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Portugal avalia cargueiro da Embraer

Daniela Fernandes

A Embraer poderá anunciar em cerca de 90 dias a primeira venda para o governo de Portugal do novo cargueiro militar KC-390. As negociações vão começar rapidamente, após o conselho de ministros de Portugal ter aprovado, na semana passada, urna resolução que autoriza o início das discussões com o fabricante brasileiro para a aquisição do modelo.

"Prevemos ter no prazo de cerca de 90 dias a oficialização desse interesse por meio de um contrato firme que vai estabelecer todas as regras da operação, como preços, características do avião e o prazo de entrega", afirmou Jackson Schneider, vice-presidente da área de defesa e segurança da Embraer.

O KC-390 será exibido a partir de hoje no salão da aeronáutica de Le Bourget, nos arredores de Paris, a maior feira de aviação do mundo, que reúne mais de 2 mil expositores. "0 mercado está bastante interessado em conhecer o KC-390.

Delegações internacionais de vários países vão visitar nosso estande e ter reuniões com as nossas equipes", afirma Paulo Cesar de Souza e Silva, presidente da Embraer. A companhia não prevê, no entanto, anunciar alguma venda do avião militar durante a feira parisiense, que vai até domingo.

Se o negócio com o governo de Portugal — que prevê a aquisição de cinco aeronaves KC-390, com opção de mais uma — for concluído, será a primeira venda do cargueiro para um país estrangeiro. O avião está em fase final de testes e inicia o processo de certificação.

Na semana passada, o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, participou de um voo do KC-390 entre São Paulo e Rio de Janeiro, conta Souza e Silva. "Temos realmente a expectativa de assinar ainda neste ano o primeiro contrato dessa aeronave", afirma, se referindo a um país estrangeiro.

Até o momento, a única encomenda foi realizada pelo governo brasileiro que adquiriu, por R$ 7,2 bilhões, 28 unidades. A primeira será entregue em 2018. As discussões com Portugal são as mais avançadas, mas há pelo menos um outro país, provavelmente do sudeste asiático, onde as conversas para um futuro contrato também estão em fase adiantada.

Mais de dez países, diz Schneider, iniciaram conversas com a Embraer sobre o novo cargueiro que poderão, eventualmente, resultar em vendas. "Existem diferentes estágios de interesse por parte de vários países", ressalta.

A novidade é que países do sudeste asiático e Oriente Médio se somaram a interessados já conhecidos, como Chile, Colômbia, República Checa e Argentina, que enviaram cartas de intenções, e a Nova Zelândia, onde a Embraer disputa uma concorrência pública.

Após ser exibido no salão da aviação de Paris, o KC-390 (que antes de chegar a França passou pela Suécia) irá iniciar um tour, de mais de 40 dias, que passará por Portugal, Oriente Médio e o sul da Ásia e irá até a Nova Zelândia. O vice-presidente da área de defesa irá apenas para um país do sudeste asiático, o que sugere que nesse mercado, que ele não informou qual, as negociações estariam avançadas.

O presidente da Embraer se diz bastante otimista em relação à feira em Paris. Pela primeira vez, a companhia apresenta em Le Bourget, ao mesmo tempo, modelos de defesa (o KC-390), de aviação comercial, com o 195 E-2 — sua maior aeronave nesse segmento, com capacidade para até 146 assentos — e de aviação executiva, com Legacy 450.

"Acho que será uma feira excelente para a Embraer", destaca Souza e Silva. "Há várias negociações em andamento e esperamos realmente ter um bom ano. Nosso otimismo é muito grande porque existe um forte interesse do mercado", completa. No último salão de Le Bourget, em 2015, a Embraer anunciou a venda de 103 aviões, sendo 50 pedidos firmes. Anúncios de vendas poderão ser feitos a partir de amanhã.

O otimismo da Embraer contrasta com a visão de outros grandes fabricantes. "Este ano será bastante desacelerado para as encomendas da Airbus, como para a toda indústria", estimou recentemente John Leahy, diretor de vendas da Airbus.

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