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Informe Otálvora: Governos alertas pela militarização do Chavismo

 Edgar C. Otálvora

@ecotalvora

As eleições presidenciais da Colômbia acontecerão em 27MAIO2018, e os acordos com a guerrilha polarizam as discussões novamente. As FARC disseram que seus comandantes não dariam a luz verde para que Piedad Cordoba, operadora internacional do castrochavismo lançasse a sua candidatura a partir de Cuba. Apesar da supervisão da ONU, na Colômbia suspeitam que as FARC não entregaram todas as suas armas, e violaram o acordo. A percepção é que as FARC são na prática uma organização armada fazendo política.

A suspeita cresceu depois que o candidato presidencial Juan Carlos Pinzón, tuitou, em 27JUN2017, que "é um erro celebrar a entrega das armas, como se fosse tudo. É claro que as FARC e dissidências têm armas. " O autor do twitter era vice-ministro da Defesa quando o chefe do ministério era o próprio Santos. Finch foi secretário do Presidente, Ministro da Defesa e embaixador em Washington, posições exercidas no governo Santos. Talvez seja um estratagema eleitoral, mas Finch deu um duro golpe para a confiabilidade dos convênios do seu ex-chefe com as FARC

 

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Em Huairou, cercanias de Pequim, em 15MAIO2017, enquanto mais de trinta líderes mundiais aguardavam a chegada de Vladimir Putin para o fórum "Um caminho para a Cooperação Internacional" organizado pelo governo chinês, o presidente da Argentina Mauricio Macri teve uma conversa informal com colegas de Chile e Espanha, a socialista Michele Bachelet e o centrista Mariano Rajoy. De acordo com a versão de um membro da delegação Argentina vazada para o jornal argentino Clarin, o tema da conversa entre o chileno, argentino e espanhol foi a Venezuela foi: o que fazer com Venezuela? "Venezuela se transformou em um desastre", como ajudar a resolver a crise?

A resposta dos três foi a realização de eleição presidencial na Venezuela, que as manifestações naqueles dias alcançavam o segundo mês de protestos populares. Por essa época ainda havia esperança de chegar a um acordo no âmbito da OEA para criar um quadro multilateral e a ação institucional na Venezuela. A reunião da OEA, de 19JUN2017, em Cancun, no entanto, essa opção fracassou. O regime chavista é irredutível em suas posições rejeitando qualquer gestão internacional que envolva negociar mudanças políticas no país. A aplicação de sanções unilaterais são avaliadas ??em diversas capitais da região ante a alternativa de criar um "grupo de amigos" para promover a negociação na Venezuela. As questões de Bachelet, Macri e Rajoy feitas na China, em meados de maio, na Venezuela parecem ainda permanecem sem resposta.

 

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Dois meses após a conversa dos três líderes na China, em 28JUN2017, a vice-presidente espanhola Soraya Saenz de Santamaria visitou o Vaticano representando seu governo no no evento em que o Papa Francisco nomeava um novo cardeal espanhol. A segunda autoridade do governo da Espanha se reuniu com o secretário de Estado do Vaticano Cardeal Pietro Parolín, com quem discutiu a questão sensível do separatismo catalão, mas também trocaram informações e pontos de vista sobre um tema não-espanhol, mas de relevância para o Vaticano, a Venezuela. Dois dias antes Sáenz visitar o Vaticano, o Papa Francisco e o Cardeal Parolin receberam o núncio de Caracas, Dom Aldo Giordano, que foi chamado para informar e receber instruções diretas sobre suas atividades na Venezuela.

O governo Rajoy, que ao longo do último ano, dá apoio logístico e político para os esforços de Jose Rodriguez Zapatero, na Venezuela, é pessimista sobre os sinais vindos de Caracas e assim disse a vice-presidente Sáenz ao seu correspondente no Vaticano. Do outro lado do Atlântico, quase ao mesmo tempo, a ex-governadora da Carolina do Sul e agora representante dos EUA na ONU, Nikki Haley, compareceu perante a Comissão Relações Exteriores da Câmara dos Deputados de seu país de. Haley disse que "temos de manter a pressão sobre Maduro, há sinais de que vai agora começar a usar o as armas e o seu poder militar, e o que vemos na televisão se transformará no pior."

 

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No dia seguinte, quinta-feira, 29JUN2017, o ministro das Relações Exteriores da Espanha, Alfonso Dastis Quecedo, foi recebido em Washington pelo secretário de Estado Rex Tillerson. De acordo com fontes de ambos os governos o "tema Venezuela" foi objeto de atenção na reunião. O espanhol, ao falar com repórteres após o encontro com Tillerson disse que "temos de continuar a aumentar a pressão sobre a Venezuela para voltar a ser uma democracia, libertar presos políticos e ter eleições realmente livres, universal e secreta".

As palavras da embaixadora americana Haley e o ministro espanhol Dastis revelou uma notável mudança na percepção internacional sobre a situação na Venezuela: já não é um país onde duas forças políticas estão se enfrentando e requerem apoio externo para o diálogo e chegarem a acordos de coexistência. A Venezuela deixou de ser uma democracia e está caminhando para uma ditadura militar: essa é a avaliação do mundo diplomático.

Na verdade, o vice-secretário-assistente para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Michael Fitzpatrick, em entrevista coletiva telefone a partir de México, em 19JUN2017, disse que a grande presença de militares no governo venezuelano evocou as "juntas militares" que eram comuns nas ditaduras na América Latina. "Em outros momentos no passado nas Américas, todos nós sabemos como é chamado este tipo de regime. Uma ditadura, uma chamada ditadura militar", disse Fitzpatrick.

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"A violação sistemática do princípio da separação de poderes é uma das provas mais evidentes da situação autoritária na Venezuela", disse um comunicado oficial do Brasil.

"O México faz uma chamada forte (…) para restaurar o funcionamento das instituições democráticas", lia-se em um comunicado do governo mexicano.

"A situação prevalecente na Venezuela continua a se deteriorar", disse o porta-voz do Ministério do Exterior da França.

"O processo de convocação da Assembleia Constituinte neste momento não contribui para a coesão social na Venezuela", disse um comunicado do governo da Colômbia.

Todos esses pronunciamentos foram emitidas em 28JUN17, o mesmo dia em que cinco homicídios em manifestantes Venezuela foram registrados, elevando o número para mais de cem vítimas em três meses de manifestações.

 

Na sua declaração, o Ministério das Relações Exteriores colombiano foi particularmente específico ao rejeitar "agressões verbais e físicas cometidas pela Guarda Nacional (GNB) contra deputados e jornalistas que estavam nas instalações da Assembleia Nacional." A partir do Palácio de San Carlos, sede do Ministério das Relações Exteriores da Colômbia, a condenação aberta da ação militar contra o parlamento venezuelano registrado no dia anterior, quando as tropas cuja finalidade é proteger a sede da Assembleia Nacional, violentamente confrontado um grupo de deputados dentro do próprio Palácio Federal a partir de grupos partidários do governo fora jogou dispositivos explosivos dentro do prédio histórico.

A cereja no topo do dia colocou a cabeça do guarda regimento, um coronel da Guarda Nacional, que gritou e empurrou tão humilhantemente ao Presidente da Assembleia Nacional. Imagens ultrajantes foram registradas pelo próprio e amplamente divulgado nos meios de comunicação estatais e corpo militar, tudo sob o controle do chavismo. A violência militar contra o presidente do parlamento venezuelano foi homenageada e recompensada pelo governo.

Na noite de 29JUN17, Nicolás Maduro entregou o prêmio "Cruz da Guarda de Honra", ao Coronel Vladimir Lugo, em uma cerimônia no auditório do Ministério da Defesa, seguindo a tradição iniciada por Hugo Chávez para recompensar as figuras militares que ganharam notoriedade pelas ações de  repressão aos protestos. Lugo também recebeu de seus colegas de armas a "Cruz da Guarda Nacional." Maduro condecorou a bandeira do regimento que tinha invadido o edifício da Assembleia Nacional, que poucas horas antes teve violenta discussão contra os políticos da oposição.

 

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No dia 01 Julho 139 oficiais foram promovidos ao posto de Almirante e Generais

O Chavismo nunca foi um movimento democrático, que procurasse ganhar eleições e viver em um modelo político pluralista. O Chavismo começou como um projeto com intenções hegemônicas. A ascensão de Hugo Chávez em 1999 através de eleições foi precedida por debates amargos dentro do movimento. Quais os caminhos para tomar o poder. Hoje sabe-se que os ativistas civis chavistas, que vieram das organizações de extrema esquerda, como Nicolás Maduro, apoiaram a tese da luta armada, cedendo gradualmente à medida que Chávez foi ganhando as batalhas eleitorais. Maduro ameaçou, em 28JUN2017, de o chavismo recorrer ao habitual uso das armas se a "revolução bolivariana" for desalojada do poder.

Mas desta vez acrescentou uma frase: “o que não se pode obter com os votos o faremos com as armas”. A declaração televisionada de quem ocupa o cargo de Comandante em Chefe das Forças Armadas foi feita em um contexto de repressão brutal que gerou dezenas de mortes, centenas de prisioneiros muitos deles julgados em tribunais militares e milhares de feridos em todo o país com garantias constitucionais suspensas desde Janeiro de 2016 e Maduro legislando por decreto contando com o apoio da hierarquia militar e controle do Supremo Tribunal e do Conselho Eleitoral. Maduro com as ameaças tornava realidade as piores hipóteses das chancelarias do continente e centros de análise política internacional que avaliam o futuro imediato da Venezuela.

Vídeo de ação da Guardia Nacional Bolivariana (GNB) divulgado por Henrique Capriles @hcapriles

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