O presidente da China, Xi Jinping, incentivou nesta terça-feira os países do grupo Brics a aprofundarem a coordenação em temas globais e buscarem uma ordem mundial mais “justa”, fortalecendo a representação de países emergentes e em desenvolvimento em organismos internacionais.
Reiterando que os mercados emergentes e em desenvolvimento têm sido o principal motor do crescimento global, Xi pediu que os Brics desempenhem um papel maior na aceleração das reformas de governança econômica e na promoção do comércio, especialmente porque riscos crescentes estão ofuscando uma recuperação global.
“Os países Brics deveriam pressionar por uma ordem internacional mais justa e sensata”, disse Xi na cúpula do grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
“Deveríamos trabalhar juntos para lidar com os desafios globais”.
Em seus comentários finais, Xi incentivou o grupo a lutar por mais “poder de representação” para nações emergentes e em desenvolvimento, que analistas dizem ser muitas vezes subrepresentadas em instituições globais como o Banco Mundial quando comparadas com o domínio dos Estados Unidos e da Europa.
A cúpula sediada na cidade litorânea chinesa de Xiamen deu aos anfitriões mais uma oportunidade de se posicionarem como baluartes da globalização diante da agenda “América em Primeiro Lugar” do presidente norte-americano, Donald Trump.
Xi pareceu refutar a resistência dos EUA a pactos internacionais –incluindo o acordo do clima de Paris– em um discurso separado feito mais cedo nesta terça-feira a líderes do Brics e outros países em desenvolvimento.
“Negociações comerciais multilaterais só obtêm progresso com grande dificuldade, e a implantação do Acordo de Paris encontrou resistência”, disse Xi.
“Alguns países se tornaram mais introspectivos, e seu desejo de participar da cooperação no desenvolvimento global diminuiu”.
Nas conversas sobre o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta), Trump procurou melhorar os termos para os EUA ameaçando abandonar o acordo, e disse que iria tirar seu país do Acordo de Paris.
Xi deu 500 milhões de dólares para um fundo de cooperação Sul-Sul para ajudar outros países em desenvolvimento a lidarem com a fome, os refugiados, a mudança climática e os desafios de saúde pública, além de uma promessa anterior de 80 milhões de dólares feito na cúpula para incentivar a cooperação entre os Brics.
“Os líderes dos países dos Brics estão determinados a trabalhar para outra ‘década de ouro’”, acrescentou o líder chinês.