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Inserção da Defesa como área científica traz perspectivas para o mestrado na FAB

Aspirante Timponi

Na quinta reportagem da série sobre a reestruturação do ensino, destacamos como a recente inclusão da Defesa como área de saber científico, pela CAPES, vai trazer novas perspectivas para o ensino da pós-graduação na Universidade da Força Aérea (UNIFA), contribuindo como atrativo para pesquisadores civis da academia.

A atual criação do doutorado profissional no País também traz perspectivas para o desenvolvimento de pesquisas avançadas no campo da Defesa brasileira. Essas mudanças irão afetar o mestrado profissional do Programa de Pós-Graduação em Ciências Aeroespaciais (PPGCA) da Aeronáutica, em termos de parcerias, crescimento e internacionalização.

A Defesa como saber científico

Em entrevista realizada sobre o assunto, o Vice-Reitor Acadêmico da UNIFA, Brigadeiro Intendente Tirre Freire, da reserva, analisou o que simboliza essa decisão para a FAB. “O segmento da Defesa é um assunto antigo, que possui concepções iniciadas com a criação de documentos, como a Estratégia Nacional de Defesa e o Livro Branco de Defesa.

Essa decisão vai fazer com que os processos da Defesa sejam melhor recebidos, agora com roupagem civil no segmento acadêmico, promovendo uma integração do ambiente militar com a sociedade como parte do processo”, afirmou.

O Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da UNIFA, Coronel Aviador Hudson Ávila Diniz, complementou como a novidade vai trazer integração entre pesquisadores civis com as temáticas militares. “A medida vai nos levar a ter pesquisadores para pensar especificamente no poder aeroespacial, mais sensíveis aos temas de defesa e segurança nacionais, sejam militares ou civis, o que irá contribuir estrategicamente para a abertura de vagas para pensadores na área de segurança do País, para pessoas capacitadas a preencher vagas no Ministério da Defesa”, destaca.

Aprovação da modalidade doutorado profissional pelo MEC
 

Brigadeiro Tirre Freire analisa futuras parcerias internacionais para a UNIFA

Outra novidade é a recente portaria divulgada pelo Ministério da Educação, n° 389, de 23 de março de 2017, que institui, no âmbito da pós-graduação stricto sensu, a modalidade do doutorado profissional, até então não existente no Sistema Nacional de Pós-Graduação.

A portaria tem o objetivo de capacitar profissionais qualificados para o exercício da prática profissional avançada, visando atender demandas profissionais e do mercado de trabalho; transferir conhecimento para a sociedade, por meio da solução de problemas e aplicação de processos de inovação apropriados; além de contribuir para aumentar a produtividade em empresas, organizações públicas e privadas.

A importância da abertura da pesquisa para o doutorado profissional traz perspectivas para o futuro desenvolvimento da UNIFA. “Pretendemos submeter um projeto de doutorado ao Alto-Comando da Aeronáutica.

Após a avaliação e decisão primeira do comandante em relação ao doutorado, a ideia é que, na sequência, passe pela análise para autorização do Comando-Geral do Pessoal e da Diretoria de Ensino, para que, em nosso planejamento, possamos, ao final do processo, realizar a submissão de um projeto junto à CAPES”, explica o Brigadeiro Tirre Freire.

A proposta de envio, segundo informou o Comandante, é no segmento de Ciências Aeroespaciais, área de maior expertise da UNIFA, que possui credenciamento pela CAPES, desde 2012, além de esse ser um dos pré-requisitos necessários para a aprovação e o reconhecimento acadêmico externo na futura implantação de um programa de doutorado na UNIFA.

“O curso do PPGCA existe desde 2004. Isso significa um processo que foi maturado ao longo dos anos. Nesse sentido, o alcance da concepção do doutorado significa coroar o processo iniciado na decisão de implantação do mestrado por autoridades no passado na FAB, além de ser uma oportunidade de realização do primeiro programa com doutorado oficial pela CAPES, realizado pelas escolas de pós-formação da Aeronáutica", ressalta o Oficial-General.

Parceria universitária entre os mundos civil e militar

A integração entre o mundo civil e o militar foi iniciada por uma série de parcerias da UNIFA em atuação junto às universidades de reconhecimento nacional.

Destacam-se as parcerias com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), além de outras escolas militares, como a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. “No País, temos duas parcerias que se destacam. No trabalho conjunto com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica [ITA], universidade de renome internacional, através do Laboratório de Biotecnologia, os pesquisadores da UNIFA desenvolvem com os pesquisadores do ITA novos mecanismos para dar suporte aos futuros combatentes, de forma a prover a aplicação de novas tecnologias no auxílio da missão. Já na UFRJ, a parceria ocorre junto à graduação em Gestão de Defesa e os alunos da universidade têm a possibilidade de realizar estágio na UNIFA, promovendo uma maior troca entre o mundo civil e militar. Este ano já realizamos esse estágio no primeiro semestre e a intenção é de renovação do processo para o segundo semestre”, complementa o Brigadeiro Tirre Freire.

A intenção dessas parcerias e integrações é contribuir para a otimização os recursos humanos. “A reestruturação almeja integrar os processos, para tornar a Força Aérea mais moderna, mais flexível, mais ágil e mais econômica, utilizando melhor os recursos humanos e materiais”, avalia o Coronel Aviador Hudson Diniz.

Internacionalização como perspectiva

Entre os planos futuros da UNIFA está o interesse de internacionalização do programa de mestrado da instituição. "Esperamos que, daqui a quatro anos, o nosso programa já seja reconhecido internacionalmente. Há alguns anos tentamos, via Estado-Maior da Aeronáutica, uma aproximação com a Air University, da Força Aérea Americana. Também estamos abertos e atentos a oportunidades na América Latina, como em parcerias com a Argentina e com o Chile”, frisa o Coronel Hudson Diniz.

Na internacionalização, o PGCA da Força Aérea Brasileira já possui a publicação do livro Culture and Defense in Brazil, desenvolvido em parceria com a Universidade norte-americana Air University.

O interesse da FAB na internacionalização parece ganhar maior peso no planejamento. "A partir de 2019, é nossa pretensão oferecer um curso que ocorra simultaneamente com o da Escola de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica, recebendo alunos internacionais, como os Oficiais das Nações Amigas. Estamos indo ao encontro de universidades internacionais para, futuramente, entrar no processo de solicitação de autorização de acordos bilaterais com os países. Devemos receber futuros alunos de outros países na nossa universidade, completando o processo de internacionalização”, finaliza o Brigadeiro Tirre Freire.

Pesquisa realizada em Laboratório Aeroespacial, no ITA

Fotos: Sargento Batista e Cabo Feitosa / Agência Força Aérea – FAB

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