos simuladores. Com a nova tecnologia vamos conseguir uma economia de mais de R$ 200 milhões por ano a partir de 2019 – diz o comandante do CAA-Sul, coronel de cavalaria Rickmann Schmidt.
Na tarde desta quarta-feira, Jungmann conheceu simuladores e a estrutura do Centro de Instrução de Blindados, também no Bairro Boi Morto, que é um centro de ensino que prepara militares para operação de blindados e mecanizados, entre eles o Guarani. O cruz-altense Etchegoyen, que já comandou a 3ª DE em Santa Maria e conhece bem a estrutura da cidade, acompanhou a visita.
No final da tarde desta quarta, os dois ministros foram ao Recanto Maestro, em Restinga Seca, para palestras no 3º Seminário Internacional de Defesa (SEMINDE). Nesta quinta-feira, às 9h, Jungmann e Etchegoyen visitam o CAA-Sul.
Diário de Santa Maria – A alemã KMW, que fabrica os blindados Leopard comprados pelo Exército, instalou uma unidade aqui em Santa Maria. Como a vinda da KMW pode ser um atrativo para novas indústrias para Santa Maria, dentro dessa visão do Exército, nos últimos 10 anos, de tentar nacionalizar a produção?
Raul Jungmann – Santa Maria já tem um polo importante em termos de base industrial de defesa, de metalúrgica de precisão, de tecnologia e uma forte relação com a academia, com as universidades. A vinda de empresas tanto nacionais quanto estrangeiras para cá adensa a capacidade produtiva da região, lembrando sempre que a base industrial de defesa no Brasil é responsável, sozinha, por 3,7% do nosso PIB, ou seja, de toda a riqueza que nosso país produz ao longo de um ano.
Essa vinda é importante para adensar essa capacidade produtiva, tecnológica e de informação, e a nossa disposição é continuar motivando a nossa base industrial de defesa, porque ela gera empregos, impostos e também tem aplicações para toda a parte civil. Porque é bom lembrar, a indústria de defesa tem um papel dual. A internet que todos nós usamos foi concebida originalmente com a finalidade militar, e hoje ela eleva e multiplica a produtividade e gera a comunicação de praticamente todos os que vivem no planeta.
"Aqui está a nossa mais potente e poderosa unidade de blindados, inclusive da América do Sul"
Diário – Como a queda da arrecadação e os cortes orçamentários estão afetando os projetos das Forças Armadas, principalmente de entrega de novos blindados como o Guarani (de transporte de tropas), fabricado no Brasil pela Iveco? A entrega dos caças suecos Gripen da Saab também pode ser afetada por esses cortes ou ter a entrega atrasada?
Jungmann – Inequivocamente, problemas econômicos terminam se refletindo sobre impostos, que bancam os projetos estratégicos. Mas no caso específico dos blindados que estão sendo repostos, como o Guarani, nós vamos ter de empurrar mais para a frente, digamos assim, a obtenção da totalidade das encomendas, mas elas continuam acontecendo. No caso do caça, estamos já em fase de modelagem de ter um projeto piloto, que eu assisti voando lá em Estocolmo, na Suécia, mas caminha. E no caso do projeto estratégico de fronteira, o Sisfron, o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteira, nós temos recursos não como nós gostaríamos, não o que eu considero que seria o ideal, mas ele continua sendo desenvolvido.
Recentemente foi customizado, ou seja, você reduziu o seu custo de 20 para 12 bilhões (de reais), e é decisivo para a fronteira. Assim como também o projeto de submarino de propulsão nuclear da Marinha, e em 2018 nós ainda estaremos entregando o primeiro submarino totalmente produzido no Brasil, que é diesel e elétrico, de um total de quatro submarinos. Em que pese não ser o ideal, que o ritmo não seja aquele que nós gostaríamos, mas nenhum desses projetos foi descontinuado e eles seguem operantes.
Diário – O senhor acha que vai ser possível manter o mesmo ritmo de investimentos no Centro de Simulação CAA-Sul? E qual a importância desse projeto em termos de economia futura de recursos a partir desses treinamentos em simulação?
Jungmann – Aqui não tem como descontinuar, não tem como alongar o cronograma, porque como eu disse, aqui é o coração da capacidade dissuasória do Exército Brasileiro. Aqui está a nossa mais potente e poderosa unidade de blindados, inclusive da América do Sul, e nós não podemos perder capacidade operacional. Então, não vai haver nenhuma descontinuidade, e o atendimento e o abastecimento desse polo vão continuar.
Diário – Qual a importância em termos de redução de custos para treinamentos?
Jungmann – É decisivo. Hoje, em dia, mesmo tanques mais antigos têm um alto teor tecnológico, tudo isso é levado adiante com computadores, laser, GPS, em suma, com tecnologia de ponta. Então, ter aqui um centro de preparação de todo o Sul, que aqui está instalado, é decisivo para reduzir custos e simular condições de emprego de tropa e de blindados. Por isso mesmo a gente não pode descontinuar.
Diário – Na sociedade, existe um questionamento sobre os gastos que se tem para manter as Forças Armadas e a utilidade desses gastos. O que a presença das Forças Armadas acaba evitando?
Jungmann – É muito simples entender isso. Nós não temos nenhuma guerra entre Brasil e outro país há 147 anos. Agora, reduz a capacidade operacional das Forças Armadas, reduz a nossa capacidade de dissuasão, que quer dizer inibir qualquer tipo de ataque, reduza ela e as ameaças e os inimigos vão acontecer e vão ameaçar a nossa soberania e o nosso território. Por isso, defesa é dar condições de vida e de sobrevivência do Brasil.
Diário de Santa Maria – Como a queda da arrecadação e os cortes orçamentários estão afetandos projetos das Forças Armadas, principalmente de entrega de novos blindados como o Guarani (de transporte de tropas), fabricado no Brasil pela Iveco? A entrega dos caças suecos Gripen da Saab também pode ser afetada por esses cortes ou ter a entrega atrasada?
Raul Jungmann – Inequivocamente, problemas econômicos terminam se refletindo sobre impostos, que bancam os projetos estratégicos. Mas no caso específico dos blindados que estão sendo repostos, como o Guarani, nós vamos ter de empurrar mais para a frente, digamos assim, a obtenção da totalidade das encomendas, mas elas continuam acontecendo. No caso do caça, estamos já em fase de modelagem de ter um projeto piloto, que eu assisti voando lá em Estocolmo, na Suécia, mas caminha.
E no caso do projeto estratégico de fronteira, o Sisfron, o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteira (SISFRON), nós temos recursos não como nós gostaríamos, não o que eu considero que seria o ideal, mas ele continua sendo desenvolvido. Recentemente foi customizado, ou seja, você reduziu o seu custo de 20 para 12 bilhões (de reais), e é decisivo para a fronteira. Assim como também o projeto de submarino de propulsão nuclear da Marinha, e em 2018 nós ainda estaremos entregando o primeiro submarino totalmente produzido no Brasil, que é diesel e elétrico, de um total de quatro submarinos. Em que pese não ser o ideal, que o ritmo não seja aquele que nós gostaríamos, mas nenhum desses projetos foi descontinuado e eles seguem operantes.
Diário – O senhor acha que vai ser possível manter o mesmo ritmo de investimentos no Centro de Simulação CAA-Sul? E qual a importância desse projeto em termos de economia futura de recursos a partir desses treinamentos em simulação?
Jungmann – Aqui não tem como descontinuar, não tem como alongar o cronograma, porque como eu disse, aqui é o coração da capacidade dissuasória do Exército Brasileiro. Aqui está a nossa mais potente e poderosa unidade de blindados, inclusive da América do Sul, e nós não podemos perder capacidade operacional. Então, não vai haver nenhuma descontinuidade, e o atendimento e o abastecimento desse polo vão continuar.
Diário – Qual a importância em termos de redução de custos para treinamentos?
Jungmann – É decisivo. Hoje, em dia, mesmo tanques mais antigos têm um alto teor tecnológico, tudo isso é levado adiante com computadores, laser, GPS, em suma, com tecnologia de ponta. Então, ter aqui um centro de preparação de todo o Sul, que aqui está instalado, é decisivo para reduzir custos e simular condições de emprego de tropa e de blindados. Por isso mesmo a gente não pode descontinuar.
Diário – Na sociedade, existe um questionamento sobre os gastos que se tem para manter as Forças Armadas e a utilidade desses gastos. O que a presença das Forças Armadas acaba evitando?
Jungmann – É muito simples entender isso. Nós não temos nenhuma guerra entre Brasil e outro país há 147 anos (no continente). Agora, reduz a capacidade operacional das Forças Armadas, reduz a nossa capacidade de dissuasão, que quer dizer inibir qualquer tipo de ataque, reduza ela e as ameaças e os inimigos vão acontecer e vão ameaçar a nossa soberania e o nosso território. Por isso, defesa é dar condições de vida e de sobrevivência do Brasil.