Alexandre Gonzaga
O Comandante Superior das Forças Armadas francesas na Guiana, major-brigadeiro Pierre-Jean Dupont, esteve nesta quarta-feira (19) no Ministério da Defesa (MD) para discutir possibilidades de ampliar a cooperação nas fronteiras, entre o Brasil e a Guiana Francesa.
As Forças Armadas francesas querem ampliar a cooperação, especialmente, com a troca de informações entre os agentes governamentais, no combate aos crimes transfronteiriços, proteção ao meio ambiente e no controle de doenças tropicais.
"Avançamos muito nas operações combinadas franco-brasileiras", disse o comandante francês, no início da reunião.
Representando a parte brasileira na reunião, o subchefe de Assuntos Internacionais do MD, major-brigadeiro Jair Gomes da Costa Santos, relatou que o País sempre está atento a novas oportunidades de colaboração conjunta com os vizinhos. "O Brasil e a França tem uma relação bastante estreita, mas podemos discutir novas formas de cooperar", acrescentou brigadeiro Santos.
O subchefe de Operações Conjuntas do MD, brigadeiro Hudson Costa Potiguara, explicou ao comandante francês que o Brasil anunciou recentemente uma nova política de combate aos crimes transfronteiriços, o Programa de Proteção Integrada de Fronteiras. "Nossas operações agora são de curta duração e pontuais, porém mais eficazes.
Podemos pensar em novas operações combinadas", argumentou o brigadeiro Potiguara. A França também mostrou interesse na participação de aeronaves brasileiras de patrulha marítima nas operações coordenadas de combate à pesca ilegal na área marítima entre os dois países.
A Guiana Francesa possui 630 km de fronteira com o Brasil. "Temos a maior fronteira terrestre fora da França", completou o brigadeiro Dupont. Atualmente, as Forças Armadas francesas mantém na Coletividade Única da Guiana – denominação política a partir de 2015 – cerca de 2,2 mil militares. A principal missão das forças francesas é dar proteção ao Centro Espacial.
O componente aéreo da França possui 12 aeronaves no território guianense, entre aeronaves de asa fixa e helicópteros que prestam apoio logístico em operações. Já a força naval deve agregar em breve à sua frota na região mais três novos navios. O major- brigadeiro Dupont aproveitou para informar que um desses novos navios devem ir a Belém, no Pará, assim que chegarem na Guiana Francesa.
Na sua apresentação, o comandante francês falou um pouco sobre as operações realizadas na Guiana Francesa. A mais importante delas, segundo o brigadeiro Dupont, a Operação Titan monitora e protege, em conjunto com as três forças armadas francesas, o Centro Espacial de Kourou. Aproximadamente 450 militares no terreno oferecem segurança à base de lançamento.
Outra atividade exercida pelas forças francesas é de combate a mineração ilegal, principalmente, a extração e o contrabando de ouro na região. Somente no ano passado, a Operação Harpie, que reprime este tipo de ilícito, apreendeu 1 milhão de euros em materiais utilizados em garimpos clandestinos. "Nesta ação, trabalhamos em conjunto com os militares brasileiros", explicou comandante.
Ainda de acordo com o brigadeiro Dupont, a edição da Harpie 2016 recolheu, em garimpagem ilegal, 6 toneladas de ouro. Além disso, a marinha francesa faz repressão também a pesca ilegal com o controle e a fiscalização de embarcações na costa marítima. No ano passado foram apreendidos 270 km de redes, 110 toneladas de peixe na pesca ilegal e 35 embarcações apreendidas.
Para finalizar, o comandante superior apresentou alguns resultados das ações conjuntas entre o Brasil e a França no combate a crimes transfronteiriços. Em 2016, os dois países realizaram 37 ações e 10 patrulhas navais, com postos de controle fluvial.
O subchefe de Política e Estratégica do MD, almirante Carlos Eduardo Arentz, fez uma apresentação "Os Desafios no Atual Contexto Estratégico da América do Sul".
Participaram ainda da reunião, o coronel Laudercy de Aguiar Dias, da Subchefia de Inteligência Operacional; o capitão-de-fragata Sérgio Cysne Vieira de Sousa Filho, da Subchefia de Assuntos Internacionais do MD; o adido de defesa e aeronáutico da embaixada da França no Brasil, coronel Charles Orlianges; e a oficial de relações internacionais do Comando Superior da Guiana Francesa, tenente-coronel Sylvie Gonçalves.