O Exército Brasileiro tem investido, com mais frequência, nos últimos anos, em sistemas de simulação que permitem capacitar militares em diferentes aéreas, racionalizando recursos e trazendo mais possibilidades aos treinamentos. O Comando de Operações Terrestres (COTER) possui, em sua 1ª Subchefia, uma Divisão de Simulação de Combate, responsável por gerenciar o Sistema de Simulação do Exército com foco no preparo da Força Terrestre.
De modo geral, durante as simulações, os militares participam de representações artificiais de atividades ou eventos reais. Para isso, podem ser utilizados sistemas informatizados, mecânicos, hidráulicos ou a combinação desses sistemas. Além disso, as simulações podem ser “vivas”, com pessoas e sistemas reais; “virtuais”, com pessoas reais e sistemas virtuais; e “construtivas”, com tropas e sistemas simulados.
Utilizar simulações no adestramento é uma tendência mundial da área de defesa. Segundo o Major Reynaldo Cayres Minardi Júnior, da Divisão de Simulação de Combate do COTER, embora não substituam os treinamentos reais, as simulações possibilitam que o militar, sendo treinado, precise repetir menos vezes a atividade, gerando mais segurança e menor desgaste dos equipamentos, por exemplo.
“Haja vista a quantidade de recursos tecnológicos que são empregados hoje em dia nos armamentos, equipamentos e viaturas, a gente não pode se dar ao luxo de partir para o treinamento real sem que aquele militar tenha o mínimo de capacitação”, enfatiza o Major. Exemplo disso são os simuladores utilizados para treinar motoristas para viaturas Guarani e os simuladores de tiro.
Outros benefícios do uso de simulações são a redução do impacto ambiental e os múltiplos cenários que podem ser criados no ambiente virtual para treinar os militares em diversas funções e no apoio à decisão, com ferramentas de análise. “Imagina a dificuldade de movimentar tropas, viaturas, equipamentos para o interior de um ambiente urbano. A gente consegue fazer isso no sistema de simulação”, ilustra o Major Cayres.
Evento aberto ao público terá exposição de sistemas de simulação
Entre os dias 20 e 22 de junho, a Conferência de Simulação e Tecnologia Militar será promovida em Brasília, no Quartel-General do Exército. Mais de 3 mil visitantes, entre militares, empresários e acadêmicos, devem passar pelas exposições da Conferência e de palestras especializadas que ocorrerão em paralelo. A previsão é de que 25 empresas apresentem soluções para os sistemas de simulação de combate. O evento é aberto ao público, com entrada gratuita.
Operação "Ares": Simulação na Artilharia de Campanha
No período de 22 a 26 de maio, foi desencadeada, nas instalações do Simulador de Apoio de Fogo do Centro de Avaliação de Adestramento Sul, em Santa Maria (RS), a Operação "Ares". Com a atividade, foi possível, pela primeira vez, exercitar as ações de planejamento e coordenação de fogos desde o nível Força Terrestre Componente (FTC) até o nível Grande Unidade, pela ativação doutrinária do Comando de Artilharia da Força Terrestre Componente (CAFTC), a partir do Comando de Artilharia do Exército (Cmdo Art Ex).
Essa foi a oportunidade de reunir mais de 40 oficiais de artilharia para discutir novas demandas doutrinárias inseridas em diversos manuais do Ministério da Defesa e do Exército Brasileiro, sobretudo o novo manual de Planejamento e Coordenação de Fogos, em estágio final de homologação pelo Centro de Doutrina do Exército.
Assuntos como a busca de alvos, a coordenação de meios não-cinéticos, o tiro em área humanizada, o emprego dos mísseis, foguetes e munições especiais, a coordenação do espaço aéreo, o novo fluxo de planejamento (D3A – decidir, detectar, disparar e avaliar) e seus documentos correlatos foram amplamente estudados e discutidos.
Devido ao processo de reestruturação pelo qual o Sistema de Artilharia de Campanha vem passando, a Operação Ares trabalhou já com um Sistema de Artilharia de Campanha moderno e reformulado. O emprego de obuseiros de 39 calibres, com sistema de navegação e controle de tiro, com fluxo digital de dados entre diversos subsistemas, permite diferencial rapidez na abertura do fogo, obtendo tiros mais profundos, mais letais e com maior precisão. Isso tudo demanda a compulsória atualização do conhecimento pelos profissionais de Artilharia do Exército Brasileiro.
Durante a Operação, foram trabalhados aspectos relevantes, como modernidade, doutrina, rapidez, adestramento, letalidade e precisão, para a busca do Sistema de Artilharia de Campanha que se deseja para a Força Terrestre Brasileira.
Coordenada pelo Cmdo Art Ex, a Operação reuniu, ainda, o Comando da Artilharia Divisionária da 3ª e da 5ª Divisão de Exército (AD/3 e AD/5); o 6º Grupo de Mísseis e Foguetes; o 3° e o 16º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado; o 6º e o 13º Grupo de Artilharia de Campanha; além de representantes do Comando de Operações Terrestres (COTer), do Centro de Instrução de Blindados e da ALA 4, da Força Aérea Brasileira.